CAPÍTULO TREZE.

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Percebi uma atmosfera diferente quando sentei-me ao lado de Karen, no café da manhã.

― Onde estão Reilly e Petal? ― perguntei, estranhada.

― Reilly está trancada no banheiro, e Petal... ― Steven parou de falar, olhando para Karen, como se pedindo ajuda.

― No hospital da Erudição ― disse Karen.

― Como assim no hospital? ― perguntei, olhando para os outros, que olhavam para o prato do café da manhã.

― A gente tava voltando para o dormitório ontem. Ela começou a tossir sangue no meio do corredor. Na mesma hora, a Trudie pediu para ficarmos com ela, enquanto saía para chamar alguém da Erudição ― contou Todd.

― Mas... O que ela tem? ― perguntei, chocada. Eu nunca tinha ouvido falar sobre isso.

― Ninguém sabe ― disse Karen ― Quero dizer, eu nunca conheci alguém que passasse por algo assim. Mesmo uma gripe é algo bem raro de acontecer.

― Meu Deus ― murmurei.

― Trudie passou a noite lá e vai nos dizer mais tarde ― disse Steven ― Quem sabe, eles deixam a gente ir lá, vê-la. Deve ser um tédio ficar olhando para as paredes...

― Eles devem ter dado algum livro para ela se distrair ― disse Nolan, despreocupado.

― Isso se ela estiver acordada ― retrucou Mischa.

― Ela já não estava muito bem ― murmurei ― Derrubando o copo e tudo... Talvez estivesse assim antes mesmo de vir para cá.

― Estranho, a Erudição é fresca o suficiente para esterilizar todas as paredes e chãos de lá ― disse Mischa, franzindo o cenho.

― Talvez... Seja alguma doença que não se pegue assim ― sugeriu Steven, a palavra "doença" era muito estranha para nós.

― O máximo que já me aconteceu foi uma cobra ter me mordido e termos que ir até o hospital para tomar o soro ― eu disse.

― O máximo que já me aconteceu foi eu ter torcido o pé depois de uma corrida ― disse Mischa ― Eu tive que ir para a sede da Audácia do modo mais humilhante possível...

Revirei os olhos. Qualquer pessoa normal teria ido à pé, em vez de correr feito doidos para aquele trem.

― Sério, como você já considerou ser médica? ― perguntou Karen, virando-se para mim ― Quero dizer, tirar o sangue da pessoa para encontrar um antídoto... Seja lá o que a Petal tiver.

― Eu só quero ajudar as pessoas, não importa como seja ― respondi.

Olhei para o nosso grupo mais uma vez, antes de empurrar minha bandeja para a frente e me levantar.

― Onde você vai? ― perguntou Karen.

― Tomar um ar ― dei de ombros.

No meio do caminho, passei na sala de estar (como apelidamos, já que passávamos a maior parte do tempo lá) e peguei algumas pastas. Depois, segui ate'a praça, onde bebemos, na nossa primeira noite aqui.

Sentei-me em um banco e coloquei as pastas ao meu lado.

A primeira que peguei estava classificada como "caso de deserção". Um garoto da Erudição sofreu de amnésia anterógrada crônica. Ele se lembrava do que aconteceu antes do trauma, mas não lembrava nada de depois. A cada dia que se passava, ele esquecia o que tinha acontecido. Por esse motivo, os médicos consideraram que ele seria incapaz de viver na sociedade, e o deixaram para viver com os sem facção.

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