SEGURANÇA

18 2 0
                                    

*Kathy*

Naquela tarde o sol estava a pôr-se, por isso os raios solares estavam na horizontal o que dificultava a minha visão e a de Victor.
Vi, na entrada do beco, duas sombras cada vez mais perto, o meu coração começou a bater a mil. Assustada, dei um passo atrás fazendo-me chocar contra umas latas de lixo de um restaurante. Com o estrondoso som dos recipientes batendo uns nos outros, Victor olhou para mim com a cara pálida como se estivesse assustado.

-Boa Kathy! És um génio!- Falou rapidamente Victor.

Estava a ver uns vultos ao longe, aí percebi que os policias estavam muito perto de nós.
Victor começou a empilhar as latas formando uma espécie de escadas, agarrou no meu pulso e puxou-me para subir. Após chegar a cima do muro os policias estavam a subir os recipientes quando Victor deu um chuto neles deitando as latas ao chão.
Pulamos para o outro lado e começamos a correr até cansarmos.

-Estamos a chegar perto da minha casa, a minha mãe deve estar lá.- Informou Victor.

-E o seu pai? Está a trabalhar?- Questionei curiosa.

-Eu perdi o meu pai aos cinco anos de idade.- Falou com a voz rouca deixando escapar umas lágrimas.- Foi num acidente de carro, o meu pai estava a conduzir embriagado quando a policia o mandou parar, ele não obedeceu e acelarou ainda mais. Passou para a faixa contrária da autoestrada e esbarrou-se num carro que vinha em alta velocidade.

-Ah! Desculpa não sabia.- Agarrei-lhe na mão e dei-lhe um beijo no rosto deixando-o corado.

-Eu entendo. Nunca contei a ninguém...
A minha casa é aquela.- Falou mudando de assunto e apontando para uma casa branca.

Na rua não se via ninguém, parecia tudo deserto, eu não estava habituada pois morava na cidade. Era uma rua de alcatrão preto, dos dois lados havia árvores de folha caduca e, à volta delas, folhas jaziam no chão amontoadas.
A casa, como já tinha dito, era branca, revestida de madeira. Na frente tinha um caminho de pedras colocadas por cima de um relvado que dava para perceber que tinha sido cortado à pouco tempo.
Ficamos de mãos dadas em frente da porta de madeira castanha escura enfeitada com pequenos detalhes de madeira pintada de um castanho mais claro.

-Amo-te.- Falou com uma voz encantadora que logo me fez perceber que sentia o mesmo por ele.

-Também te amo.-Disse dando-lhe um beijo na boca, enquanto a porta se abria.

-Victor? Onde andaste? Deixaste-me tão preocupada...

-Mãe! Saudades!- Gritei abraçando-a.- Mãe ela é a Katherine... Minha namorada.

Após falar isso senti um aperto enorme no coração, adorei ouvir ele a chamar-me de namorada.

-Prazer...- Falei estendendo a mão à espera de uma resposta.

-Jane... O meu nome é Jane, o prazer é todo meu de conhecer a namorada do meu filho.- Disse com uma voz carinhosa.- Entrem, entrem...

-Filho podes dizer o que aconteceu?- Perguntou curiosamente Jane.

-Eu estava na escola...- Começou a contar o que nos aconteceu.

A casa dele era grande, os móveis estavam sem um único pó. Parecia tudo tão moderno.
Enquanto Victor contava a nossa aventura à sua mãe resolvi dar uma volta pela casa.
Os cortinados cobriam as imensas janelas que lá havia. Esses cortinados eram enfeitados com uns desenhos de flores em linho. Após ter visto o 1° andar subi as escadas que tinham feitio de caracol. Uma vez lá encima, abri uma das portas e deparei-me com o quarto de Victor, por cima da cómoda havia umas fotos com uma criança, que percebi sendo Victor.
Pousei o retrato dele no mesmo local e encarei-me no espelho. Os meus próprios olhos fitavam-me como se eu fosse culpada do que estava a acontecer.
Saí do quarto fechando a porta atrás de mim, vejo Victor a subir as escadas em direção a mim seguido por Jane.
Jane era alta e magra, pelo que Victor me contou ela sofre de anoréxia, sua cara era pálida e sem nenhuma ruga, o seu cabelo ruivo aos caracóis caía sobre os seus pequenos ombros. Ela tinha uns olhos que rapidamente me fascinaram, eram grandes e cinzentos.
Jane chegou perto de mim e pousou a sua mão sobre o meu ombro esquerdo e disse com singelas palavras "Lamento imenso por tudo o que se passou, mas aqui vocês estão em segurança." Aquilo era tudo o que eu queria ouvir, não sentia segurança à dias.

-Vou fazer o jantar, quando estiver pronto chamo.- Gritou Jane descendo as escadas.

O Victor agarrou-me com um dos seus braços pela cintura e guiou-me até o seu quarto. Abriu a porta e falou com uma voz que me fez estremecer.

-Podes descansar na cama, eu não me importo de ficar no chão. A casa de banho é ali.- Apontou para uma porta do seu quarto.- Podes tomar um banho que eu vou buscar roupa para ti.

-Podes dormir à minha beira, foste tu próprio a dizer que somos namorados.- Falei com una voz sedutora e mordendo o lábio inferior.

-Já que insistes!- Disse ele com um riso no rosto.- Vou buscar umas roupas para ti no quarto da minha irmã. Ela mudou de casa e acho que não vai precisar mais dessas roupas.

Ele saiu do quarto e dirigi-me até à casa de banho.
-----------------------------------------------------------

Caros leitores, desculpem não ter publicado um capítulo no sábado mas em troca fiz o mair capítulo que alguma vez tinha feito...
Agradeço pela compreensão.
Humildemente agradecido.

O Desconhecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora