Terceiro pesadelo

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Eu o segurei pelo pescoço e o puxei para dentro do elevador. Aquilo começara na festa dele de aniversário. O mágico simplesmente enlouqueceu no meio do show, as luzes apagaram e, ao voltarem, todos tinham sumido. Corri para o elevador com Romeu e ví quando o mágico vinha chegando.
Caímos no chão do elevador e a porta deste se fechou quando o mágico estava a alguns metros; sua roupa era suja e seu rosto mostrava uma ira sobrenatural. Segurei aquela criança em meus braços enquanto o elevador se movimentava. De repente parou e a porta abriu, estávamos no estacionamento do prédio. Corri com Romeu nos braços o mais rápido e o mais longe que pude; olhei em volta e percebi que não havia saída alguma. As luzes piscaram e pude ver aquelas coisas vindo lentamente dos cantos do estacionamento; só então percebi que o mago era um necromante. Corri de volta para o elevador, mas não conseguia levar Romeu no colo novamente. Então deixei que ele corresse na minha frente por um tempo, depois o carreguei; sabia que com seus pequenos passos não seria capaz de escapar daqueles monstros.
Sentamos no chão do elevador e deixamos este subir até o último andar; estávamos cansados e assustados. Olhei para o garoto e tirei o cabelo de seu rosto, ele estava vermelho e ofegante; sorri pra ele e Romeu devolveu o sorriso, tão puro e lindo que eu simplesmente não entendia o porquê daquilo estar acontecendo.
A porta do elevador abriu e eu pude ver o sorriso demoníaco do necromante. Procurei o braço de Romeu em vão e senti mãos fortes e geladas me segurarem. Ao me virar, pude ver o garoto desacordado ao meu lado; o mago o pegou, o segurou no colo e se virou para ir embora.
-NÃO!!- Gritei com todas as minhas forças.
-Eu tenho que levar o garoto.- Ele se virou para mim com aquele mesmo sorriso -Afinal, eu sou a Julieta e ele é o meu Romeu.
Acordei ofegante, me levantei rápido e liguei o abajur perto da minha cama. Aquele era o terceiro pesadelo em duas semanas; situações diferentes, mas o mesmo garoto -Romeu, alguém que eu nunca conheci. Como já estava quase na hora de ir para a escola, resolvi continuar acordada e escutar o barulho da chuva que caía.

1001 noites de pesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora