Capítulo 3

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Trinta minutos mais tarde, às três e meia da manhã, estava subindo os degraus

do Hinton Hall, indo para o escritório do Professor Worthington.

Quando cheguei lá, Josh estava sentado em um dos bancos de madeira que se

alinhavam no corredor.

— Roupa bonita, — comentou ironicamente.

Eu estava usando uma saia lápis preta e uma blusa branca de seda.

Worthington era um pouco sexista, e se você quisesse chegar à frente na sua classe

e se fosse do sexo feminino, tinha que se esforçar mais. O que significava não chegar

parecendo como uma pateta, nem mesmo às três e meia da manhã.

— Qual é a situação? — Perguntei, ignorando seu comentário.

— Ele chegou logo antes de mandar chamar você. Parecia agitado. E tomava

um café.

Balancei a cabeça.

Worthington ensinava à nossa classe introdução aos delitos, mas era um

advogado figurão à sua própria maneira. Ele, às vezes, pegava estudantes de direito

para fazer uma investigação ou para fazer o trabalho duro para ele, nos seus casos.

A experiência era insubstituível. Worthington era notório por escolher quem quer

que estivesse mais próximo a ele para ajudar, tinha seus próprios métodos e não

parecia ter tempo para escolher os alunos com base em seus méritos.

Então, Josh e eu, às vezes, nos revezávamos sentados nas grandes cadeiras no

saguão do Hinton, onde o Worthington tinha seu escritório. Tínhamos que estudar e

esperávamos que, talvez, se estivéssemos com o Worthington quando alguma coisa

acontecesse.

— Ele estava...

A porta do escritório do Worthington abriu.

Ele nos viu ali de pé, e seu rosto foi marcado por um sorriso irônico. — Vocês

dois, — disse, apontando para nós. — Preciso de vocês.

— Sim, senhor, — falei. Meu coração acelerou e as palmas das minhas mãos

estavam suando. Depois de apenas algumas semanas na faculdade de direito, estava,

finalmente, tendo um pouco de ação. Peguei um caderno e me preparei para tomar

notas.

— Houve um assassinato, — disse o Worthington. Ele tomou o café, em

seguida, esmagou o copo vazio do Starbucks na mão e o atirou na lata de lixo do

corredor. Ele saltou fora da borda e caiu no chão. — Temos um cliente, uma pessoa

importante. Ele não foi preso ainda, mas, por razões que não vou relatar, ele será um

suspeito. — Ele olhou para nós, e me forcei a não me mover. Worthington era um

advogado figurão, o tipo de advogado que demandava centenas de milhares de

dólares em honorários. O que quer que este caso fosse, era grande.

— O cliente é de alto perfil, — Worthington continuou. — Ele insistiu em se

reunir com quem vai trabalhar com ele. — Ele nos olhou novamente, o olhar gelado.

— Claro que vou ter pessoas do meu escritório neste assunto. Mas, se ele for

acusado, vamos precisar de toda a ajuda que pudermos conseguir. Acima de tudo,

preciso ter certeza da sua discrição.

— É claro, — Josh e eu falamos.

— Noah Cutler, — Worthington disse, — é o cliente.

Me forcei a não demonstrar nenhuma reação. Mas é claro que eu sabia quem

era Noah Cutler. Era um advogado à sua maneira, mas não do tipo que você encontra

listado nas páginas amarelas. Era um certo tipo de advogado, o tipo de advogado que

você liga quando está metido em um monte de problemas, o tipo de advogado no

qual você pode contar para cuidar das coisas, em muitos níveis diferentes.

Rumores o tinham rondado durante anos - que ele não tinha medo de quebrar

as leis, que ia ser expulso da ordem, que recebia subornos e estava na folha de

pagamento da máfia. Estava constantemente sendo repreendido, constantemente

ficando preso por desacato ao tribunal. Mas não era desprezível, na verdade, ele era

uma lenda.

— Por que o seu próprio pessoal não está trabalhando para ele? — Perguntou

Josh.

Foi recompensado com um olhar latente do Worthington. — Porque é um

conflito de interesses, — disse Worthington. — Ele não vai querer seu próprio

escritório fuçando nos seus assuntos. — Ele suspirou. — Ouça, quanto menos

detalhes vocês souberem, melhor. Não preciso que vocês façam um monte de

perguntas idiotas.

— Para que você precisa de nós? — Perguntei. De maneira nenhuma ia deixar

o Josh arruinar aquilo para mim, tentando brincar de advogado.

— Agora, vou precisar que vocês se dirijam ao escritório do Sr. Cutler, no

centro da cidade, para se encontrarem com ele. Ele quer conhecer cada um de vocês

pessoalmente para se certificar de que ficará confortável trabalhando com vocês.

— Agora? — Perguntou o Josh.

— Sim, agora, — Worthington falou, balançando a cabeça como se não

pudesse acreditar na nossa estupidez. — Vou enviar uma mensagem com o endereço.

What Me Wants Parte 1Where stories live. Discover now