A coroação.

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         Com a chegada do inverno, papai veio a falecer. Mesmo com todas as tentativas de Dr. Louis de salva-lo, nada adiantara. Papai não queria ser salvo. Desconfiamos que continuara a tomar seu rum e vinho escondido, o que causou sua morte precoce. Em seu cortejo fúnebre, todos do reino compareceram, papai era muito amado entre todos.

Recebemos milhares de cartas de outros reinos, nos dando pêsames. Mas a sua maioria, continha perguntas sobre o novo governante, o que me causara muita apreensão. Não sabia como reagiriam ao saber que o novo rei, na verdade, será uma rainha. Os únicos que sabiam da novidade eram os ajudantes de ordem e o arcebispo.

O castelo estava quieto, os corredores davam eco, aparentava ser um castelo inabitado. Estávamos todos em luto. O desejo de honrar meu querido pai foi à única coisa que me manterá em sã consciência ou enlouqueceria. Mamãe ficou trancafiada em seus aposentos. Apesar de sua arrogância, rispidez e seu lado ponderado, a rainha, lá no fundo, jamais deixara de amar meu velho pai. Kimberley a maior parte do tempo, ficara confinada na biblioteca. A noite deitava-se em minha cama e dormia chorando em meu ombro. Isso quebrara meu coração e acabara chorando junto. Já Charlie não demonstrou nenhuma reação, creio que ele já trate a morte com normalidade.

-Posso entrar?

Pergunto adentrando nos aposentos de minha mãe. Ela encontrava-se deitada, parecia abatida.

-Já entraste mesmo!

Diz ela revirando os olhos. Inspiro, ainda sinto o cheiro amadeirado do perfume de papai. Quase posso sentir sua presença. A ultima vez que estivera ali, papai ainda estava vivo.

-Como está?

Pergunto-lhe tentando afastar-me desse pensamento.

-Como achas que passo Arya? Meu marido morrera...

Suspiro e aproximo-me dela.

-Papai não gostaria de vê-la nesse estado. - Sento-me ao seu lado e com suavidade toco em sua mão e acaricio-a. - Precisamos da senhora no castelo!

-Logo estarei de pé. Deixe que eu fique em luto... -Mamãe solta minha mão sem nenhuma delicadeza. - Vá para aula de francês! Quem sabe não desposas com um francês e nos tira da lama depois do reino extinguir-se!

Ela limpa falsas lagrimas e deita-se no travesseiro de plumas.

-Este reino jamais afundará mamãe! Não enquanto eu permanecer aqui.

Ela ri.

-Achas mesmo que Charlie vai conseguir sustentar este reino Arya? –Pergunta com desdém. - Não sejas estupida, Charlie é um estorvo como o pai!

Disse com rispidez.

-Apesar de não achar Charlie um estorvo, não será ele sucessor de meu pai.

Mamãe se ajeita na cama e olha-me confusa.

-A não ser que tire um jovem de 20 anos de sua barriga, não vejo nenhum outro sucessor.

Aliso meus cabelos e sorrio para ela.

-Como não? Esta olhando para ele agora.

Sua boca abriu-se em um "o".

-Por deus Arya! E o que estas fazendo aqui? - Mamãe levanta-se em um rompante e se enrola em seu robe.- O que estas á esperar? Temos muito há fazer!

                                                                                            xx

Dez longos meses se passaram desde a morte de papai. Acabara de completar 22 primaveras. E hoje, ao entardecer, seria coroada rainha de Merkezi. O povo recebeu a notícia em grande alegria, o que me surpreendera bastante. Já os nobres, não receberam a novidade tão bem assim. Levei enxurradas de criticas e reclamações, que chegaram até mesmo ao arcebispo. O mesmo por ser muito ligado ao meu pai prestou-me muita assistência, afastando as más línguas.

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