Quando Krista disse pequena reunião eu pensei em umas dez pessoas no jardim e não umas cinquenta pessoas entre amigos e conhecidos circulando como se aquilo fosse algum tipo de grande celebração.
- Por que tanta gente? – perguntei.
- Para celebrar, tolinha. – Krista agarrou-se ao meu braço e começou a me puxar em direção à multidão que me encarava e depois fazia um curto gesto com a cabeça.
- Celebrar o quê?
- A chegada do General. Faz anos que o rei não vê o amigo.
Deparei-me com a mesa de banquete. Aquilo não era um simples chá. Era coisa grande. Bem típico do meu pai gastar com futilidades quando lá fora o povo passava fome e gritava para que a monarquia fosse extinta.
- Por acaso estamos em alguma guerra ou coisa assim? – encarei Krista e ela arqueou uma das sobrancelhas.
- Não.
- Então não vejo motivos para receber o General com tanta pompa.
- Não seja ridícula. – Krista sorriu para um grupo de garotas perto da mesa do banquete. Elas sorriram de volta e depois riram cochichando entre si. Deviam estar falando mal de Krista. Sempre falavam. Até eu falava. – Sempre é tempo para comemorar.
- Ora vejam só! – ouvi aquela voz e me voltei rapidamente para o dono dela. Antes que eu pudesse reagir, braços enormes e fortes me puxaram para um abraço apertado. Senti o cheiro forte de colônia e tabaco. Parecia que eu havia sido mergulhada dentro de um vidro de perfume "aroma de macho". – Minha irmãzinha chegou. – René se afastou, mas não me soltou, mantendo-me a alguns centímetros dele.
Meu corpo ficou tenso. E enquanto as pessoas nos olhavam admiradas ao evidenciar o amor entre os irmãos, eu mais queria era empurrá-lo para longe.
- É assim que recebe seu irmãozinho? – ele sussurrou no meu ouvido antes de beijar meu rosto. Um beijo que demorou tempo demais para o meu gosto.
Krista nos observava com admiração, visivelmente emocionada por ver René tão aberto a demonstrações afetivas à irmã como se fossemos algum tipo de família perfeita.
Alice, que nos acompanhava em silêncio enquanto Krista tagarelava, também estava tensa. Seu olhar preocupado não abandonava o meu. Por mais que eu tentasse não conseguia disfarçar que queria René longe de mim.
Mas se era uma coisa em que meu irmão era bom, era em fingir. Com o braço ao redor do meu ombro, ele me fez acompanhá-lo pelo jardim.
- Como foi a viagem? – perguntou.
- Boa. – Meu tom era glacial.
- Não parece. Você não está muito feliz.
- Acho que não foi a viagem. – Ele me encarou sério e eu sorri.
- Sempre tão doce.
- E você sempre tão falso. – Murmurei enquanto tentava me desvencilhar dele. Mas ele havia grudado feito carrapato.
Felizmente, para minha total alegria e alívio, avistei Nora vindo em nossa direção abrindo caminho por entre as flores. A imagem da garota loira de dezoito anos e olhos tão azuis quanto os meus fez um sorriso bobo surgir em meu rosto. Até fui capaz de esquecer por um momento a desagradável presença de René.
- Nora! – soltei-me dos braços de René finalmente e corri para abraçar minha irmã mais nova.
- Nicol. – Ela me abraçou. – Pensei que não voltaria mais pra casa.
- Que exagero. – Me afastei e encarei as enormes esferas azuis que me observavam com emoção e lágrimas. – Foram apenas três semanas.
- Mas sem você aqui tudo é diferente.
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Degustação - O casamento secreto da Princesa (DISPONÍVEL NA AMAZON)
ChickLitO que acontece em Las Vegas... Fica em Las Vegas... A princesa Nicolette Harriet Bouvier de Sienna gostava de aventuras, de festas e de se divertir por aí. Ela, que era conhecida por seus namoricos que não deram certo e por seus escândalos...