Capítulo 4

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Quando Krista disse pequena reunião eu pensei em umas dez pessoas no jardim e não umas cinquenta pessoas entre amigos e conhecidos circulando como se aquilo fosse algum tipo de grande celebração.

- Por que tanta gente? – perguntei.

- Para celebrar, tolinha. – Krista agarrou-se ao meu braço e começou a me puxar em direção à multidão que me encarava e depois fazia um curto gesto com a cabeça.

- Celebrar o quê?

- A chegada do General. Faz anos que o rei não vê o amigo.

Deparei-me com a mesa de banquete. Aquilo não era um simples chá. Era coisa grande. Bem típico do meu pai gastar com futilidades quando lá fora o povo passava fome e gritava para que a monarquia fosse extinta.

- Por acaso estamos em alguma guerra ou coisa assim? – encarei Krista e ela arqueou uma das sobrancelhas.

- Não.

- Então não vejo motivos para receber o General com tanta pompa.

- Não seja ridícula. – Krista sorriu para um grupo de garotas perto da mesa do banquete. Elas sorriram de volta e depois riram cochichando entre si. Deviam estar falando mal de Krista. Sempre falavam. Até eu falava. – Sempre é tempo para comemorar.

- Ora vejam só! – ouvi aquela voz e me voltei rapidamente para o dono dela. Antes que eu pudesse reagir, braços enormes e fortes me puxaram para um abraço apertado. Senti o cheiro forte de colônia e tabaco. Parecia que eu havia sido mergulhada dentro de um vidro de perfume "aroma de macho". – Minha irmãzinha chegou. – René se afastou, mas não me soltou, mantendo-me a alguns centímetros dele.

Meu corpo ficou tenso. E enquanto as pessoas nos olhavam admiradas ao evidenciar o amor entre os irmãos, eu mais queria era empurrá-lo para longe.

- É assim que recebe seu irmãozinho? – ele sussurrou no meu ouvido antes de beijar meu rosto. Um beijo que demorou tempo demais para o meu gosto.

Krista nos observava com admiração, visivelmente emocionada por ver René tão aberto a demonstrações afetivas à irmã como se fossemos algum tipo de família perfeita.

Alice, que nos acompanhava em silêncio enquanto Krista tagarelava, também estava tensa. Seu olhar preocupado não abandonava o meu. Por mais que eu tentasse não conseguia disfarçar que queria René longe de mim.

Mas se era uma coisa em que meu irmão era bom, era em fingir. Com o braço ao redor do meu ombro, ele me fez acompanhá-lo pelo jardim.

- Como foi a viagem? – perguntou.

- Boa. – Meu tom era glacial.

- Não parece. Você não está muito feliz.

- Acho que não foi a viagem. – Ele me encarou sério e eu sorri.

- Sempre tão doce.

- E você sempre tão falso. – Murmurei enquanto tentava me desvencilhar dele. Mas ele havia grudado feito carrapato.

Felizmente, para minha total alegria e alívio, avistei Nora vindo em nossa direção abrindo caminho por entre as flores. A imagem da garota loira de dezoito anos e olhos tão azuis quanto os meus fez um sorriso bobo surgir em meu rosto. Até fui capaz de esquecer por um momento a desagradável presença de René.

- Nora! – soltei-me dos braços de René finalmente e corri para abraçar minha irmã mais nova.

- Nicol. – Ela me abraçou. – Pensei que não voltaria mais pra casa.

- Que exagero. – Me afastei e encarei as enormes esferas azuis que me observavam com emoção e lágrimas. – Foram apenas três semanas.

- Mas sem você aqui tudo é diferente.

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