Capítulo 3

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- Nicol! – ouvi aquela voz animada perto de mim, e senti o impacto de um corpo se chocando contra o meu e um abraço apertado que quase me tirou o fôlego. Por pouco eu e Krista não caímos no meio do pátio de entrada do palácio. Mas que droga ela estaria fazendo ali?

Krista se afastou, mas sem me soltar, segurando-me pelos ombros e me analisando dos pés a cabeça sem cerimônia nenhuma.

- Você está ótima! – então voltou a me abraçar me deixando sem jeito. – Ivan! – Finalmente ela correu para os braços do irmão.

 – Ivan! – Finalmente ela correu para os braços do irmão

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Krista era irmã gêmea de Ivan. A aberração morena de olhos azuis estava tão animada em nos ver que só faltou dar pulos de alegria. Até mesmo Ivan estranhou tanta animação assim por parte da irmã. Krista Chermont e eu nos conhecíamos desde crianças. Ivan, Oscar, Alice, Krista e eu estudamos nos mesmos colégios, brincamos juntos correndo pelo palácio - quando o rei não estava por perto claro - pois quando nossos pais estavam, o negócio era outro.

O palácio de Sierra era mais uma das muitas casas deles. Eles eram praticamente da família. Eu amava Oscar e Ivan, e claro, Krista vinha de brinde. Em muitos momentos eu não conseguia me decidir se gostava dela ou se simplesmente a tolerava.

Às vezes ela era irritante com sua vozinha antipática e toda aquela animação. Ela se achava a perfeita dama da sociedade e achava que um dia ia fazer um bom casamento. Alguém precisava situar aquela garota.

Mas outras vezes Krista era legal, engraçada. Eu simplesmente não conseguia me decidir. Como agora.

Naquele momento eu não estava nem um pouco a fim de ter Krista e sua alegria característica, perto de mim.

- Como foi a viagem? – ela perguntou, voltando-se para o primo que parecia ter deixado a alma no avião. Oscar se arrastava sobre as pernas. – Soube que foi de grande proveito e espero que tenham se divertido muito. – Disse ela com a maior educação e cheia de pompa. De que livro de época ela saiu? Revirei os olhos.

- Por que não nos acompanha na próxima vez? – não dê ideia Alice, não dê ideia.

- Quem sabe eu vá. – Krista enroscou um braço ao braço de Alice e veio puxando-a até enroscar o outro ao meu. E juntas fomos subindo a escadaria.

- Onde estão todos? – perguntou Alice lançando um olhar curioso ao redor. – Está tudo tão quieto.

- Estão no jardim. Estão esperando por vocês. É uma pequena reunião – Krista começou a tagarelar. Pelo canto de olho vi Oscar a poucos passos de nós zombando da prima e me fazendo rir ao imitá-la. – Temos um convidado especial.

- E eu achando que estariam felizes em nos receber. – Comentei. – E quem é? – eu não consegui esconder a falta de ânimo.

- General Hugo Hilton. – Krista pronunciou o nome do homem como se estivesse falando do George Clooney, e pela euforia até pensei que o próprio estivesse no jardim e não o amigo de anos do rei, General Hugo Hilton, o homem mais desinteressante do reino.

Eu simplesmente não conseguia entender o motivo de tanto alarde.

- Ele chegou hoje de viagem. – Alcançamos o corredor onde ficava o meu quarto. Os meninos haviam mudado de direção a este ponto. – E não somente ele. – A voz de Krista ficou ainda mais aguda. Ela só faltou dar pulinhos de tanta emoção. Sério... Krista começou a suspirar como uma mocinha de filme antigo. – Sebastian está aqui.

- Sebastian? – Alice se mostrou surpresa, já eu, congelei na hora e quase tropecei no tapete. Krista lógico não deu à mínima e continuou tagarelando, mas Alice minha amiga de anos me lançou um olhar preocupado. Tentei disfarçar tudo com um sorriso.

- Sebastian está aqui. Eu mal posso esperar para vê-lo. – Chegamos ao meu quarto e Krista continuava falando.

- Posso saber o motivo? – Queria que Alice parasse de incentivá-la a falar. Eu simplesmente fecharia a porta na cara dela.

- Claro. – Krista entrou e fechou a porta atrás de si antes de se aproximar e nos puxar para o canto como se estivéssemos sendo observadas por alguém. – Estou quase certa... – disse ela sussurrando. – Que Sebastian vai pedir a minha mão. – Seus olhos ficaram marejados.

- Que bom para você, Krista. – Alice a abraçou como boa amiga que era. Eu fiquei imóvel. – Mas eu não sabia que estavam saindo.

Krista deu de ombros parecendo ofendida.

Não era segredo para ninguém que desde que Sebastian colocara os pés na corte, Krista corria atrás dele.

Ah se ela soubesse... Mas se eu tivesse sorte tudo estaria acabado antes mesmo que alguém sonhasse que um dia eu estive prestes a me tornar a Duquesa de Montreux.

Meu estômago embrulhou.

- Você sabe que Sebastian é reservado. – Continuou Krista.

- É? – cruzei os braços diante do peito. – Não sabia. Caramba, ele disfarça bem. – E sorri sentindo o prazer de ver o rosto de Krista se contorcer numa careta. – Mas enfim – pousei a mão no ombro dela e dei umas batidinhas. – Eu espero que vocês sejam felizes. Vocês formam um lindo casal.

- Sério? – seu rosto se iluminou.

- Claro. – Dois chatos de galocha, era isso que os dois eram. Por mim podiam se casar e mudar de país.

Mas para isso Sebastian precisa estar solteiro...

Bem lembrado.

- Vamos – Krista bateu as palmas. – O rei está esperando por vocês.

- Como assim?

- Seu pai estava esperando sua chegada e requer sua presença no chá lá fora.

- Diga a ele que não estou apresentável, ou que não me sinto bem. – Sentei-me sobre a enorme cama de dossel e comecei a me abanar com a mão.

- Que nada – Krista se aproximou. – Você está ótima. E além do mais o General está animado para ver você.

- Não vejo motivo. – Bufei irritada e joguei uma mexa do meu cabelo loiro para trás.

- Vamos. Você não quer enfurecer o rei, quer? Sabe como ele é. – Krista sorriu.

Vádia.

- Vamos Nicol. Mal não vai fazer. – Alice era a paz e a serenidade e sempre a voz da razão. – Lá tem comida e eu estou faminta. Vamos, comemos, damos o ar da graça e depois vamos embora. – Ela soava tão simples. – Ninguém vai notar quando sumirmos. – Foi impossível não retribuir seu sorriso.

- Se não tem remédio. – Respirei fundo e voltei a ficar de pé. – Mas antes me deixe retocar a maquiagem. Não quero parecer um monstro quando chegar lá.

E me encaminhei em direção às malas no canto do quarto que já haviam chegado antes de nós.

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