Sempre a Seu Lado II ♥

~24

Quando eu tentei falar com o Josh, deu caixa postal. Eu me surpreendi mais ainda quando vi Taylor com uma mala indo em direção à porta.

Emily: Onde você vai? 

Taylor: Vou viajar com o meu namorado. - sorriu e me encarou

Eu virei a cara. Fingi prestar atenção em um programa qualquer que passava na TV.

Emily: Quando vocês vão voltar?

Taylor: Na quinta.

Quinta? Dois dias antes de eu ir embora. Ótimo, Josh nem vai saber da existência do próprio filho. Quando eu quero que ele apareça, ele desaparece. Assim que Taylor saiu de casa, Emily olhou pra mim.

Emily: Já conseguiu falar com ele?

Maya: Não. - olhei para o celular - Nem um retorno também.

Emily: Mas que merda. Você quer que eu tente falar com ele? Às vezes Josh só está te evitando.

Maya: Ele não rejeitaria uma ligação minha.

Emily ficou quieta.

E aí, eu me lembrei do motivo exato do porque eu estava tentando falar com ele. Por um momento tinha esquecido. Poxa vida, eu estava grávida. Grávida! É tão... surreal. E agora eu sei da existência dele. Meu coração acelerou. Mesmo cedo, na minha cabeça, eu já estava imaginando como ele ou ela seria. Eu comecei a torcer para ter o mesmo sorriso do Josh. E nomes? Meu Deus! Nem sei com quantos meses eu estou e já to querendo pensar em nomes. Que loucura. Se eu estou empolgada? Imagina...

No dia seguinte, Emily e eu fomos fazer o exame para ter certeza que eu estava grávida. Testes de farmácia não são 100% certos, então quis ter certeza que não estava criando expectativas atoa. Confesso que cheguei na clínica torcendo para aquele teste que eu fiz estar certo. Eu tive que esperar um pouquinho pra sair o resultado, mas eu não conseguiria sair daqui sem saber se realmente estava grávida. E sim, eu estava mesmo.

Quando eu contei pra Emma, ela foi à loucura. Me falou diversos nomes e, que nem eu, imaginou como seria o bebê. Ela estava igualzinha a mim, super empolgada.

Conforme os dias foram passando, meus enjoos foram aumentando. Eu vomitava quase todas as madrugadas. Porra.

Na quinta-feira à noite, depois de um bom tempo trancada no banheiro botando quase que as minhas tripas pra fora, eu fui beber água. Era tarde e todos já estavam dormindo. Menos Josh, é óbvio, tinha que ser. Ele tinha ficado aqui depois que ele e Taylor chegaram de viagem. Bem, achei a hora perfeita para conta-lo que estava grávida.

Josh: Acordada a essa hora?

Maya: É.

Josh: Pensei que nem iria me responder.

Maya: Por que?

Josh: Pensei que você ficaria com medo da Taylor ver nós dois e te expulsar daqui.

Maya: Josh, eu preciso falar com você.

Josh: Sobre o que?

Maya: Sobre...

Eu podia ter procurado no Google como contar para uma pessoa que ela vai ser pai. Quando eu ia começar a falar, Taylor apareceu na cozinha. Ela não estava com uma cara muito boa.

Taylor: Por que está demorando tanto, Josh?

Josh: Eu tinha que comer alguma coisa.

Taylor: Mas pelo jeito você já terminou né? Pode voltar pro quarto já.

Josh bufou. Ele lavou o que tinha usado e foi para o quarto com a Taylor. Eu fiquei mais um tempo na cozinha e depois voltei para o quarto.

Os dois dias que faltavam passaram. Era sábado de manhã quando terminei de arrumar minhas coisas e daqui a poucas horas eu estaria no aeroporto. Emily não parava de choramingar porque estava chegando a hora.

Maya: Emily!

Emily: Oi?

Maya: Eu não quero ir embora sem falar com o Josh que estou grávida. Como vou fazer isso?

Emily: Eu não sei, Taylor não sai de perto dele. - mordeu os lábios - Bem... Eu vou para o meu quarto me arrumar para te levar ao aeroporto.

Eu assenti com a cabeça. Emily saiu do quarto e eu me sentei na cama. Suspirei. Precisava arrumar um jeito de falar para o Josh que estava esperando um filho dele. Como? Por uma ligação? Por mensagem? "Oi Josh, estou grávida, beijos." Lógico que não. Peguei uma folha de caderno, uma caneta e comecei a escrever.

"Oi Josh. Bem, eu não queria ir embora sem ter que falar com você, mas por algum motivo você não quer nem olhar pra mim. Eu realmente não sei o porquê. Talvez pelo modo que a Taylor provavelmente está te tratando. Sei que tenho 50% de culpa de tudo isso que está acontecendo, mas eu não te obriguei a concordar com a condição que ela nos deu. Eu não me importaria se você a rejeitasse. Eu voltaria para o Brasil sem reclamar, por incrível que pareça. E eu sei que você voltaria comigo, então, eu realmente não me importaria. Enfim... Não fique bravo comigo. Você é mais importante que esse intercâmbio, e desculpe não ter demonstrado isso do jeito certo. Agora eu nem sei se você vai voltar para ficar comigo. Eu entenderei perfeitamente se você não quiser, mas eu não posso ir embora sem te contar o motivo de eu estar acordada anteontem na madrugada. Todos os dias eu vomito na mesma hora. Minha menstruação está atrasada e estou me sentindo toda inchada. Da última vez que nos vimos, acordamos nus na mesma cama e nos surpreendemos. Nessa semana, eu me surpreendi quando fiz dois testes de gravidez e eles deram positivo. Parabéns, papai. Não pense que estou escrevendo isto para você ficar com pena de mim, ou se arrepender de não ter falado comigo. Não mesmo. Estou escrevendo isso porque o filho também é seu e você tem o direito de saber. Adeus, Josh."

Depois que eu terminei de escrever, já estava em lágrimas. Minha maquiagem já estava toda borrada. Dobrei o papel e coloquei dentro do bolso. Emily apareceu logo depois no meu quarto e estranhou.

Emily: Por que estava chorando?

Maya: Ah... Comecei a pensar em tudo que aconteceu e me emocionei. A gravidez também facilita muito.

Emily assentiu com a cabeça e me abraçou. Não ficamos muito tempo abraçadas. Eu peguei minhas coisas e comecei a descer com elas. Todos estavam na sala me esperando, inclusive o Josh. Eu me despedi de todos. Agradeci por tudo e também me desculpei pelas coisas que eu fiz. Taylor me ignorou e dei apenas um sorriso forçado para o Josh. Coloquei minhas coisas no táxi que me esperava e entrei no carro, junto com a Emily. Antes de irmos para o aeroporto, pedi para o motorista dar uma passada em outro lugar.

Emily não entendeu quando paramos em frente ao condomínio de Josh, mas eu não expliquei. Entrei e deixei aquela cartinha com o porteiro. Pedi para ele entregar apenas nas mãos de Josh, e mais ninguém.

Quando eu cheguei no aeroporto, Emily começou a chorar. Disse que não saberia viver sem mim e que seria muito triste aqui. Foi impossível não rir, mas ao mesmo tempo eu também me emocionei. Chegamos um pouco mais cedo para dar tempo de nos despedirmos e nos abraçarmos umas mil vezes.

Quando eu entrei no avião, senti um alívio. Me senti mais leve. Eu estava doida para chegar em casa e abraçar meus pais, a Emma e fazer mais sei lá o que. Finalmente este dia chegou. Eu iria sentir muita falta de Nova Iorque. Muita mesmo. Ia sentir falta da Emily também, mas nada melhor do que estar em casa. De me sentir em casa. De deitar na minha cama e de tomar banho no meu banheiro. Nada melhor do que comer a comida da minha mãe e ir as praias do Brasil. É, eu não vejo a hora desse avião pousar e tudo voltar a ser como era antes.