É manhã, Fim de semana frio e chuvoso. A melhor estação. Estou basicamente estirado no chão da varanda de casa olhando a água pingar do telhado e correr na calçada. Passou-se duas semanas desde a noite na casa de Eliza. Nada que importe destacar aconteceu. Mileny como sempre está no trabalho. Não vejo ou falo com Eliza faz quatro dias. Ela deve estar se desencanado. Deixando de lado o seu lado pegajoso. Sem ligações ou mensagens. Eu ando meio que feliz, e como já dissestes antes, não a suporto, então é fácil encarar essa fase.
Uma vez ou outra me pego pensando em Elena. Nada que o valha declarar.
O domingo correu como um predador.
Já é noite.
- Hey Ângelo. É minha mãe adentrando em meu quarto. Suas feições estão penosas.
- Hey mãe. Tudo bem? Pergunto.
- Oh, sim. Cansaço Apenas. Um banho e uma noite de sono resolve. Peça comida, por favor. Estarei no quarto. Fala ela se arrastando. Obedeço.
Ela parecia mal. Lembro – me da primeira semana depois do abandono. Desgastante ao extremo.
Nem mais uma palavra foi trocada nesta noite.
Chegando à escola pela manhã já percebo o não alvoroço de sempre. A entrada está vazia. "Relógio atrasou." Penso, verifico e confirmo que sim. Ando apressado para a sala. Fico sem jeito quando entro. Vários olhos me observam entrar na sala. O olhar acusatório do professor não é um dos melhores. Ignoro totalmente e vou sentar como de costume na cadeira surrada colada à parede.
Intervalo. Estou vendo o jogo de vôlei das garotas na quadra.
- Olá, de novo. - Fala Elena se sentando ao meu lado rindo.
- Oi, Não tá jogando por quê?- retribuo o riso e vejo que ela está sem farda.
- A treinadora disse que eu sou um pouco... éééé... Dura pra esse esporte. - Ela responde.
Solto uma risada - Não sabia que pra praticar esse esporte era preciso saber dançar. - Ela reclama - Para. - - Desculpe. - Digo ainda rindo.
- Então. a Eliza tá onde? Não a vi hoje e você tá pra lá e pra cá sozinho. - Pergunta.
- Ela tá meio que doente. Não me explicou bem. - Respondo lembrando-se da breve ligação hoje de manhã.
- Oi amor. Ligando pra avisar que não poderei ir à aula hoje. Estou meio enjoada. Falou ela.
- Okay Liza. Avisarei aos coordenadores. Você está bem?
- Não se preocupe. Só coisa de mulher. Até depois. Falou e desligou antes que eu falasse mais alguma coisa.
- Ah. Já falaram pra você que vocês dois formam um belo casal? - Diz Elena me tirando do flashback. Qual o interesse dela por Eliza agora? E por mim? Algo esta errado. – Tipo. É muito fofo vê vocês juntos.
- Você é a primeira. Ah, e minha mãe é claro. - Respondo sem vontade. Ela percebe minha falta de interesse.
- Mudemos de assunto. – Olho pra ela pelo canto dos olhos.
- Não estou tão bem com ela. Na verdade. - Deixo escapar quase que de propósito.
- Hum. Relacionamentos são assim mesmo. A gente enjoa uma hora. - Diz ela. Desgastante seria a palavra para usar na hora de falar de Eliza.
- Já pensou, teve vontade ou oportunidade de trair? Tipo, uma aventura a parte? Dizem que apimentam o relacionamento. - Pergunta-me.
- Não. Nunca precisei disso. Creio que não faria isso com Eliza. Apesar de não amar ela, eu a respeito. – Respondo fingindo que não percebi seu oferecimento.
- Então você não a ama mais? - insiste no assunto. Um tanto curiosa eu diria.
- Digamos que sim. Quer dizer, não. - Digo-lhe. Ela fica me encarando por alguns segundos, eu tento olhar, mas não consigo e mudo o foco para o jogo que já está no fim. Sinto seu olhar ainda sobre mim. Ela levanta, fica atrás de mim e desliza sua mão desde meu peito por dentro da camisa até parar no ombro e apertar levemente.
- Tenho que ir. Nos vemos depois. - Isso foi desconcertante.
- Hum. - Tusso. - Tudo bem. Até mais.
Ela parte. Fico vendo-a subir o morrinho de gramado rumo às salas de aula. Seus músculos se contraem de forma sexy e convidativa.
Penso por um momento, levanto e sigo pra saída. Não verei mais aulas por hoje.
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Desejos Perdidos
Misteri / ThrillerEssa história foi escrita por mim e pelo amigo e usuário do wattpad - Victorrocha520562 Prefácio Monotonia. Esta palavra defini muito bem os meus dias. Uma melancolia, um desprezo, uma solidão. Minha presença no mundo não faz sentindo. Até quem me g...