Savannah corria pelo castelo com a espada em uma mão e filho pequeno nos braços e sua menina agarrada ao seu braço, à barriga saliente já incomodava um pouco. Ela tinha que tentar se salvar e salvar seus filhos. Seu marido estava com a amante em algum lugar e ela tinha ficado para trás quando tudo começou.
Foi então que ao dobrar em um corredor ela viu os guardas do seu castelo por um mísero instante ela achou que eles estivessem ali para salva-lá, mas tudo simplesmente sumiu quando em menos de um minuto uma lâmina atravessou o corpo de sua menininha. O grito lhe escapou da garganta; largou a espada e abraçou o corpo ensanguentado da filha filha com o outro filho ainda a tiracolo. Seu menino foi arrancado de seus braços e teve sua garganta cortada em sua frente. Apenas uma coisa ela não entendia. Porque eles estavam fazendo aquilo com ela? Ela era sua Rainha. Foi quando um dos guardas a levantou e falou em seu ouvido algo que ela nunca iria esquecer.
— Agora nós iremos ficar com a cadelinha do rei. Vamos nos divertir e a hora que terminarmos te mataremos. Ordens do rei.
...
O suor gotejava dentro da camisola de Savannah. Olhou para o lado da cama e não viu seu marido. Devia estar com a amante. Era a sua terceira gravidez e mesmo estando daquele estado ele não cansava de humilha-lá. Levantou-se e foi ver como estavam seus filhos.
Andava inerte pelo castelo, era bom sentir a brisa que cobria o reino. Foi quando ouviu gemidos e parou. Ela sabia que não devia, mas a sua curiosidade e o seu masoquismo eram mais fortes. Caminhou em direção aos gemidos e viu pela fresta o marido e a amante (que mais se achava Rainha) aos beijos e amassos. Savannah correu pelo corredor o mais rápido que pode. A dor de ser traída desde a noite de núpcias a matava por dentro. Ela sabia que se contasse ao marido que estava grávida ele a mataria. Logo após o nascimento de Cedric ele prometeu que nunca mais tocaria nela. Aquilo matou a princesa por dentro. Por mais que seu Príncipe a maltratasse ela ainda o amava.
Lembrava com muito carinho da noite em que essa criança foi concebida. Diferente dos outros filhos, não teve tapas e muito menos dor; apenas amor. Mas no outro dia ao se dar conta do que tinha feito, seu marido lhe desferiu um tapa e mandou-a tomar chá de Jasminas para a criança não vingar. Ela o desobedeceu. Ele não poderia saber.
Um grito ecoa por todo castelo. Sua filha, sua preciosa Sarah grita e ela corre até o quarto da filha que estava com a porta entreaberta. Ela podia ouvir a voz de seu marido. Então quando ela entrou no quarto a porta se trancou e o silêncio se fez. Uma figura branca com rosto angelical olhava para seus filhos que estavam abraçados apavorados. De repente seus filhos adormecem e a voz começa a dizer à profecia que Savannah mais temia. Ela sabia que uma hora a magia iria vir atrás de seus filhos. E essa hora era agora.
"— Filha do ódio e do amor, filho da dor e do afeto e filha da humilhação e do carinho. Três almas distintas. Boas e ruins ao mesmo tempo. Quando todos seus filhos forem chamados à guerra recomeçará e dessa vez a única chance de sobrevivência é o sacrifício do amor. Lembre-se disso. Arme a mentira e os proteja".
A mulher se dissipa e Savannah cai no chão. A porta se abre e ela consegue ouvir a voz do marido e do sogro. Em um último momento antes de perder a consciência sente o marido a abraçando e dizendo.
— Não vá, Vannah. Preciso de você comigo.
Ela não tem chance de responder, pois a escuridão a chama.
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Reino de Mentiras
RomanceAté onde você iria para salvar seus filhos? Até onde você iria para fugir de algo que o destino lhe impôs? Savannah era casada com o futuro rei de Étal, George Temmar. O casal nunca viveu um amor como nos contos de fadas. A figura da amante do prínc...