Crônicas De Um Unicórnio Tímido

sou grata

Imagine seu mundo um cenário de guerra, agora imagine máquinas tirando todos os escombros e ao mesmo tempo deixando algumas pedras pelo caminho.

Agora imagine alguém com o coração partido, e alguém ajudando a catar os cacos, mas, por falta de jeito deixando alguns fora do lugar.

Agora me imagine, machucada, triste, pensando seriamente em desistir, e um rapaz me ajudando a ficar curada, feliz e com mais vontade de viver que nunca.

Nunca fui de medir palavras, sempre tive o verbo solto. Mas para as coisas mais simples, não para uma coisa tão complexa como uma pessoas dessas.

Ele é um ser de poucas - porém muito significativas - palavras. Um amigo, de fato, fiel. Um ombro amigo nos momentos difíceis ou um pé na bunda nos momentos de drama. Tudo pra ele é visto de maneira simples e direta. Seus problemas são resolvidos em seu quarto.

Precisa de provas concretas para tudo que digo. Sempre se exalta ao saber que tem treta rolando.

Observador, já sabia que tinha algo guardado em mim mesmo antes de eu tirar toda a armadura que mantinha.

Nunca dá pra saber se ele é o mesmo com todo mundo, sua personalidade muda conforme cada passoa, porém, nunca ouvi nenhuma reclamação ao seu respeito, na verdade, as que ouvi foram de pessoas que nunca tiveram a chance de se aproximar dele.

Tem o vocabulário que para ele é descolado - confesso que pra mim também.

O roteiro que na maioria das vezes eu faço antes de todas as conversas nunca é seguido a risca por ele. Ele é uma peça de teatro improvisada, sem roteiro e, principalmente, sem censura.

Não tenho verbo solto com ele por medo de errar a conjugação, afinal, um amigo tão importante não se acha todos os dias.

Não sei se a nossa amizade é tão bem bolada apenas na minha cabeça, sei que ele tem amigos muito mais importantes em sua vida, mas não fico triste por isso, visto que, nunca fiz algo grandioso na vida dele. Mas ele fez algo extremamente grandioso na minha.

Tenho minha amigas, eu sei, elas também me ajudaram a ser quem sou, mas ele estava lá quando o barranco desmoronava, elas, viam tudo pela TV depois.

Eu me orgulho dele, mesmo não sabendo exatamente pelo que, mas sei que me orgulho.

Um dia, quando decidi acabar com tudo, mandei uma mensagem pedindo obrigada por tudo. No momento em que fiz o primeiro corte, me arrependi, me arrependi de não ter falado mais, de não ter dito que mesmo com a ajuda dele eu era fraca e não aguentei. Só comecei a rezar e a pedir toda a proteção do mundo pra ele, e pedi pra que ele entendesse e me perdoasse. Nesse momento meu vizinho arrombou a porta e me botou no carro. Tive minha chance de poder dizer o que eu queria. Quando contei, ele não disse uma palavra pra me magoar, pelo contrário, me ajudou a ver que eu poderia viver de verdade.
Nem imagino como ele ficaria se eu morresse de verdade, mas sei como eu ficaria, caso, exista de verdade algo após essa vida. Eu ficaria pior, sentiria saudade, pediria desculpas por não ter sido melhor.

Mas agora eu estou aqui, e admito que me perdi, mas que esse é o melhor lugar em que já estive.

E que
Graças a ele
Eu me orgulho,
nem que seja um pouco
De ser quem sou.

Agradeço todos os dias, por ter vivido pra dizer obrigada da maneira certa.