Saga Imortais: 01.Liberta

Capítulo 01 : Primeiro dia de aula

Sophia

Dizem que só descobrimos o que é sofrer quando perdemos alguém que amamos. É verdade. Vivenciei isso da pior forma possível. Perdi meu pai há exatamente 1 ano, quando ele voltava de uma viagem vantajosa para seu ofício. Ele se chamava Bryan, e era um escritor, passava grande parte dos dias em busca de histórias locais, ou até mesmo fatos sobre o qual ter expiração. Foi em uma dessas viagens que aconteceu. Seu carro havia capotado e caído em um barranco, e o seu corpo havia desaparecido. Ainda é um mistério para todos, mas eu sei que não há nenhuma possibilidade de ele ter sobrevivido a uma queda tão alta.

Minha mãe já não é a mesma, ela tenta fingir que está tudo bem, que superou a perda do nosso pai, mas todas as suas tentativas são falhas. Antes, mamãe era a mulher mais linda de Lacombe. Herdeira de uma beleza natural, e com um gosto refinado no modo de vestir e agir, ela causava inveja onde quer que passasse. Mas hoje, aquilo já não existe mais. Olheiras escuras e profundas são as únicas coisas realmente chamativas em seu rosto. E seu cabelo que era tão sedoso e macio, agora fica preso em um coque apertado e bagunçado. Ela faz o que pode. Não tem sido fácil cuidar de mim e do meu irmão. Não nos falta nada, muito pelo contrário, temos tudo o que qualquer pessoa desejaria ter, e isso nos perturba ainda mais. Temos tudo e não somos felizes. Ou, é o que pensávamos.

***

- Sophia, Carlos, acordem filhos, o café está pronto, não vão querer chegar atrasados no primeiro dia de aula não é mesmo?

O dia já havia começado estranho, a voz da mamãe soou mais feliz que o de costume. Me levantei e me espreguicei, havia sido uma noite longa. Fui me lavar no banheiro, e vi que não estava longe de ficar com a aparência da mamãe. Meus cabelos castanhos estavam rebeldes e secos, e eu estava com uma expressão cansada no rosto, como a de uma pessoa que não dorme há dias, o que é verdade. Havia tido pressentimentos estranhos há algum tempo. Não sei bem explicar. Certa noite acordei assustada, tinha certeza que havia alguém no meu quarto, mas não tinha ninguém. A janela estava fechada, isso me assustava ainda mais. Talvez eu esteja ficando louca. Talvez fosse meu irmão. Não quero mais pensar nisso.

Me sentei em frente à minha penteadeira, tinha que estar apresentável no primeiro dia de aula. Não que fosse ter algum novato, é claro. Seriam os mesmos de sempre. Heather Saramago, a garota mais popular da escola, filha da primeira dama, com suas seguidoras fiéis, Ster e Patrícia. Bruno Abravanel, o mais nerd e namorador da escola, com certeza acompanhado pela turminha de Heather. Minhas melhores amigas, Misty e Viola. Conheço Misty desde quando me entendo por gente, talvez seja porque minha mãe era a única amiga da Sra. Gardênia. A família de Misty é descendente de bruxas, as pessoas não gostam de conviver com pessoas assim, e nós como a boa família de Valle fomos acolhedoras, e prestamos nossa solidariedade, e claro, oferecemos nossa amizade de bom grado. Já Viola, é um pouco nova na cidade, chegou no ano passado. Morava na Austrália, e agora está em Lacombe, se mudar da Austrália para o Canadá com certeza não foi muito fácil. É uma garota muito encantadora, cabelos pretos escuros, e olhos verdes penetrantes. Mora sozinha na casa de sua família. É muito inteligente, e vaidosa, mas perdeu tudo isso andando conosco as deslocadas de Lacombe High School. Tudo tem o seu preço afinal.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, e peguei um vestido vermelho bordô no armário, o tempo estava um pouco nublado, peguei um casaco preto e me vesti com ele, calcei um par de botinhas pretas, e desci, para a maior surpresa de todas. Algo que eu nunca esperava ver. Não pelos próximos 50 anos pelo menos. Minha mãe, estava tirando brownies do forno, e ela usava um vestido florido amarelo bem chamativo, e seus cabelos, apesar de ressecados, estavam perfeitamente arrumados em um rabo de cavalo, quando ela se virou para mim, vi que ela havia se maqueado, usava blush e gloss pêra. Ela parecia realmente feliz.