Capítulo 05 : Ajuda de bruxa

13 1 0
                                    

Angel

Sophia estava bem ao meu lado. Nos meus braços. Em outra ocasião eu teria me sentido o homem mais feliz do mundo. Mas não agora, e não desse jeito. Ela havia pedido a minha ajuda, tinha dito que não estava conseguindo respirar, e eu não fazia idéia do que estava acontecendo.

O sangue pulsava de forma agitada em suas veias. Se eu não tivesse anos de prática, com certeza, teria me dado ao luxo de fazer o que qualquer outro vampiro teria feito no meu lugar. Mordido ela bem ali. Sugar até a última gota de seu sangue, e depois simplesmente dar um jeito no corpo. Vampiros são criaturas incrivelmente inteligentes. Poderia me machucar, e dizer que algum psicopata havia atacado ela, e quando tentei ajudar, ele me atacou também, mas fugiu me deixando machucado e sangrando no chão.

Mas eu não podia fazer isso, nem se eu quisesse. Ela era incrivelmente linda, mesmo dormindo. Eu a amava, e ela com certeza sentia um sentimento tão forte quanto o amor por mim. O ódio. Aquilo partia meu coração sem vida, que eu sentia que estava começando a se aquecer, mesmo que já não pulsasse.

Cheguei perto, e beijei-a na testa. Há muito tempo, uma bruxa havia dito que um simples feitiço de animação podia acordar os humanos, já que esses são mais sensíveis à magia. Nesse momento havia passado uma coisa pela minha cabeça, e eu pude voltar no passado apenas fechando os olhos.

***

- Tudo bem. - disse a bruxa Evly sorrindo. - Você desmaiou porque está no estágio de transição Angel, o sol é mortal para os vampiros. Deve tomar mais cuidado. Você não morreu porque ainda é meio humano, por isso consegui acordá-lo, os humanos são mais sensíveis à magia.

- Evly. - chamei-a, e vi que era uma jovem morena muito bonita, e usava uma longa trança bem feita no cabelo. - Por favor, não quero depender da noite. Permita que eu também possa andar durante o dia sem que o sol me mate. Por favor.

Evly me avaliou por um instante, pareceu pensar no assunto.

- Você é bom Angel, qualquer um pode ver isso. É uma pena que tenha sido condenado à essa vida. Verônica o enganou, assim como também enganou seus irmãos, e toda essa cidade. Como também me enganou.

Ela havia ficado triste.

- Por favor, sei que pode me ajudar, e os meus irmãos também precisam da sua ajuda. - pedi entre golfadas de ar.

- Eu não sei Angel. Você é bom. Sei disso. Mas é um feitiço poderoso. Já o usei uma vez, e me arrependo de tê-lo feito.

- Por favor. - supliquei quase desmaiando.

- Tudo bem. - ela disse finalmente. - Vou fazer isso porque sua família sempre foi acolhedora comigo.

Ela se ajoelhou no chão, e pegou areia com apenas uma mão. Com a outra, ela abriu sua bolsa e tirou de lá um flor diferente de todas que eu já havia visto. Era grande e escura, um roxo quase preto. Ela esfregou a areia na flor despedaçando-a. Em seguida ela jogou a mistura estranha no ar e começou a fazer o encantamento.

- Exmih, the flowers, inmortallis, all sol.

Em seguida, a mistura se converteu em três feixes, um deles foi em minha direção, e as outras duas tomaram lugares distintos. A sensação era insuportável. Como se eu estivesse em chamas. Meu sangue fervia, não aguentava de dor, estava a ponto de morrer. Então, de repente a dor amenizou de forma considerável.

- Preste atenção Angel. Essa magia é muito poderosa, mas você precisa de cuidado. - escutei atentamente as palavras de Evly. - Você conhecia aquela flor?

- Não, nunca a vi antes. - disse curioso.

- E assim deve continuar. Aquela era uma orquídea negra, uma flor com poderes além da minha compreensão, ela deu a você, e a seus irmãos a capacidade de serem expostos ao sol, sem sofrer nenhum dano. Mas ouça. A orquídea negra é mortal para qualquer vampiro. Principalmente para vocês. Se você tocar em uma orquídea negra novamente, esse encanto estará desfeito, e nunca mais poderá ser recuperado. Não se esqueça disso, e avise a seus irmãos. Preciso ir agora.

- Espere! - gritei e ela se virou para mim. - Onde vai?

Ela suspirou profundamente.

- Verônica abusou do poder que eu a dei. A hipnose é terrível se usava de maneira errada. Preciso escrever coisas e proteger meu livro. E também guardar minha magia, para que minhas próximas gerações possam continuar ajudando as pessoas com o poder da cura. - ela disse se afastando. - Adeus Angel.

- Obrigado Evly.

***

Quando voltei ao agora, um único pensamento passou pela minha cabeça, a única pessoa que podia ajudar a Sophia: Misty.

Dei outro beijo em sua testa, coloquei com calma a cabeça dela no chão, e sussurei em seu ouvido: - Eu já volto meu amor.

Corri de novo pra o camping, e em menos de 2 segundos estava atrás de Misty. Dei um toque em seu ombro, e ela se virou.

- Preciso de sua ajuda. - pedi.

- E como eu posso ajudar? Espere. - ela parou de repente. - Você não matou alguém, matou?

- Porque eu mataria alguém? - perguntei confuso.

- Você sabe bem o porque, e eu também. - ela me observou assustada. - Ah não, Sophia? Como você pode? - ela se levantou de repente.

- Espere um minuto por favor. - vi que ela estava furiosa e com medo. - Eu não fiz nada com ela. Ela está bem, e precisa de você.

Ela me encarou aliviando a tensão do rosto, que ficou mais calmo.

- Onde ela está? - ela me perguntou.

- Lá dentro. Desmaiada.

- O quê? Como. - ela saiu correndo e eu a acompanhei.

- Eu também não sei, ela estava saindo, e parou de repente. - comecei a explicar. - E ela voltou e começou a brigar comigo, e disse que estava sentindo falta de ar, e desmaiou.

- E porque você pensou em mim? - ela perguntou ainda correndo.

- Há muitos anos, uma bruxa muito boa e poderosa me disse que às vezes, feitiços simples de animação surgia com o efeito instantâneo em um humano.

- Inteligente. - ela disse tomando ar. - Que bruxa era essa?

Olhei pra ela e me lembrei do sobrenome.

- Evly Gardênia. - disse.

Ela parou de depende.

- Evly? - ela ficou triste. - Minha tataravó. Realmente faz muito tempo. - dizendo isso ela retomou a corrida.

Estavamos próximos agora, entrei correndo com a velocidade de um vampiro, mas ela parou na entrada. Estava com uma expressão assustada no rosto.

- Ela está aqui Misty. - gritei. - Venha ajudar.

Ela correu para junto de nós e segurou meu pulso forte.

- Precisamos sair daqui, agora. - ela gritou de tal forma que me assustou.

- O que está havendo? - perguntei sem entender o que estava acontecendo.

Ela ergueu as mãos e começou a dizer palavras estranhas. Era um feitiço.

- Immobilous, quebrec! - ela gritou e uma brisa fria entrou no corredor.

- O que foi isso? - perguntei mais fui interrompido por uma rajada de vento e areia que apareceu do nada, e invadiu o corredor violentamente.

- Prottego! - Misty disse, e o vento passou por nós, e nem um único vento nos soprou.

- Misty, o que está havendo? - perguntei novamente.

- O que eu temia quando entrei aqui. - ela hesitou por um momento, mas continuou. - Esse lugar está impregnado de magia, e uma magia incrivelmente poderosa. Não é seguro aqui.

Saga Imortais: 01.LibertaOnde histórias criam vida. Descubra agora