Saga Imortais: 01.Liberta

Capítulo 07 : Angel não é tão mal

Sophia

Sentia minha cabeça girando. Uma onda de choque passava pelo meu corpo, aquilo me deixava animada, mesmo que eu quisesse ficar deitada e repousando. Ouvia vozes embaçadas, e eram conhecidas. Logo ouvi um gritinho de felicidade vindo de algum lugar à minha direita, conhecia bem aquela voz. Era Misty.

- Ela está bem. - disse animada. - Se bem que ela não parece bem.

- Estou bem Misty. - respondi em um sussurro.

- Ah Sophia, que bom. - ela exclamou eufórica. Dei um risonho para que ela não ficasse tão paranóica. E então, ouvi passos muito leves e abafados se afastando de mim.

- Quem está aí? - perguntei elevando um pouco a voz.

Quem quer que fosse, havia parado. E então ouvi passos vindo em minha direção.

- Sou eu Sophia. - disse uma voz familiar. - Como está se sentindo?

- Angel? - perguntei reconhecendo sua voz de imediato. - Estou bem, obrigada. O que faz aqui?

- Nada, só acompanhei a Misty, já estava de saída.

- Mentira! - gritou Misty interferindo. - Sophia, se você está aqui agora, e bem, é graças ao Angel. Ele quem me chamou, e ele quem te trouxe no colo até aqui. Foi um perfeito cavalheiro se quer saber.

- Isso é verdade Angel? - perguntei impressionada.

- Bem. - ele começou meio sem jeito, aposto que ele corou. - Não foi tudo isso.

- Não foi tudo isso? - Misty parecia brava. - Não seja modesto. Se não fosse você, a Sophia estaria em grandes apuros.

- Obrigada Angel. Devo minha vida a você.

- Tudo bem Sophia. Eu fiz com muito prazer. Pode ter certeza disso.

- Sophia? - perguntou Misty de novo. - O que houve lá? Você se lembra de algo?

Forcei minha memória para tentar contar tudo o que sabia.

- Não muito. - disse com um suspiro. - Só me lembro de sentir uma falta de ar terrível, e de todos aqueles pássaros voando.

- Pássaros? - perguntou Angel interessado. - Como assim, pássaros?

- Você estava lá, e viu. Todos aqueles pássaros negros voando, e pareciam nervosos. - respondi me lembrando da cena.

- E como eram esses pássaros ? - perguntou Misty.

- Bem, acho que eram corvos. Isso mesmo. Eram corvos!

Senti um passo hesitar para trás.

- Isso não é possível. - Angel disse. - Você não sabe o que está dizendo.

- Sei sim. Eram corvos. - respondi logo.

- Preciso ir agora, espero que fique Bem Sophia. Tchau Misty.

- Ah, tchau Angel - disse Misty com um tom de relutância na voz.

E a porta foi aberta, e logo fechada. Angel havia saído. Tentei me levantar, mas ainda estava meia zonza, abri meus olhos, mas eles se recusavam a enfrentar a luz que estava irradiando do abajur na mesa à frente. Vi que Misty sorriu.

- Tudo bem Sophia, eu posso diminuir pra você. - ela disse em tom calmo. - Está melhor?

- Ah, sim Misty, bem melhor, com certeza. Onde está a Viola, e a minha mãe?

- Bom, a Viola disse que tinha que ir pra casa mais cedo, acho que ela estava com fome ou algo parecido.

- Ah, e a mamãe?

- Está fora, acho que na biblioteca, você comentou algo mais cedo.

Procurei na memória, mas não encontrei nada.

- Hm. - disse, mas Carlos estrou correndo pela porta da frente com alguns ramos na mão.

- Oh! - ele suspirou. - Ela já acordou. Como você fez isso Misty?

- Você demorou muito, apenas a coloquei para cheirar álcool.

Carlos pensou por um momento, mas assentiu. Pegou o celular e ergueu uma sombrancelha.

- Mamãe mandou uma mensagem. Parece que ela vai jantar fora. - ele disse aguardando o aparelho no bolso. - Vou fazer meu dever, espero que melhore mais maninha.

- Obrigada. - eu disse francamente enquanto ele adentrava na casa.

- Viu só, o Angel foi um herói na verdade. - disse Misty me dando um soco de leve.

- Claro. - eu respondi me levantando. - Melhor que Viola, que eu nem sei onde está. Eu vou na casa dela, vamos?

- Nós nunca fomos lá, é muito longe, nos limites de Lacombe. E você ainda está fraca. - repreendeu Misty.

- Tudo bem, eu vou sozinha. - disse prendendo meu cabelo, e saindo.