Capítulo 04 : Pedido de desculpas

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Sophia

  Logo que saí do campo, me senti uma perfeita idiota. O que estava acontecendo comigo? Não era ciúmes, não mesmo. Estava na cara que o novato só queria ficar com todas as garotas. E eu não ia ser mais uma a parar na longa lista dele. Por mais que ele fosse incrivelmente encantador, não iria dar à ele o gostinho de ser mais um troféu em sua coleção. Minha cabeça estava girando, precisava me acalmar.

- Tudo bem Sophia? - Carlos chegou de repente e segurou meu ombro. - Parece tensa.

- Está tudo bem Carlos. - disse levando minhas mãos ao rosto. E o que você faz aqui? Não devia estar na aula?

- Sim, mas precisei buscar isso. - ele levantou uma sacola escura na altura do peito.

- E o que é isso? - perguntei tentando não demonstrar raiva e aflição.

- São cordas, vamos fazer uma aula diferente hoje. - ele disse olhando para a sacola. - Preciso ir maninha, espero que fique bem.

- Vou ficar. Obrigada - ele sorriu e continuou andando, logo já havia saído do corredor.

- Tudo bem, isso não pode acontecer. - comecei a falar sozinha. - Eu tenho que disfarçar melhor se não...

- Se não o quê? - me assustei quando ouvi aquilo e me virei para ver quem estava ali. Era o Angel. O idiota novato, estava parado bem atrás de mim. E o pior, eu estava tão distraída que não o tinha visto chegar.

- Quando você chegou aqui? - perguntei avaliando sua expressão. - A quanto tempo está aqui?

- Não a muito, e não se preocupe. Não ouvi sua conversa com seu irmão.

- Espere, como sabe que estava falando com meu irmão. - o encarei novamente e outra coisa passou pela minha cabeça. - Como sabe que ele é meu irmão?

- Ah... Heather comentou sobre ele. - ele começou a se explicar. - E também, ele te chamou de maninha, quer dizer alguma coisa não é mesmo?

- Claro. - fui irônica no ponto que eu queria. - Pensei que tivesse dito que não havia ouvido nossa conversa. Parece que também é mentiroso. - o rosto de Angel corol de imediato, havia descoberto sua mentira.

- Desculpe. - ele começou a dizer olhando para o chão. - Não quis me intrometer.

- Não importa. - respondi seca.

- Eu só queria falar com você. Vi que algo te incomoda, e eu não sei o que é. - ele parecia triste e bem verdadeiro em suas palavras.

- Não devia se incomodar tanto com a minha opinião, você está com a Heather, ela é a aluna mais popular da escola. - disse olhando fixamente nos seus olhos. - Vamos ser sinceros. Você é bem objetivo.

- Não, espere, você entendeu errado, não é nada disso que está pensando. Eu sou novo, não conheço quase ninguém, Heather foi gentil, e me ofereceu sua amizade. Seria indelicado de minha parte recusar.

- Não sei porque está me explicando isso. Eu nem te conheço. Por mim, você faz o que quiser, e se torna amigo de quem lhe der vontade. - respondi me virando, e ficando de costas para ele.

- Gostaria de ser seu amigo Sophia. - ele disse pegando no meu ombro. Senti um arrepio, algo bom, algo que me provocava.

- Realmente é uma pena. - menti. - De você eu não quero nada. Agora se me der licença. - disse já andando, o que o fez tirar a mão de meu ombro.

- Por favor Sophia. Você entendeu tudo errado. Eu não sinto nada pela Heather.

- O quê? - disse me virando novamente pra ele. - E porque está me falando isso? Não me importa o que você sente por ela, ou por qualquer pessoa. É sua vida, suas escolhas.

- Talvez tenha razão. - ele disse dando um passo à frente. - Mas mesmo assim, gostaria de me desculpar. Falei da Heather com você, e depois fiquei falando e me divertindo com ela. Não foi uma atitude muito correta. Desculpe-me por isso.

- Não precisa se desculpar. - disse com o sorriso mais irônico que consegui fazer, mas tenho certeza que foi péssimo. Não sou boa com essas coisas. - Eu não me importo com a Heather. E muito menos com você. - ele correu e passou a minha frente, me segurou pelos braços, e olhou diretamente para mim.

- Você não se importa comigo? - senti tristeza na sua voz, mas sabia o tipo de garoto que ele era. Não iria me deixar convencer por um garoto bonito.

Olhei para o chão, tentando desviar do seu olhar penetrante.

- Não, eu não me importo. - não sei porque, mas senti que cada palavra anunciada foi mentira. Uma dolorosa mentira.

- Então diz isso olhando nos meus olhos. - ele estava calmo, mas sua voz desesperada.

- Onde você quer chegar? Eu não sou obrigada a passar por isso, eu já disse, e fim de história. - minha voz estava histérica. - Me deixe em paz!

- Por favor Sophia, me perdoe, não quis que se alterasse. Eu juro. - mas eu já estava andando com pressa e com os nervos a flor da pele. Não iria parar e dar o gostinho de continuar lhe respondendo.

Foi quando aconteceu. Eu parei como se houvesse uma parente na minha frente, mas não havia nada. Tentei andar, mas eu não conseguia passar. Olhei para trás, e vi que Angel continuava triste, e encarava o chão. Aquilo me deixou ainda mais estressada, eu não sabia o que era aquilo, mas só podia ser ele, só estávamos nós naquele corredor vazio e escuro. Eu estava enfurecida.

- Esculta aqui. - disse me aproximando novamente dele com ainda mais pressa. - Eu não sei o que você fez mas... Aí!

- O que houve Sophia? - sua expressão havia mudado de triste para preocupado.

- Não é nada. - respondi ofegante. - Aí, meu Deus. Ah!

- Sophia? Sophia? - ele correu para junto de mim, e foi realmente rápido, não me lembro de vê-lo tão próximo, porque quando percebi, ele já estava do meu lado.

- Eu... não... consigo... respirar... me... ajuda!

- Vou te ajudar, claro.

Foram as últimas palavras que ouvi, depois disso. Apaguei.

Saga Imortais: 01.LibertaOnde histórias criam vida. Descubra agora