O Futuro do Jornal Impresso

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inevitável a discussão sobre o futuro do jornal impresso. Este produto que acompanha a história da comunicação e se tornou tão importante durante as últimas décadas está em clara decadência com a atual situação da internet. O leitor jovem lê notícias pelo computador, principalmente veiculadas por twitter e facebook, enquanto o mais velho que se interessa nos fatos assina o diário e o recebe em casa. Pouquíssimas pessoas compram jornal na banca por conta da falta de utilidade do item.

O destino do jornal impresso é claro e não é belo. As salas de aula dos cursos de jornalismo —que também morrerão em breve— discutem inúmeras vezes o assunto. A vivacidade dos alunos, cheios de vontade de mudar o mundo e energia para entrar em uma profissão sem horários fixos e meritocracia não mudará o futuro do produto. Os anunciantes —muito mais importantes que os jornalistas— não compram mais espaço no papel e, assim, cadernos não se pagam. A edição impressa acaba dando prejuízo.

Sugiro uma mudança. Creio que seja uma ideia radical e não ortodoxa mas talvez sejam essas as melhores ideias, as que realmente dão certo no fim dos dias. Não quero ver o fim do jornal impresso pois é dele que tiro meu ganha pão, sendo relacionada à ele minha principal função profissional.

Observando a utilidade do jornal, sugiro que uma mudança de paradigma aconteça. Ao invés de vender notícias no papel, que se venda papel com notícias. O investimento em jornalistas continuaria o mesmo —já que as redações vem diminuindo a cada dia— e a qualidade do papel aumentaria. Isso pode gerar mais custos no início mas uma breve campanha de conscientização pode mudar a maré e trazer lucro aos conglomerados de mídia.

O papel jornal, fino, que rasga fácil e solta tinta, seria substituído por vários tipos de papéis diferentes. Por exemplo, haverá a edição para se ler no banheiro, aquela para se ler na varanda e a da sala, cada qual com sua característica e qualidade de papel respectiva. A primeira, por exemplo, terá notícias impressas com tinta atóxica e papel macio com dupla face. Assim, o cliente poderá ler a notícia e fazer a higiene pessoal após terminá-la. Deste modo, o valor agregado se torna outro: vale mais a pena comprar rolos de papel higiênico, brancos e sem informação, ou um jornal diário que chega na porta de casa em formato, odor e textura convenientes?

Papéis mais absorventes podem ser usados para múltiplas tarefas, como o forrar da gaiola dos pássaros, o acender da churrasqueira ou até mesmo a remoção de odores. Se criada uma versão que lida bem com cola e tesoura, esculturas de papel machê podem ser efetuadas sem problemas. Deste modo, ainda maior valor será agregado ao jornal, que tem inúmeras utilidades domésticas e também entrega notícias e análises do dia anterior.

Este é outro problema do jornal: seu conteúdo se baseia no ontem. Tudo o que aconteceu hoje estará presente no jornal de amanhã. Sugiro então outra forma de jornal, menor, compacta, em forma de pequenos quadrados de papel que podem ser comprados em qualquer farmácia ou loja de conveniência. Eles, também atóxicos, acompanharão as pessoas dentro de seus bolsos, esperando um momento de tédio para sua remoção. O usuário lê o pequeno jornal, com drops noticiosos e listas interessantes, e depois usa o papel para limpar o nariz ou aquele pouco de água que caiu do copo. Notícia portátil e com múltipla utilidade.

Talvez desse modo teremos um novo futuro do jornal, a expansão de sua função, o aumento de sua importância e o maior lucro para as empresas. Com novos formatos e utilidades, o jornal impresso poderá sobreviver à crise que assola nosso país e substituir produtos que pareciam insubstituíveis.

Talvez a mudança revolucione o jornalismo, talvez seja apenas mais uma adaptação humana, espécie acostumada a sobreviver. O importante é não deixar com que o jornal morra, não deixar que o estimado produto se torne item de museu, uma relíquia de tempos passados.

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Este texto é uma sátira. Não o levo a sério e esta não é minha opinião. O fiz como exercício do site The Write Practice. E, principalmente: se você for meu chefe, não me demita.

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