Música na mídia: PG — Louvarei na tempestade
A descoberta mas sutil da vida jamais será revelada por inteiro; em partes você irá compreender facilmente; em outras, é necessário paciência e se acomodar atrás da escrivaninha ou em algum lugar silencioso para terminar de montar o quebra-cabeças.
Priscila Kelly
Cerro os punhos, enquanto a chuva cai, formando uma torrente à minha volta. O cheiro de terra molhada invade as narinas, permitindo assistir a marcha de retirada silenciosa dos últimos rostos de semblantes condolentes, enquanto alguns me abraçam na tentativa de amenizarem a dor. A minha visão é um borrão de fusões nebulosas pelas gotas gélidas de chuva e as incessantes lágrimas entrecortadas com o soluço cortante.
Sinto braços envolta dos meus ombros. Ele queria me afastar dali, mas ambos estávamos sofrendo.
— Não, pai. Me deixa aqui. — Desvencilhei do aperto com facilidade e corri, deslizando em frente ao túmulo recém-erguido.
— Chris. — A voz dele falhou, melancolicamente.
— Não, ela não morreu. Diga que isso é mentira, pai. Diga.
— Filho, eu sinto muito.
— Ela me abandonou. — Debrucei sobre o lamaçal de terra, ouvindo passos apressados se aproximando. Eu não queria sair daquele cemitério tão cedo. Desejava gastar o resto do tempo, lastimando pela tragédia ocorrida.
— Chris, sou eu. — O calor do abraço amigo me fez soluçar mais alto.
— Charles, ela não pôde ter morrido. Minha mãe...
— Ei, lembra que as pessoas não morrem. — Ergui a cabeça, o encarando. Não me conformava com aquela perda brusca. — Sua mãe está no céu junto com minha vó.
— Porquê Deus levou ela com minha irmãzinha, Charles? Agora, ela não vai mais contar historinhas para eu dormir. Nunca mais sentirei o bebê mexer dentro na barriga dela...nunca...
Charles levantou-se do chão de terra e estendeu a mão para mim.
— Nossos pais estão nos esperando. — Falou, contorcendo o semblante para não chorar junto comigo.
Direcionei o olhar para o céu nublado tempestuoso e gritei em plenos pulmões.
— Devolva minha mãe, por favor.
— Chris, pare com isso. — Ouço a voz do meu pai ao longe. Logo, a correria se estende até sentir meus braços serem puxados para trás.
— Me solta. — Fui lançado sobre os ombros largos dele para impedir um novo escape. — Eu quero mamãe.
Meus berros não o fizeram parar. Á distância, observei Charles junto com seus pais, nos acompanhando para fora dos portões gigantescos.
— Chris, isso está sendo difícil para mim, também. — Falou, abrindo a porta do carro e me deixando trancado. Pela janela, o vi despedindo dos amigos e retornando com um olhar desolador.
Minha infância evaporou aos oito anos de idade. Não existia mais vida dentro de casa e ter que lidar com a transformação drástica de meu pai foi o ápice da solidão. Ele praticamente me escorou na sarjeta da rua, deixando de pastorear a igreja para afundar-se na depressão profunda. Um inferno. Isso que comecei a viver. Nem todos os adjetivos que o descrevam, acertará o sentido da decepção impregnada no meu olhar. Deus, certamente decidiu punir-me ainda criança e o motivo...parei de procurar a partir do momento em que conheci aquela maldita dor e ela rasgar-me por dentro.
...♥♥♥...
¶ Olá amores, esse livro está passando por uma transformação. Ele foi um dos meus primeiros manuscritos e agora, terá uma nova versão. Como dito, as personagens serão as mesmas, e não sei quando começarei a postar os capítulos; mas espero que tenham gostado da apresentação. Garanto á você que gostou da antiga versão, irá gostar dessa, também. Agradeço muito a Deus e á vocês por me inspirarem á continuar a escrever.
¶ Beijos e amo vocês!!!
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Vestígios Do Amor {Completo Na Dreame}
Duchowe{ Título anterior: Quando o amor bate á porta } Quem nunca escutou o ditado: quem vê cara não vê coração? A descrição perfeita de Chris Mendes, a típica figura esbelta e popular mas longe de ser os famigerados playboys. Ele é amargurado. Taciturno...