Crônicas de Um Anjo Caído

Anjos também sentem

Eu me lembro muito bem da primeira vez que vi Dean Winchester, ele era um bebê, tinha olhos verdes e cabelos loiros. Antes dele nascer sua história já tinha sido escrita no céu, seu destino já estava traçado e desde então foi me dada a responsabilidade de cuidar dele. Ele cresceu e se tornou um homem forte e corajoso, nunca pude aparecer para Dean durante esses anos, as ordens divinas eram bem claras e não podiam ser desobedecidas.

Certo dia, como consequência de um pacto, aconteceu com Dean o que acontece a todos os humanos, a morte. Ele foi levado para o inferno e sofreu amargamente por um tempo, até que eu o salvei, não poderia ver meu garoto sofrer mais, na verdade eu não deveria ter deixado a morte o levar, mas anjos não podem interferir no contrato de pactos do inferno, tive que presenciar Dean ser assassinado por cães do inferno.

Depois de tê-lo salvado, tentei várias vezes me comunicar com ele, mas todas as tentativas foram em vão, até que um dia eu consegui e expliquei tudo o que havia acontecido, pois ele merecia saber. Dean sempre foi minha responsabilidade, eu nunca vi isso como um peso, muito pelo contrário, sempre foi gratificante.

Eu caí para salva-lo, aceitei todas as consequências para ficar ao lado dele para sempre, para que nada o machucasse, nunca mais. A partir de então, nunca mais nos separamos e pude cuidar dele de perto. Sempre tivemos uma forte ligação.

Dean tem um irmão chamado Sam, os dois moravam no Bunker, depois de muitas confusões, passei a morar junto com eles. Nem sempre tudo foi flores, Dean e eu brigávamos muito quando nos conhecemos.

Em um dia chuvoso, os meninos saíram para uma caçada, eu fiquei em casa. Depois que eu caí, sentia minha graça se esvaindo, então não eu não ia frequentemente às caçadas. Não tinha nada para fazer, então decidi ir até o quarto do Dean arrumar suas coisas, o quarto dele sempre estava uma bagunça. 

Percebi que havia alguns DVDs encima da televisão e decidi ver o que era. Enquanto passava as cenas, me sentei na cama e "se o cara da pizza gosta tanto da babá, porque ele fica batendo nela?".
Eu escutei um baralho, os meninos haviam chegado e Dean me encontrou vendo aquele filme muito complexo, me olhou com aqueles olhos verdes radiantes, percebeu que eu estava confuso e me explicou o que era aquilo. 

- Essa é a forma dos humanos matarem o desejo Cas, isso se chama pornografia, mais precisamente, sexo.

Eu fiquei bem confuso, tombei a cabeça e fiquei o encarando, ele colocou a mão no meu ombro e disse com um tom risonho: 

- Pelo visto temos um anjo virgem aqui.

- Creio que todos os anjos são virgens Dean.

O loiro riu e tirou sua camisa, eu me perguntei: o que ele está fazendo? Logo em seguida eu pude ver uma ferida no seu abdômen.

- O que aconteceu? - Perguntei apontando para a ferida.

- Isso foi na caçada, um Wendigo me atacou, mas não foi nada demais, vou tomar um banho.

Me aproximei dele e disse:

- Claro que foi, eu vou cuidar disso.

- Não precisa, estou bem. - Disse ele se esquivando de mim.

- Dean! - Falei grosseiramente.

Dean franziu a testa para mim, se sentou na cama e respondeu:

- Ok Cas, eu aceito sua ajuda, mas eu não quero que você fique gastando sua graça comigo.

Me sentei perto dele e coloquei minha mãe sobre a ferida, surgindo assim uma pequena luz. Olhei nos olhos dele dizendo:

- Isso não é problema para mim Dean, é meu dever cuidar de você.