Apenas duas velhas

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-x-( att dupla hoje florzinhas ♡ por favor leiam, votem e cometem meus amores)-x-

Demorou mas eu cheguei a um acordo comigo mesmo. As pessoas como Zayn Malik só falavam do futuro. No meu caso acontecia o contrário. Tudo que eu imaginava era no passado. E no meu passado tinham lugar especial a fazenda e as duas velhas: Meg e Katy.

Eu nunca perguntei, mas tenho quase certeza de que elas já viviam na fazenda quando meu avô morreu. De certa forma, meu pai herdou as duas junto com a propriedade. E essa foi a melhor parte da herança. De igual elas tinham o fato de serem velhas. De resto eram muito diferentes. E as diferenças ficavam mais evidentes na maneira de ser e de resolver as coisas.

Ao contrário de Meg, magra, espigada, Katy era gorda, roliça e não perdia a oportunidade de fofocar:

- Sr. Robin, dona Anne... Eu ia passando pela cozinha e sem querer senti cheiro de comida queimada. Meg deve ter queimado o feijão.

Meus pais trocavam olhares silenciosos, e a Katy se retirava com a satisfação do dever cumprido. No entanto quem imaginar que Meg ficava de vítima, se engana redondamente. Ela não deixava por menos e agia exato como a rival. Vez em quando, pegava minha mãe num canto e insinuava:

- Dona Anne, a senhora não leva a mal, mas acho que tá na hora de aposentar a Katy...

- Aposentar a Katy? Por que Meg? Ela está doente? - Vigiando de um lado e de outro, a velha falava baixinho-

- Não é doença, não, dona Anne, é idade mesmo. Ela vive esquecendo as coisas e, qualquer hora,  vai esquecer o ferro de passar numa camisa do seu Robin ou no vestido da senhora...

- Nossa! A Katy é tão nova!

- Nova? Que nova nada, dona Anne! Ela é muito mais velha que eu! - mentia Meg. E acrescentava: - Além do mais, tá tão gorda que não consegue andar.

Minha mãe, que conhecia a rivalidade antiga, ria muito. E voltava a rir depois, a contar as invenções de Meg para meu pai. Foi após uma dessas tantas sessões de riso que eu senti o primeiro golpe. Meu pai riu com a extravagância da velha, e, em seguida, propôs:

- É por essas e outras que sempre relutei em vender a fazenda. O que seria da Meg e da Katy sem o casarão?

- E você acha que eu não penso nelas? O problema é que nós não podemos ficar com essa terra parada, enquanto pagamos aluguel.

- Isso é verdade. Com o dinheirinho da venda dava para comprar uma boa casa e ainda sobrava algum pra começar um pequeno negócio.

No início, pensei que não estava entendendo direito. Imaginei que falassem de outra fazenda. Por via das dúvidas, perguntei:

- Pai... Mãe... Vocês estão falando de vender a fazenda?

Enquanto minha mãe ensaiava para responder, eu adivinhei. Bastou o jeito como ela me olhou. Então confirmou de viva voz:

- Nós não somos fazendeiros, Harry. Seu pai deixou a fazenda ainda criança para estudar em Bradford. A terra não produz nada... E com o dinheiro da venda a gente podia comprar uma boa casa.

Sem saber o que dizer, repeti o argumento do meu pai:

- E a Meg, a Katy... Pra onde elas vão? O que vai acontecer com elas?

Minha mãe encarou o meu pai, pedindo "socorro", mas ele baixou a vista. Então ela tentou, pouco convincente:

- A gente pode falar com o novo proprietário para ficar com as duas.

Eu não queria chorar na frente dela, mas senti os olhos incharem, e, contra minha vontade, as lágrimas rolaram pelo rosto. Só me restou para fora e chorar escondido.

Primeiro amor // l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora