Capítulo 4

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O alarme mais uma vez atormentava-me a cabeça. Já eram oito e meia da manhã, continuava cheia de sono, como era de prever depois de ter deitado às quatro da manhã por ter estado a conversar com a Ariana. Olhei para a cama do lado e ela não estava lá, teve aulas mais cedo que eu. Voltei a fechar os olhos. Conseguia ouvir a chuva a bater na janela. Estava lentamente a deixar-me invadir pela sonolência, e comecei a sonhar, mas fui interrompida por um bater na porta. Só podem estar a brincar comigo. Levantei-me e fui em direção da porta, abri-a. A Katherine estava á minha frente e mais uma rapariga que parecia também ter saído de uma caixa de barbies. Tinha o cabelo preto, olhos azuis e um corpo perfeito.

-Oi. - Olhou-me de alto a baixo, o Alexander deve ter feito uma aposta e como a perdeu teve de namorar com esta gaja, só pode.

-Eu sei, o meu pijama é super chique, comprei na Chanel. - Revirei os olhos.

-A sério? - A do cabelo preto ficou boquiaberta.

-Vocês vão dizer o que querem ou vou ter de fechar a porta na vossa cara?

-É fácil, mantem-te longe do Dave. Não vais querer testar a minha mão cabra.

-O meu irmão não é para ti.

-Era só isso? - Elas assentiram. - Deviam saber que eu nunca faço o que me mandam, e talvez também deviam saber que eu não tenho medo de pessoas que começam a chorar por ter partido uma unha. - Ia fechar a porta, mas a Katherine não deixou.

-Devias saber que a Kyra e o Dave já têm uma história junta.

-Oh, que querido! Deviam escrever um livro juntos! - Esbocei um grande sorriso.

-O que se passa? - Uma voz masculina junta-se à conversa, era o Dave.

-Chegaste na hora certa, elas decidiram vir ameaçar-me para não andar contigo. - Ele solta uma gargalhada.

-Caga para elas, a minha irmã e a Kyra vêm coisas onde não há, eu e a Kyra só foi curtes de noites. - Ele nem sequer olhava para elas, veio em minha direção e entrou no meu quarto, puxou-me para ele. - Deixem-na em paz. - Fechou a porta á chaves e virou-se para mim. Os olhos dele estavam vermelhos. Não sabia se era por ter estado a chorar ou por se calhar ter fumado erva.

-O que se passou? - Inclino a cabeça, e ele abraça-me.

Sim. Ele estava sem dúvida a chorar. Sentia as lágrimas quentes dele a tocarem na minha face. Ficámos assim por uns bons minutos, até que ele decidiu encostar a testa na minha. Os olhos verdes dele tornaram-se mais claros que já eram. Agarrou a minha cabeça.

-Dave, o que se passou?

-Shhh. - E disto beijou-me, mas eu não cedi e descolei os nossos lábios. - O que foi?

-O que foi digo eu Dave. Não podes vir assim ao meu quarto, chorares no meu ombro e depois beijares-me. Não é assim que se faz. - Ele esboçou um sorriso e sentou-se na minha cama desfeita.

-Então ensina-me como se faz, porque eu nunca me atrevi a contar o que se passa comigo. - Sento-me à beira dele.

-Só conta. Não precisas de ter medo do como contar as coisas porque eu também nunca o fiz, por isso sei tanto como tu, talvez menos. E se quiseres não precisas de contar.

-Talvez um dia te conte. - Ele olhou-me. - Não vais ter aula?

-Tenho coisas mais importantes para fazer. Fica aqui. - Sorri, peguei numas jeans e num top preto básico e vesti-o na casa de banho.

-Podias-te ter vestido aqui. - Sento-me na cadeira da secretária e calço uns ténis pretos.

-Parece que já estás muito feliz. - Abano a cabeça negativamente. - Anda daí.

-Vamos aonde? - Levantei-me, peguei na mão dele e puxei-o.

-Segredo.

-Isso agrada-me, Skye Bush.

-Está calado, Dave Furler.

-Então cala-me. - Ele franziu as sobrancelhas e eu ri.

-Vê lá se não queres que te cale com um estalo.

-Porque não cedes? - Inclinou a cabeça, segurou-me na cintura e aproximou-me dele.

-No dia que me conheceste disseste que eu era demasiado inteligente para me envolver contigo.

-Eu disse que eras inteligente? Não devias ouvir tudo que digo. E eu não estou a dizer para envolveres, mas sim para cederes e dizeres que és apaixonada por mim. - Dou uma gargalhada.

-Isso querias tu. - Solto-me dele e saio do quarto, ele vem atrás de mim. Tranco a porta. - Preparado por seres derrubado por uma rapariga? - Começo a correr o mais rápido possível até chegar ao jardim, mas ele consegue alcançar a minha velocidade e deita-me ao chão, ficando por cima de mim.

-Isto lembra-te de alguma coisa? - Ri-me e passei o meu polegar por uma lágrima que continuava na face dele. - Lembras-me dela. - Ele sorriu.

-Dela quem? - Os olhos dele estavam vasos.

-Esquece. - Ele saltou para se por em pé, e depois ajudou-me. - Hoje vai haver uma festa na casa de um amigo, queres vir comigo?

-Porque não?

-Espera lá, tu estás mesmo a aceitar?

-É assim tão estranho? Porque sim, de vez em quando costumo sair e ir a festas.

-Não disse isso, mas fiquei admirado por queres ir a uma festa com um parvo.

-Isso tens razão, eu nunca iria a uma festa com um parvo - Sorrio, e continuo a correr até à fábrica abandonada, levanto um pedaço de madeira e começo a descer as escadas. Tinha vindo a este sítio no dia que vim conhecer a universidade.

-O que é isto?

-Promete que não contas disto a ninguém. Venho aqui quando preciso. Penso que isto seja catacumbas de algum sítio. Mas não ainda não chegamos. - Seguro-lhe na mão e começo a caminhar até um sítio que tinha uma cama.

-Bush, isso é muito para o segundo encontro, levar-me para a cama, que atrevida! -Rio-me, arrasto a cama, tinha outras escadas.

-Nem te quero perguntar como conseguiste encontrar isto. - Continuo a descer as escadas.

Estava tal como eu tinha deixado. Um saco de boxe, uma escrivaninha com vários cadernos, onde eu escrevia e desenhava, um cavalete, e várias telas a secarem no chão.

-Porque deixas isto aqui? Alguém te pode assaltar.

-Isto é da família do meu pai, o meu pai viveu aqui, a cama que arrastei era onde ele dormia quando tinha a nossa idade, ele contou-me deste sítio antes de morrer. Isto está no meu nome, e em breve quero remodelar, talvez deixe de dormir nos dormitórios e venha para aqui depois.

-E depois festas aqui, certo?

-Não Dave, eu odeio festas, e muito menos ter de limpar a merda dos outros. - Suspiro.

-Então vais tornar isto no quê? - Vou até á minha escrivaninha e pego num caderno e mostro-lhe os meus esboços.

-O meu pai e eu costumava-mos ter ideias para a casa perfeita, o meu pai estava sempre a falar em como queria voltar aqui e tornar a fábrica num castelo para mim. Quando ele morreu eu prometi-lhe que ia cumprir o seu sonho. - Fecho os olhos. Enquanto dizia aquelas palavras as memórias voltavam. Tudo que me rodeava morria, tudo estava a morrer. E não parava. A morte era a coisa que me assustava mais. Tinha medo do desconhecido, o que teria de incluir a morte. Toda a minha vida rezei para um Deus que não acredito há espera que a vida não fosse só isto, que houvesse mais senão esta vida inútil de humano. Sentia sempre um aperto no coração que pensava nisso, por isso evitava. Odeio a morte e tudo que ela me traz.


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⏰ Last updated: Feb 06, 2016 ⏰

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