Separados Por Um Só Medo

Capítulo 1

        "O COMEÇO DE TUDO"

- Joseph, ainda deitado? Hora de acordar filho, a aula começa em 30 minutos.

- Já vou, mãe.

Era segunda-feira do dia 24 de setembro, e como de costume, minha mãe tinha o péssimo hábito de me acordar faltando meia hora antes da aula começar. O nome dela? Bom, não interessa agora. Tudo que me interessava nesse exato momento, era está ainda na cama dormindo e sonhando em um dia achar o amor da minha vida. E enquanto esse dia não chega, tenho que me contentar com a triste realidade que vivo e conviver com a eterna dor de um dia ter sofrido uma desilusão amorosa. A história entre mim e Guen Park foi bem confusa, durou três anos de muitas brigas, desentendimentos e ciúmes, mas, infelizmente, durou três anos que significaram muito para mim. Diante das circunstâncias, quero logo deixar bem claro, sim, foi o ciúme que estragou tudo. Então, se tens um namorado(a), tome cuidado, ciúmes demais estraga qualquer história de amor. Talvez os dois sejam amigos e rivais ao mesmo tempo. Onde ela estaria agora? Não sei, em algum lugar de New York curtindo sua simples vida, enquanto me contento com a minha mãe me enchendo o saco para que eu vá a escola todos os dias. Em meio a tantos acordos e desentendimentos entre me levantar ou ficar deitado, optei pela primeira opção. Na verdade, não optei, é que não existia outra escolha mesmo. Então desci as pequenas escadas que davam acesso ao banheiro e depois fui me arrumar para mais um dia tedioso igual aos outros.

- Já está pronto Joseph?

Dessa vez não era a voz da minha mãe. Era a voz de um colega de classe, que morava ao lado da minha casa e que eu não dava muita atenção. Quando uma voz de uma pessoa que você não tá afim de conversar, fala com você logo cedo da manhã, ali, você já tem uma ideia do quão tedioso será seu dia.

- É, estou sim.
- Vamos cara, o dia hoje será cheio.
- Ô, nem me fale o quanto, Drey.

Ao chegar na escola, lembrei que a primeira aula seria de matemática. Então peguei meu fone de ouvido, coloquei algumas músicas de Green Day e comecei a ouvir o mais alto que pudera, para não ter que escutar a voz chata do professor Magnus, falando o quão importante é a matemática e suas equações. Mal pude ouvir a primeira música, já me deparei com ele bem na minha frente fazendo gestos para que eu retirasse o fone e o entregasse.

- E lá se foi a minha última alternativa de não ter que ouvir essa aula chata.

(Falei em tom baixo para que ele não pudesse ouvir)

- Falou alguma coisa Sr. Paul ?
- Só que queria meu fone de volta.
- No final da aula irei devolvê-lo.

Nossa, eu teria que esperar até o final. Então criei coragem e resolvi enfrentar a realidade prestando atenção em sua "interessantíssima" aula de matemática sobre o Teorema de Pitágoras. As horas foram se passando, e quando menos esperava, ouvi o sinal tocar.

- Próxima semana haverá teste sobre o conteúdo dado na aula de hoje. Estudem!
- Sr. Magnus, poderia me devolver o fone?
- Está aqui.

Então saí para o intervalo na esperança das horas se passarem rápido, e eu enfim, chegar em casa para assistir a série do Arqueiro Verde. Não que eu a amasse, mas é que entre ficar em casa assistindo e está na escola, eu preferia ficar em casa assistindo mesmo. Minutos depois, o intervalo havia acabado, e as outras aulas foram se passando uma por uma. Primeiro, a de ciências, depois a de história, e por último a de arte. O sinal acabara de tocar para a saída, apressadamente levantei da carteira e deixei o fone cair.

- Joseph, acho que isso que caiu no chão pertence a você.
- Obrigado Thommy.
- Mas e aí, você já superou o lance com a Guen? - Falou Thommy em tom curioso.
- É, acho que já.
- Temos que colocar o papo em dia. - Disse em tom de brincadeira.
- Podemos colocar agora, no caminho para casa.
- Adoraria, mas vou ter que ficar mais um pouco aqui. Fiquei na recuperação de matemática. - Lamentou Thommy, com um ar meio triste.
- Boa Sorte!
- Obrigado. Irei precisar. Éé ... Joseph, você não quer acompanhar o Drey? Sei que odeia ir para casa sem companhia. - Falou em tom sarcástico.
- Aah, boa ideia. Fui ...