Aquele dia não poderia ter começado melhor. Primeiro Ênio havia levantado tarde o que significaria que teria de correr para a escola porque o ônibus já havia passado há muito. Depois estava a chover fortemente. Para completar o péssimo dia, teria de cobrir os jogos interclasses da escola para o jornal.
Só Deus sabe o quanto ele odeia aquele esporte.
Teria de ir já que havia perdido covardemente no sorteio.
Ao chegar a escola já passava do horário, falou com a secretária gentil e foi em direção a sala, sabia que não assistiria a primeira aula então preferiu sentar-se em um banco ao lado da porta. Não demorou cinco minutos e alguém se aproxima, de início Ênio não percebeu quem era já que estava concentrado ou na música que ouvia em seus fones ou no livro que acabara de comprar na Amazon. Até que a pessoa tocou-lhe levemente o assustando.
— Ei, calma ai. – disse – Chegando atrasado superestrela? – concluiu.
O garoto retirou os fones de ouvido e encarou impassível aquele cara, não era qualquer cara, ele era Fernando ou Nando, para a maioria, não para Ênio. Aquele garoto era o artilheiro do time de sua sala também conhecido como o impulsivo quase sem cérebro, pelo menos era assim que Ênio e algumas pessoas do jornal o chamava pelas suas atitudes de babaca.
Ênio não iria rebatê-lo, afinal sabia que era isso que o mais alto queria que fizesse, preferiu apenas respirar fundo e voltar sua atenção ao celular, mil vezes ler sobre mais um assassinato misterioso a ter de encará-lo.
— Ei, ouvi dizer que vai torcer pela nossa classe – Nando falou tentando quebrar o gelo que se instalou durante um tempo – Legal de sua parte.
— Eu não vou torcer pela nossa turma – o garoto falou ainda olhando para a tela de seu celular – eu vou trabalhar, é apenas um trabalho. – finalizou ainda sem encarar o castanho que sorriu de lado em deboche.
— Mas bem que você poderia fazer uma forcinha e torcer pela gente – começou – o prêmio é uma ótima viagem pra Porto Dias e você sabe o quanto Micaela queria conhecer o mar.
Ênio não evitou deixar que seu celular se desprendesse de suas mãos e caísse sobre sua bolsa. Fernando Vasconcelos pesando nos outros? Desde quando isso era possível e ainda mais na Micaela a garota que ele, até ano passado praticava bullying por ela ser acima do peso?
Nando riu da expressão espantosa de Ênio o fazendo voltar a realidade novamente e sorrir cinicamente para o mais alto.
— Desde quando se importa com os desejos dos outros? – Ênio quis saber – Por acaso planeja fazer mais alguma palhaçada com a garota?
— Não! – Nando ditou com veemência erguendo as mãos – É claro que não, só quero fazer o certo desta vez. – deu um meio sorriso encarando o moreno.
Ênio definitivamente não acreditaria naquela conversa dele. De jeito nenhum, ninguém muda da noite para o dia, isso é fato.
— Ok, se você diz quem sou eu para julgar, não é mesmo? – sorriu de lado – agora, se me dá licença, preciso ir ao banheiro antes de entrar na aula. – falou levantando-se e saindo corredor afora.
***
As horas passaram se arrastando principalmente quando Vitória entrou para mais uma patética aula de inglês que, ao pensar de Ênio, era ridícula. Os alunos não saiam do verbo To Be, totalmente desnecessária, afinal ela nem mesmo tinha sequer alguma formação em língua inglesa.
— Ei como se sente tendo de ir assistir aos jogos? – Elena perguntou a Ênio que sentava-se na carteira a frente da sua – Acho que vai ser legal. – ela disse como se respondesse a própria pergunta.
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Apenas Um Dia
JugendliteraturVocê certamente já teve um daqueles dias na qual levantar-se do aconchego de sua cama é um pecado e, mesmo assim você o tem de fazer, que neste dia em questão as coisas que você tem a fazer não dão nada certo, muito pelo contrário, o destino - se vo...