Muda

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As paredes gritam, saltam, tremem. E eu muda. O teto me encara com seus olhos furiosos por eu estar aqui parada. Deitada nessa cama vazia, percebo que está com lotação máxima. E eu muda. Também, como aquelas pernas poderiam suportar mais alguém tão cheio de sentimentos que eu? Cega por tanta água salgada nos olhos, recordo das vozes que passavam por aqui ecoando por todo esse enorme cômodo que sem você nem é tão grande assim. Agora aqui estou: muda. Neste momento, as discussões não faziam mais sentido, entanto o silêncio gritava chorando a sua ausência. Mas foi quando a dor já amenizada pedia mais sofrer, que notei a minha sincera tolice te esperando muda voltar para casa. Pedi a remuneração dos meus sorrisos, tomei minha coragem pelo braço e troquei a fechadura da porta. Pronto. Às vezes ainda encontro a solidão pela sala me dizendo: menina, muda.

Maresia SentimentalOnde histórias criam vida. Descubra agora