A mercantilização do amor

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Talvez seja por conta da globalização, ou dos costumes culturais, ou mesmo do passado histórico mundial. No entanto, desde quando o amor se tornou um produto?  Quando começamos a nos interessar por alguém queremos saber todo seu passado, o que fez, o que cursou, o emprego, os hobbies, para enfim pensar se vale a pena obter a companhia daquela pessoa. Muitas das vezes não nos identificamos de primeira com tal mercadoria. É como uma vitrine: às vezes a olhamos e rapidamente queremos entrar na loja, outras vezes simplesmente entramos na loja e lá dentro descobrimos algo que nos interesse. Aí levamos ou não. No começo chegamos em casa animados com o produto obtido e, se há algo de errado, simplesmente trocamos. Há quem diga que o amor, como qualquer produto, tem prazo de validade. Será que se soubéssemos quanto tempo realmente duraria uma relação, optaríamos por vivê-la? Pense no seu último relacionamento: você escolheria viver aquele amor sabendo exato momento do fim? E o fim sempre deixa marcas, ou melhor, dívidas. Há aqueles que logo conseguem se livrar daquelas cobranças que o coração manda dizendo que, no fundo, ainda não acabou. No meu caso, parcelei muitas vezes no cartão e ainda pago os altos juros. Talvez o amor seja isso: quanto maior o valor, maior o preço. Eu não sei. Só não quero ser mercadoria. Talvez eu não tenha conserto real em algumas peças, falhe, seja limitado. Eu nem sei qual seria meu preço, mas não quero ser alugado, vendido, comprado e trocado. Se fôssemos árvores, duraríamos mais. No entanto, não há quem queira realmente nos regar. Demora, não há tempo ou paciência. Na era digital, tudo deve ser rápido. Talvez você não me encontre mais nessas lojas por aí. Não estou mais à venda. Mas, caso queira, te receberei em meu jardim. Sou semente, se quiser, me floresça.

Maresia SentimentalOnde histórias criam vida. Descubra agora