SOS

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-Deve ter sido um inimigo.

-Será que foi o Fael?

-Será amiga? Nossa que pesado!

-Véi, eu vou falar com ele pra esclarecer umas coisinhas.

-Tá, depois me conta TUDO. Beijo

LIGAÇÃO OFF

Disquei o número do Rafael imediatamente.

LIGAÇÃO ON

-Oi Rafael!

-Oi minha linda! Que surpresa boa você me ligando.

-Menos! Eu tenho uma pergunta pra te fazer.

-Se for pra voltar com você, eu quero.

-Não imbecil, eu quero saber se foi você que atropelou o Fred.

-Eu? Tá louca? Nem sei quem é Fred!

-É o que matou seu irmão e é o meu ex namorado.

-Eu que sou seu ex namorado. Mas não por muito tempo.

-É sério, foi você que tava de moto e atropelou o Fred?

-Então foi ele.... Sabia que conhecia aquele rosto.

-Como assim? Você realmente atropelou ele?

-Pelo jeito, sim. E aí, ele morreu?

-Você é um monstro mesmo. Por que você não voltou pra ajudar ele?

-Porque tinha um tantão de gente na rua e eles tavam doidos pra me bater, aí eu vazei.

-Eu não tô acreditando nisso.

-Eu também não. Eu consegui atropelar o cara que matou meu irmão.

-Quanta frieza Rafael!

-Mas a pergunta é: tá vivo?

LIGAÇÃO OFF

Eu encerrei a chamada e estava chorando um pouco. Eu amava o Fred mesmo ele sendo todo errado? Eu deveria atender ao pedido da mãe dele?

Já era noite e eu estava exausta. Fui tomar um banho e deitei pra dormir. Meu ânimo para levantar numa quarta-feira para ir pra escola era abaixo de zero, mas sei que minhas notas tinham que ser acima de zero, então levantei.

Meu irmão estava na cozinha tomando seu café e eu dei um beijo na sua bochecha acariciando seu cabelo. Comi um pão com mortadela e fui vestir meu uniforme.

Sai de casa, cheguei na escola e vi minha amiga se aproximar.

-Conte-me TUDO.

-Primeiramente bom dia senhorita.

-Fala logo e para de viadagem.

-Foi o Rafael que atropelou o Frederico.

-Mentira! Nossa que filho de puta.

-Pois é, e ele ainda teve a cara de pau de me perguntar se ele morreu.

-Que vergonha alheia. Mas diz aí, cê vai visitar ele no hospital?

-Acho que não.

-Mas e se ele acordar do coma?

-Talvez eu mude de ideia e vá.

O maldito sinal bateu e nós fomos para as nossas salas. Suportei três aulas de química e depois fui pro recreio reencontrar com ela.

Na saída, fui sozinha pra casa. Minha mãe fez o almoço e quando acabei de comer, troquei de roupa e fui à caminho do hospital.

-Tchau família.

-Aonde você vai?

-No hospital Xxx.

-Ver o Fred? Não demora.

Não respondi e fui. Cheguei lá e já sabia o caminho do quarto dele. Encontrei uma enfermeira na porta que disse que ele ainda estava em coma e autorizou minha entrada.

Ele parecia dormir e eu cheguei mais perto. Dei um beijo na sua testa que ainda estava enfaixada. Sentei numa poltrona e enviei um áudio pra minha mãe
"Oi mãe, já cheguei no hospital, o Fred ainda está em coma."

Fiquei distraída com o celular, mas de repente ouço uma voz rouca chamar pelo meu nome. Levantei a cabeça e me assustei quando vi Fred já acordado.

Nem fui até ele e corri até o corredor para avisar alguns dos médicos e por pura coincidência, era o mesmo que estava com ele ontem:

-Doutor, ele acordou do coma.

Ele entrou no quarto, mas não permitiu que eu entrasse. Fiquei esperando numa sala com várias cadeiras e um balcão. Eu estava completamente nervosa e após uma hora de puro tédio e tensão, o médico aparece e eu vou literalmente correndo até ele:

-Eaí, tem notícias?

-Ele acordou do coma e ainda está um pouco confuso. Ele, provavelmente, receberá alta daqui duas semanas.

-Okey, mas eu posso ir até lá?

-Pode sim, ele acabou de voltar de um exame.

-Obrigada.

Abri a porta do quarto e ele se mexeu um pouco. Cheguei bem perto dele, mas não encostei nele.

-Oi Fred.

-Lena? Oi.

Ele deu um sorriso fraco porém verdadeiro.

-Você quer me matar de susto é garoto?

-Eu nem sei o que aconteceu.

-A gente brigou, você saiu estressado e foi atropelado pelo Rafael. Ficou em coma por um diazinho e agora tá aqui.

-Eu não me lembro de nada.

-Aos poucos você vai recuperar a memória.

-Uma pergunta: se a gente brigou por
que você tá aqui?

-Porque você me chamou aqui ontem e eu voltei aqui hoje.

-Só por isso?

-É. Eu não sei o que você esperava que eu falasse, mas eu disse apenas a verdade.

-Você gosta de mim?

-Se eu não gostasse, estaria festejando sua desgraça na minha casa.

-Que fofa meu Deus!

-Eu sei, sempre fui.

A enfermeira bateu na porta, pediu licença. Ela possuía uma bandeja nas mãos.

Ela caminhou até ele e deixou-a numa mesinha que possuía ao lado. Depois ela saiu e eu encarei a sopa presente na bandeja.

-Você consegue comer sozinho?

-Consigo, mas tô doido pra ver você me dando comida na boca.

-Folgado. Vou fazer isso por você, mas é só hoje.

Peguei a sopa e ele se sentou na cama. Eu peguei a colher, soprei pra esfriar um pouco e dei na boca dele. Ele parecia uma criança indefesa e era como se eu fosse sua mãe.

Depois de repetir o mesmo movimento trezentas vezes, deixei o prato de lado e me sentei exausta na poltrona.

-Deita aqui comigo.

-Frederico, você tem que se comportar, aqui é um hospital.

-É que eu te quero o mais perto possível. Pra sempre. Começando agora.

MudançasOnde histórias criam vida. Descubra agora