Segundo Capítulo

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Calum havia de fato feito merda.

E graças a isso acabara sendo levado pela policia para um local sigiloso, onde não correria risco de vida. Calum sabia o que havia acontecido com a professora de anomalias, sabia o que havia a matado e o porquê. Não chegara a contar os detalhes para Luke, apenas dissera para o mesmo manter distancia de todos que pudessem o machucar, principalmente das ameaças invisíveis.

Aquela fora, sem sombra de duvidas, a conversa mais estranha que tivera com o amigo em um grande tempo, parecia até mesmo que Calum estava drogado – seus olhos estavam levemente avermelhados e estava suando a frio – e falando coisas sem nexo. Mas algo nos olhares do amigo o fazia acreditar que ele sabia do que estava falando, o medo era real demais para que fosse uma ilusão gerada por drogas.

Luke não sabia como o fato de Calum saber daquelas coisas pudessem ter sido culpa do mesmo, mas não discutira com o mesmo, apenas ouvira as afirmações estranhas e confusas que o mesmo soltava junto com suspiros e gemidos de medo. Nunca vir o amigo agir daquela forma, talvez por isso não o contestara em nenhum momento, como se quisesse ver até onde o moreno iria com aquela loucura.

Agora apenas sentia falta do melhor amigo, já que não podia se comunicar com o mesmo. Sua turma havia de fato sido dispersada pelos outros segundos anos da escola, e em sua turma não tinha ninguém com quem pudesse conversar, já que não fizera amizade com ninguém dali. Todos eram irritantemente idiotas e sem graça, estereotipados ao extremo – sendo todas as garotas pertencentes ao grupo das lideres de torcida e todos os garotos pertencentes de um time esportivo – e com vozes fanhas que lhe doíam a cabeça.

Luke de fato não havia se dado bem com a sua nova classe, e graças a isso acabou tendo que encontrar amizade em alguém fora de da mesma, e acabou encontrando essa amizade em Michael. Não esperava que o mesmo fosse tão interessante quanto vinha sendo, realmente achava que ele fosse um garoto frustrado com a vida e com todos ao seu redor, mas ele era na verdade uma pessoa extremamente feliz e um tanto quanto infantil em alguns quesitos.

Naquele curto período de semanas, já havia ajudado o garoto a tingir os cabelos cerca de quatro vezes – passando do rosa chiclete para o loiro platinado, do loiro platinado para o verde, do verde para o roxo e do roxo para o preto. Também brigara com o mesmo tentando por na cabeça de vento do mais velho que o cabelo do mesmo precisava de uma boa hidratação para perder o aspecto de palha que ganhara ao passar das tinturas; porém o garoto apenas lhe mostrava o dedo do meio como resposta – o que irritava o loiro profundamente.

Conhecera a família do mesmo em uma das tardes que o ajudara a pintar o cabelo, e achara surpreendente o fato de como eles foram simpáticos consigo mesmo tendo noção que ele sabia de suas condições. E tinha quase que certeza que a irmã mais nova de Michael havia dado em cima de si, fazendo diversos elogios ao seu cabelo "tão macio quanto seda" e ao seu piercing – o que apenas fez o colorido revirar os olhos.

-– Me desculpe por ela, acho que o seu cheiro deve ser muito bom. – Disse Michael antes do loiro ir embora naquele dia – Ela não é tão atirada assim, pelo menos não sempre.

O comentário apenas fez o loiro corar, não por conta do comentário de Michael em si, mas por saber que talvez seu cheiro fosse atraente às anomalias. Nunca entendera como as anomalias conseguiam distinguir o cheiro de uma pessoa para outra, pois ao olfato pouco desenvolvido de Luke, todos tinham o mesmo cheiro – menos quando passavam perfume, era fácil identificar alguém com perfume. Homens e mulheres, sem passar nenhum creme ou perfume, possuíam o mesmo cheiro de suor e, às vezes, do local em que viviam; mas tirando isso nada de especial.

Sabia que estava sendo inocente em tentar comparar o seu olfato com o das anomalias, porém queria entender um pouco sobre aquilo – queria entender como cada pessoa possuía um cheiro único aos narizes das anomalias. E naquele dia prometera a si mesmo que perguntaria a irmã de Michael a respeito disso na próxima vez que a visse.

Anomalias / LashtonOnde histórias criam vida. Descubra agora