1- Convite

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"Você precisa ir, irmã!" insistiu ela mais uma vez.

"Já disse que não", retruquei irritada. 

"A gente nunca mais saiu juntas. Melhor dizendo, você nunca mais saiu de casa. Só sai para trabalhar e olhe lá. Você precisa voltar a viver, estou realmente preocupada" insistiu, suspirando e demonstrando sua frustração.

"Posso pensar e responder à noite?" perguntei, cansada.

"Você promete?" perguntou descrente.

"Prometo" afirmei, tentando passar-lhe confiança.

"Vou confiar em você. Pense com carinho" sorriu.

"Tá bom. Agora eu tenho que ir" levantei-me para sair do quarto.

"Para onde vai?" perguntou curiosa.

"Eu já sou maior de idade, sabia Graziella?" olhei-a irônica.

"Para mim você sempre será uma bebezinha" deu de ombros. "Vai, me conta logo" levantou e bagunçou meu cabelo.

"Não faz isso" bufei tentando arrumar meus fios. "Não vou contar, tchau. Não deixa meu quarto uma zona" cerrei meus olhos para ela em ameaça.

"Não prometo nada" deitou-se na minha cama de novo, e eu saí do quarto. "QUERO MINHA RESPOSTA ESTA NOITE E ESPERO QUE ELA SEJA POSITIVA!" ouvi-a gritar quando já estava no corredor.

Apesar de evitar admitir, eu sei que Grazi está certa. Eu de fato preciso espairecer. Ficar dentro de casa só existindo ou só trabalhar compulsivamente não está me ajudando. Com aqueles pensamentos rodando minha mente, vou até a casa da minha melhor amiga. Preciso desabafar, e ninguém melhor para isso do que ela.

"Oi, amiga" me abraça após abrir a porta de casa.

"Oi, estava com saudades" retribuo o abraço.

"Também estava!" me aperta. "Vem, entra" abre caminho para que eu possa passar.

"Cadê o Titi?" pergunto após me sentar ao seu lado à mesa onde tomava café da manhã.

"Foi para o trabalho, eu acho" dá de ombros.

"Hum" murmuro enquanto analiso atentamente minhas unhas.

"Você não veio aqui perguntar sobre meu irmão, veio?" me olha desconfiada. "Vai, desembucha."

"Você acha que eu estou me isolando demais?" pergunto ainda olhando para minhas mãos.

"Acho e já te disse isso. Mas por que essa dúvida agora?" me olha sem entender.

"A Grazi" digo simples.

"O que tem ela?" questiona ainda confusa.

"Ela me disse isso hoje e tá insistindo muito para que eu vá à festa do Mioto" dou de ombros.

"E o que tem? Achei que você e ele fossem super amigos" diz simples.

"E nós somos. Eu só não sei se já estou pronta para ir a uma festa com tantas pessoas" admiti. "Você sabe que ele nunca dá festas pequenas."

"Sem essa, amiga. Você precisa voltar a sair, curtir, se divertir. Depois do Felipe, parece que você se fechou para o resto do mundo. Isso não tem te feito bem, dá para ver nitidamente nas matérias que tem escrito. Parece que você perdeu o ânimo pelas coisas" me olha preocupada. "Eu não gosto de te ver assim, e sei que você mesma também não gosta. Então faz um esforcinho, sai, vai curtir com seus amigos, tenho certeza que você vai se sentir um pouco melhor" sorri acolhedora.

"Eu não sei" suspiro.

"Eu sei. Você vai" diz simples. "Eu e o Titi também vamos. Iremos todos juntos" sorri.

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