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    Pessoas dançando, pulando, gritando, conversando, rindo e se pegando nos cantos. Não necessariamente nesta ordem. A música estava tão alta que sentia meus órgãos vibrarem dentro de mim, a luz estroboscópica fazia com que todos dançassem bem aos olhos de quem observava.

    E eu estava no meio disso tudo, dançando sem me preocupar com nada, sem sentir o tempo, apenas deixando as batidas das músicas eletrônicas tomarem conta do meu corpo. Meus amigos estavam em algum canto tentando pegar alguém, ou traçando alguma gostosa por aí. Não que fosse realmente alguma mina gostosa, mas a essa altura do campeonato eles já estavam chamando urubu de meu loro.

    Cansei de dançar e fui em direção ao bar da balada, me encostei no balcão e fiquei observando tudo ao redor. Para mim tudo isso é fascinante, tem alguma coisa deslumbrante em corpos suados, deslizando em movimentos de acordo com as batidas da música, se esfregando uns nos outros, ou dançando sozinhos como se não pertencessem a ninguém, livres de qualquer coisa que prendam eles fora daqui. Ou talvez seja apenas a tequila começando a mexer comigo.

    Fico parado olhando as pessoas na pista de dança, quando uma delas me chama atenção. Mas logo some de vista entre todas as outras. Decido ir atrás pra ver se a encontro, mas uma agitação fora do normal chama minha atenção e a de mais algumas pessoas ou redor. Aparentemente está havendo uma briga entre dois caras.

    O maior deles empurra o outro, que cambaleia para trás com uma expressão assustada e as mãos para frente, tentando se proteger impedindo que o outro se aproxime mais.

    Quando olho mais de perto percebo que o grandão me é familiar, então me aproximo mais ainda, e com um susto percebo que é o Henrique, um dos meus amigos. Henrique aponta o dedo no rosto do cara, que o olha com os olhos arregalados e néga com a cabeça, mas logo em seguida o seu olhar muda ficando cada vez mais enfurecido. Então ele parte para cima do Henrique lhe acertando um soco de direita bem na boca, e os dois começam a brigar com socos e pontapés, até os seguranças aparecerem e interromperem a briga, levando ambos para os fundos da balada. Respiro fundo e vou indo o mais rápido que posso em direção a eles.

    Quando chego perto, agarro o braço do segurança que está com o Henrique, preso com suas mãos atrás das costas e urrando alguma coisa para ele. O segurança se vira e me olha com raiva.

- O que você quer?

- Olha cara, eu tô junto com ele... Não tem como você só esquecer oque aconteceu e liberar o meu amigo aqui.- Termino soltando o braço do segurando e colocando a mão no ombro do Henrique

O segurança me encara por meio segundo, me segura e nos joga para fora da balada.

- É melhor nem tentarem entrar outra vez, a menos que queiram conversar mais intimamente comigo.- Ele abre um sorriso forçado e entra batendo a porta.

    Estávamos os três no chão encarando a porta preta dos fundos. Quando o Henrique resmunga alguma coisa e volta a ir para cima do outro cara. Desta vez quem entra no meio pra separar os dois sou eu e acabo levando um soco do Henrique.

- Caralhoo meu. Chega com essa porra Henrique!

    Ele para, me olha por alguns segundos e se vira com raiva indo em direção a avenida. Me viro ao escutar o outro cara gemer de dor e lhe ofereço minha mão para que ele possa se levantar.

- Valeu Brother.- Ele me diz se levantando devagar

    Ele é do meu tamanho, pele branca e cabelos castanhos, olhos também castanhos, porem claros e muito brilhantes. Ele para é me encara, olhando bem no fundo dos meus olhos com intensidade, e por algum motivo estranho não consigo olhar para outro lugar a não ser para ele. Quando percebo que está ficando estranho, solto minha mão com força da dele.

- Não sou seu Brother.- Falo entredentes, com raiva do fulano.

- Tanto faz.- Ele Bate as mãos na calça, limpando-as, me olha mais uma vez e vai na direção contrária à que Henrique foi.

**************

   Só quando chego em casa percebo que já amanheceu. Pago o táxi e subo para o apartamento pela entrada de serviço, abro a porta e vou entrando devagar, passando sem fazer barulho pelo quarto dos empregados.

Chego no quarto e me jogo na cama de sapato e tudo.

- Mas que merda de noite foi essa? – Fico encarando o teto e repassando oque aconteceu.

    No começo da noite os caras vieram me tirar do tédio. Vieram o Henrique, Matheus, David e o Gordo, e me arrastaram pra balada. A gente bebeu, conversou e zuo pra Caralho. Depois foi cada um pra um canto, por que tava na hora da pregação, e diferente de alguns caras aí, não empatamos a foda uns dos outros.

    Beijei umas aqui e outras ali, mas elas estavam tão fácinhas que nem deu vontade de levar pra algum lugar e pegar de jeito. Eu gosto de desafio, gosto de sentir gostinho de vitória no final. Mas elas já vinham se arreganhando pra mim.

    A noite foi passando e entre os beijos e as doses de tequila, tudo foi ficando chato, foi aí que eu decidi ir p pista, dançar e esquecer do mundo. E toda aquela merda aconteceu, o cabaço do Henrique arranjando briga, fomos expulsos da balada, ele foi embora sem mim, e pra variar ainda tem aquele fulano que me encarou quando o ajudei a se levantar. Pra que olhar com tanta intensidade pra alguém? Parecia que seus olhos enxergavam dentro de mim, e ele ficou me encarando de um jeito que confesso que me fez sentir estranho, sei lá por que, e nem sei explicar como me senti. Só sei que foi muita viadagem pro meu gosto. E eu gosto é de buceta. Buceta! Isso mesmo! 

    Não vem com viadagem pro meu lado, por que eu tenho nojo de viado!

    Só de pensar naqueles olhos me encarando me dá raiva. Aqueles intensos olhos castanhos claros...

    Acabo caindo no sono pensando no por que daqueles olhos, serem diferentes dos tantos outros castanhos que já vi.


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 Primeiro Capitulo \õ/ espero que gostem.

Continuem a ler e comentem sobre o que vocês acharam.

Não se esqueçam de Favoritar  ✪

O Amor entre a Raiva e o Desejo. (Romance Gay)Where stories live. Discover now