Pés não falhem agora

81 10 2
                                    

Maysha acordou olhando para o céu azul, sem nuvens, apenas aquela imensidão entorpecente. Ficou olhando, sem conseguir sentir nada, lembrar de nada ou pensar em nada. Ficou assim por tempo indeterminado, minutos ou horas, até que seus olhos começaram a arder e ela se levantou. Usava o que havia sido um lindo vestido branco, mas ele estava sujo e rasgado. Seu cabelo loiro caia em cascata por suas costas, com folhas e pequenos galhos secos presos a ele. Seu rosto estava sujo de fuligem, mas seus olhos azuis ainda se realçavam e não deixavam que sua beleza fosse apagada.

Ela olhou ao redor, estava em um jardim maravilhoso. Diversas flores brotavam nos canteiros, havia bancos, luminárias e cercas vivas que pareciam funcionar como uma espécie de labirinto. Maysha olhou para suas mãos, certificando-se de que o anel de Dorota ainda estava ali. Um pequeno arco de prata com uma pedra verde, esmeralda talvez. Não importava, ele era poderoso demais para que isso importasse.

Seguindo por uma cerca viva ela se encontrou em um beco sem saída e foi obrigada a retornar, mas não chegou ao local de onde tinha partido. Surpresa e assustada, Maysha seguiu em outra direção, deparando-se dessa vez com uma clareira rodeada de rosas vermelhas. Franzindo a testa, ela voltou e novamente, se encontrou em outro lugar.

__Pés, não me falhem agora! –Implorou Maysha, apertando o anel em sua mão e seguindo em outra direção. As cercas vivam a cercaram de ambos os lados e ela andou por cerca de uma hora antes que seu pequeno labirinto desse lugar a um gramado. Ele se estendia por um longo espaço até que uma pequena mansão tomava o seu lugar. A frente da casa era toda de vidro, com muitas janelas, muitas cortinas e se houvesse alguém lá, ela não teria nenhuma vantagem de terreno. Maysha ponderou suas opções, estava cansada, com fome e sede, não havia para onde voltar. Seguiu em direção a casa, foi preciso uma longa caminhada, mas enfim chegou.

Havia flores e mais flores, uma pscina ernome que parecia circundar a casa, um chafariz com pássaros coloridos a se banhar. E nenhum sinal de seres humanos, exceto, pelo som de música. Som de piano, como um farfalhar de folhas ao vento, podia ser real ou sua imaginação, mas quando ela se aproximou da casa, viu que era alguém, havia alguém lá dentro, tocando. Ela se aproximou a passos lentos e entrou pela porta principal, não havia ninguém na sala. Vasculhou todos os cômodos no andar de baixo e não havia ninguém, o barulho parecia vir de cima, assim, ela pegou uma faca na cozinha e subiu silenciosamente as escadas.

Encontrou-se em um corredor com muitas portas, todas fechadas. Maysha enconstou o ouvido em todas elas e não conseguiu definir em qual sala o piano estava. Assim, resolveu abrir a primeira porta.

Estava em um cômodo vazio, havia apenas uma cômoda perto da janela. Na outra porta, se encontrou em um quarto, todas as paredes eram de vidro, até mesmo o chão e havia uma cama com uma colcha vermelha. Apenas isso.

Na terceira porta havia caixas e caixas e mais caixas empilhadas. Na quarta, havia uma cama king size no centro do quarto, cortinas cor de creme nas janelas, carpete no chão. Uma mesinha para estudo abarrotada de papéis e um guarda-roupa. Maysha abriu uma porta e ele estava vazio, ela se sentiu decepcionada, pois jurava que haveria casacos e a passagem para Nárnia. Voltando a mesinha ela viu que os montes de papeis era poemas, todos escritos a mão e assinados apenas com um traço, pegou um deles.

'' ''Pra que lamentar?

Lamentar a morte

Por que chorar?

Todos temos sorte

A vida é uma festa

Não existe nada melhor

Ou outra como esta

Ninguém sai na pior

Vamos morrer

Morrer de festejar

Pois antes de perceber

Você parou de respirar''

Maysha dobrou o papel e colocou no soutien, foi quando ela percebeu que o som havia cessado e que a porta do quarto estava sendo fechada.


A maldição da deusaOnde histórias criam vida. Descubra agora