A janela da sacada estava aberta, deixando que um vento frio entrasse e que a lua iluminasse o ambiente, de forma que ela não precisou acender a luz. Não havia nada lá, apenas o piano. Era um piano de cauda, provavelmente antigo, mas muito bem conservado. Um banco baixo, acolchoado, da mesma cor do instrumento, o acompanhava. Havia uma pequena caixa de madeira sobre ele. Era toda marcada com estranhos símbolos que se repetiam em vários lugares e tinha uma pedra verde cravejada no centro da caixa. Maysha pegou a caixa e abriu. Havia um pergaminho enrolado, parecia tão velho que ela teve medo de pegar, mas quando o abriu percebeu que ele era resistente e não se esfarelaria em suas mãos. Era um mapa e ela não conseguia entender nada do que estava escrito ali, era uma linguagem completamente diferente de tudo que ela havia visto e os desenhos eram muito rústicos, mas era um mapa e ela sabia que era ''o mapa''.
Sentiu-se inquieta por ter sido tão fácil, por ter ido direto ali e agora que tinha o mapa não sabia o que fazer. Respirando fundo ela apertou a caixa contra o peito e foi até a sacada. Era mais do que uma sacada, era uma varanda que se estendia ao redor da casa. Ela seguiu até chegar a uma porta que estava escancarada e se deu conta de que estava no quarto em que havia entrado quando chegou à mansão, onde havia achado o poema. Ela não se lembrava da sacada, mas se lembrava de cortinas amarelas na parede, que tolice. O quarto estava vazio, a cama desarrumada. Maysha sentiu seu estomago embrulhar, ele a encontraria e a prenderia novamente.
A vantagem era dele, em todos os sentidos. Se ela voltasse ao quarto, ele daria falta do mapa. Se ele a encontrasse vagando pela casa, provavelmente não ficaria feliz e ela nem ao menos sabia como sair da casa, a chance de encontrá-lo era enorme.
''pense Maysha, pense''.
Um surto de adrenalina invadiu seu corpo e ela saiu do quarto. Atravessou o corredor a passos rápidos, desceu a escada, não havia ninguém na sala e a porta estava apenas encostada. Saiu com facilidade da casa, mal acreditando em sua sorte e sentindo o frio vento bater em seu rosto. Sabia para onde ir, o jardim, era perto, conseguiria chegar sem ser notada.
__Maysha. –Uma voz vinda da escuridão chamou seu nome. A voz dele. Ela sentiu um aperto no peito, estava sendo fácil demais. Era pra ela ter desconfiado que daria errado no final, certo? Ele saiu das sombras, entrando na luz que a lua fornecia. Não parecia estar bravo, apenas cansado.
__Vai me levar de volta? –Ela perguntou com a garganta arranhando e se preparando para correr.
__Não.
Ele lhe deu as costas e caminhou pelo pequeno jardim, sentando-se em um pequeno banco de madeira. Maysha não pensou, apenas foi até ele e se sentou do seu lado. Ele estava sem óculos e ela pode ver que seus olhos eram azuis, seus cílios grandes, qualquer mulher invejaria. Sua boca era vermelha e parecia macia, ela mordeu o lábio e desviou o olhar. Ficaram sentados em silêncio, a garota sentia o doce aroma das flores, mas só conseguia se focar na presença dele e no barulho que o seu coração fazia.
__Fico feliz de você ter encontrado o mapa. –Ele disse baixo, quase inaudivelmente.
__O que?
__O mapa. Eu não podia lhe entregar, mas se você o encontrasse eu podia deixar você ir embora. Eram as regras.
__Regras? Que regras?
__As regras do jogo, ora.
__Eu não sei do que você falando.
Ele a encarou com as sobrancelhas erguidas, uma leve ruga de preocupação em sua testa.
__Você não sabe onde se meteu, não é mesmo? –Ela não disse nada, realmente não sabia, ele prosseguiu. – Sou um preso de Afrodite também. Ela me mantém aqui há muito tempo.
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A maldição da deusa
Короткий рассказHá milhares de anos Helena sofreu uma maldição. Para ser livre novamente, ela precisa da ajuda de Maysha, Susan, Aundrey e Thalia. As quatro amigas vão viver várias aventuras em busca da liberdade de Helena, e no meio do caminho haverá encontros, de...