Ele era alto, mais do que ela. Usava uma calça jeans escura e uma blusa vermelha de manga comprida. Estava descalço. Ele a encarava diretamente nos olhos, como se ela não tivesse uma faca em mãos e não fosse uma estranha. Ele era moreno, cabelo curto e escuro, óculos grandes e redondos. Maysha perdeu momentaneamente o ar com a beleza do rapaz, mas se lembrou do motivo de estar ali e ergueu a faca de forma desafiadora.
O moço apenas deu um meio sorriso, continuando a encará-la, seus dentes eram tortos, mas ele tinha um olhar travesso que poderia conquistar qualquer mulher. Maysha apertou o cabo da faca com mais força, sentindo sua textura rústica quase afundar em sua pele.
__Não tenha medo- Ele disse com uma vez aveludada, que fez Maysha querer largar a faca e pular em seus braços, mas em vez disso, ela deu um passo para trás e ergueu ainda mais a faca.
-Por que eu confiaria em você? – Ela perguntou, se odiando por deixar todo seu medo transparecer em sua voz. ''sou uma idiota, o que posso fazer com esse instrumento mortal, afiado de 30 centímetros, que eu não sei usar?''
Ele pareceu perceber o medo em sua voz, mas continuou encarando-a pelo que durou minutos. Até que se virou e saiu do quarto. Maysha ficou aturdida e por alguns instantes nem conseguiu se mover, depois fechou os olhos e caiu contra a parede, respirando pausadamente. Esperava um confronto, ter que se explicar, ter que machucá-lo para conseguir ajuda ''ai meu deus, ele foi buscar uma arma''. Com esse pensamento, ela saiu em disparada da sala e por instinto passou por todo o corredor, por todas as portas brancas, pretas, cor de creme... Ela entrou na última. A porta era cinza e tinha claves de sol desenhadas por toda a sua superfície, sem hesitar ela abriu a porta e entrou de supetão.
O piso era de madeira, e o cômodo era amplo, havia apenas um piano no centro da sala que dava vista para uma varanda que mostrava o por do sol, raios entravam e iluminavam o ambiente, dando o aspecto de cena de filme. O homem estava sentado na banqueta e começou a tocar uma música que ela conhecia, sim, ela conhecia, mas não se lembrava qual era.
A canção penetrou em seu corpo aos poucos até que ela se sentiu fraca e a faca caiu de suas mãos, Maysha sentia uma pressão na cabeça, mas não importava, ela só queria ouvir a música. Deu um passo a frente e caiu de joelhos, ele continuou tocando e ela continuou sentindo a canção, mas agora sua garganta se apertava, ela não conseguia respirar bem, tudo começou a rodar e escurecer, mas a música preenchia todo o seu corpo, ela poderia ouvir aquilo pra sempre. Seu corpo fraco se rendeu e ela deitou no chão, em posição fetal, olhos focados nas costas do estranho homem e a canção percorrendo seu corpo.
A música parou e ela ouviu passos vindos em sua direção, mas ainda assim não conseguiu se mover. O rosto do homem estranho pairou sobre ela, agora ele não ria e sim possuía um olhar diabólico. Maysha tateou em busca de sua faca, mas antes que conseguisse se mover, ela sentiu sua cabeça bater no piso de madeira e tudo escureceu.
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A maldição da deusa
Short StoryHá milhares de anos Helena sofreu uma maldição. Para ser livre novamente, ela precisa da ajuda de Maysha, Susan, Aundrey e Thalia. As quatro amigas vão viver várias aventuras em busca da liberdade de Helena, e no meio do caminho haverá encontros, de...