Caindo na real

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Já tinha recebido a liberação do hospital, o que era bom, e estou com licença até amanhã para ficar de repouso na minha casa de família, assim me dando tempo para pensar na vida e ver o rumo que ela estava tomando.

Estou meio confusa, depois da discussão e de algumas revelações que tive fiquei com dúvidas, se o Oliver é primo do Rafa, o Rafa deve ser primo da Juh. Então por isso que o enterro dela foi aqui, eles já viriam para NY então ficou mais cômodo para eles não mandarem o corpo para o Brasil.

Esse não era o assunto que eu queria tocar, enfim, eu estou parando para pensar umas coisas. Estou muito confusa, só fico feliz por não ter recebido nenhum bilhete misterioso do meu "conhecido" que nunca se identifica.

****
Eram 18:30 e eu ainda não tinha recebido uma nova casa de família, estava morta, já tinha rodado NY toda e nada de me ligarem para avisar sobre a minha nova "família". Estava torcendo para serem saudáveis e com a cabeça no lugar, porque já deu de escândalos.

Me ligam.

-Alô?

-Nina?! Oi, por conta da sua estadia no hospital seu intercâmbio será aumentado, sinto pelo ocorrido.

-Tudo bem, e a casa de família?

-Putz, tinha até esquecido de ver!

-Que, que isso... Eu espero você resolver para mim, não estou com pressa mesmo(Sério isso?! Cansei de esperar já)

-Que ótimo, porque eu tenho umas coisas para resolver, depois eu vejo da sua casa nova...

-Haha... Ok então-desligo o telefone sem nem pensar.

Que ódio! Porra?! "Tenho outras coisas para resolver", acorda querido que eu acabei de sair do hospital. Que ódio, acho que vou para um hotel antes que fique muito tarde.

-Passa a carteira agora! Eu não to zoando.

-Claro....

-Não olha para mim, só passe sua carteira!

-Tá aqui...

Até aqui eu sou roubada, que vacilo. Agora nada de hotel, nem comida. Se eu tivesse com meu violão até poderia tentar arranhar alguma coisa nele, mas eu não tenho nada para fazer além de ficar olhando para o teto...

Para o céu, para ser mais clara... E começou a chover, ótimo. Para deixar meu dia mais alegre, acho que vou entrar dentro de uma loja para ver se me aqueço pois está muito frio. E aquela praga do diretor me ligar que é bom, nada!

-Perdão, senhora... Você só pode ficar aqui se for consumir algo.

-Eu acabei...

-Aqui, pode me ver um café que eu estou com ela.

Eu já ia brigar com o Oliver ou o Rafa, qualquer uma dessas pragas que fosse, quando vi que não era nenhum do dois, na verdade era um rapaz com feição conhecida, mas que não me lembro o nome...

-Olá! Desculpa não me apresentar, creio que não lembre mais de mim, sou o Leo, estudei com você na terceira série, mas sai na 6ª.

-Leo? Quanto tempo, o que te trás aqui?

-Eu moro aqui, eu sai da escola por isso.

-E como você sabia que eu estaria aqui?

-Estava louco para te encontrar, estava na Europa de férias e vi uma menina muito parecida com você. Sabe eu nunca te esqueci, então me vieram lembranças e eu resolvi te procurar...

-Uau, que de..determinado não?!

-Brincadeira, queria ver sua cara de pânico hahahaha.... Eu venho aqui, nesse café, direto. Meu pai é dono de uma empresa de aviões, a Parket State, que são os meus sobrenomes.

-Eu acho que voei nela quando vim para cá, sua vida mudou bastante...

-Dê um bolsista para multimilionário, bastante mesmo se formos ver por esse lado, mas a essência sempre fica.... O que a traz aqui?

-Muitos problemas na minha vida....

-Desculpe-me por ser indelicado, era assunto pessoal? Se sim nem termine, deixa que eu te pago um café...

-Agradeço, e muito. Acabei de ser roubada, estou perdida... E meu telefone tá sem carga, uma coisa linda.

-Por que não me disse antes, estou com carregador aqui...

-Sério? Muito obrigada, eu estou tão feliz por te reencontrar Oli...

-Ia dizendo algo?

-Nada é que eu... - é desabo em lágrimas, que linda. Não vê o amigo a anos e quando revê está sem dinheiro, bateira e sem cabeça...

-Está tudo bem? Eu falei algo errado?

-Não foi você, é minha vida...

Não me aguentei, estava muito mal, começo a contar tudo que aconteceu para ele, a louca! Esta morrendo de chorar e contando coisas pessoais para um amigo que nem conhece mais. Para você ver o quão perturbada eu estava com essa história.

Me ligam da escola.

-Nina, você terá que bancar um hotel hoje pois, infelizmente, não pude ver sua casa de família hoje.

-Jura?! Que inútil você, não? Eu fui roubada e não tenho um dólar, como eu pago o hotel?

-A culpa não é minha se você deu um ataque com sua última família, vai dizer que todo seu dinheiro estava na carteira?

-Não, mas a chave da minha mala onde tem o resto do dinheiro estava na carteira...

-Veja o lado positivo, pelo menos está viva e saiu sem sequelas...

-Pelo menos? Você tem problema??

-Não se altere, meu dia foi igual ao seu..

-Sério, não sabia que você passou o dia exausto, foi roubado e agora está se desmanchando em lágrimas para um amigo que você não vê á anos. Ou foi e eu não sei?

-Eu passei o dia aqui e trocaram meu café, colocaram leite nele...

-Nossa!! Que tragédia, estava torcendo para você ser intolerante...

-Que rude da sua parte tais palavras...

-Que deselegante você não se oferecer para me dar um hotel, espero que pegue uma fila de 3 horas no Starbucks!

-Você não acha que está sendo rude?

-Você não acha que se você não fosse tão inútil eu seria gentil, agora me desculpe pois tenho que procurar um hotel.- desligo na cara dele

Perdi a paciência total, quem ele acha que é para falar de tal modo, eu estou sem casa para ficar e ele ainda trata como nada, foi grosso comigo no hospital e ainda acha que meu problema é irrelevante.

-Nina, não fique assim...- diz Leo me abraçando

-Eu to desesperada...

-Por que não passa a noite lá em casa?

Summer loveOnde histórias criam vida. Descubra agora