Brunch?

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-Parece que chegamos-disse ele me encarando como quem espera alguma reação. Estava pálida, parada, não sabia como proceder. Subi de mão dadas com ele pensando em coisas bem aleatórias, quando chegamos eu nem reparei, ele era meu guia enquanto estava viajando, pensando em um romance tipo Romeu e Julieta, como queria ter passado por essa experiência, amor verdadeiro a ponto de me tomar a sanidade mental e me dispor a me sacrificar por alguém.

-Nina?! Aqueles chocolates não te fizeram bem, juro que não tinha nada neles...

-Oi, desculpa, estava meio preocupada com a minha situação em relação a escola-mentira pesada, mas vamos fingir que não eram devaneios amorosos para aparentar ser mentalmente saudável- Claro, chegamos, então... Nunca visitei Paris, você será meu guia, começaremos com o restaurante, não sei um "a" de francês...

-Pode deixar madame, outra exigência relevante?

-Claro, dez toalhas brancas no meu quarto e talheres de prata- digo rindo- melhor viagem que eu vou fazer na vida está acontecendo...

-Bom saber que eu estou incluso nela- Leo diz sorrindo timidamente

-Com quem mais seria?- digo deixando um ar de mistério e olhando para o buquê que ele havia me dado, eram lindos girassóis misturados com algumas rosas brancas.

-Pelo visto gostou do agrado, lindas flores, mas nenhuma delas é tão bela você, por mais bonita que a natureza pareça, sem sua presença ela não é nada

Foi o suficiente para me deixar corada, passei do nível morango para o nível tomate, minhas bochechas ficaram quentes, sentia meu coração acelerar, o motivo eu não sei, só senti isso.

-Parece que temos uma rosa tímida não é mesmo? Vou pedir a melhor mesa para nós, a melhor vista da sua vida.

****

-Que dia maravilhoso- digo com um sorriso de ponta a ponta- nunca comi tão bem- como sempre gulosa que só vendo - muito obrigada por me proporcionar isso.

-Que isso, não chega aos pés do que você merece, agora gostaria de te levar em um lugar se você ainda tiver "espaço" para o último alimento do dia, sei que ama sorvete, mas vou te apresentar algo um pouco, bem pouco, mais gostoso. Topa?

-Estou curiosa, topo- senhor, o medo dele me levar para comer algo muito exótico me consumia, mas só o fato de estar perto dele era legal, além do mais era comida, e comida ,meu querido, não se recusa...

-Me dê a mão e feche os olhos, serei seu guia, confia em mim?

-Confio, eu acho. Não me machuque...

-Não teria coragem de tocar em um fio de seu cabelo sem permissão, muito menos fazer gracinhas com objetivo de machuca-lá

(Novamente corei, nada muito incomum)

Andamos bastante, pelo menos uns vinte minutos, estava tão curiosa, mas tinha que manter promessa, confio nele e não irei abrir os olhos até chegar.

-Chegamos, aqui servem o melhor creme brulee que você vai sonhar em comer

-Creme o que?

-Você vai experimentar, só te garanto que é maravilhosa.

Ele pediu e sentamos um pouco, começamos a conversar:

-Mas então, o que almeja na vida?-perguntei para tentar puxar um assunto melhor de todos que tivemos nos últimos dias, ou seja, Oliver, Rafa, roubo, problemas com a escola, ou seja, problemas chatos em geral

-Assunto bem aleatório, mas foi uma ótima ideia, eu não pensei em nada além de falar sobre Paris. Bom, vou continuar a empresa do meu pai, me manter nos negócios da família, entende? Ele lutou tanto para isso, não posso ser egoísta e querer seguir meu sonho de médico sendo filho único.

-Interessante...

Ficou um silêncio repentino, não ia começar a falar sem uma pergunta e ele me encarava como quem queria algo. Ficou um clima meio constrangedor, dois amigos que não se viam a muito tempo, de repente andando pelas ruas de Paris como um casal apaixonado que acredita em amor verdadeiro, onde não há decepções e problemas, o famoso romance perfeito/ de filmes.

-Nina eu...- ele ia começar a falar algo, eu vi que era para o sentimental, não queria mesmo tocar em tal assunto hoje, só queria curtir o dia, mais um relacionamento em menos de um mês não dá, por isso o interrompi avisando da senha tentando fingir um entusiasmo no olhar como uma criança esperando o dia de natal para abrir os presentes.

-Então, prove, espero que goste-fala ele meio cabisbaixo, mas logo se recompõe para evitar questionamentos por minha parte, isso foi ótimo, me livrei de um problema com comida.

-Antes de comer quero fazer uma pergunta e você tem que ser 100% sincero- os olhos dele brilharam, acho que me expressei mal- o que tem nessa sobremesa, é uma sobremesa né?

-Ata, então tem um creme "baunilhado" com um toque suave de açúcar derretido por cima e menta em pó para dar um toque a mais no prato- fala ele com aquela cara de paisagem de quem não sabe prosseguir em relação à situação

-Parece bom- exclamo tentando melhorar o climão que ficou, sei que não era bem a melhor pergunta, mas só queria escapar dessa situação constrangedora

Ele me olha e quebra a crosta de açúcar que tinha em cima, até o barulho do açúcar se quebrando era maravilhoso, ele pega um pouco do creme e coloca na minha boca com delicadeza para não suja-la. Quando ela encosta na minha língua eu consigo sentir cada componente, a baunilha, o açúcar queimado e a menta. Aquela sobremesa era maravilhosa, era como se a asa de um anjo estivesse se dissolvendo no céu da boca(como seu eu soubesse o gosto da asa de um anjo).

-Pela cara engraçada de prazer e pelo sorriso posso deduzir que gostou- ele dá um sorriso para mim e fala- Tá sujo aqui no canto...

-Que desastrada, eu sempre pagando mico perto de você- me levanto para pegar o guardanapo, rindo um pouco da situação, ele não permite e faz um gesto para que eu me sente, acho meio estranho mais obedeço- Eu sou um desastre, mas não precisa mostrar esse lado para todos os parisienses

Ele ri e estende o guardanapo, por um momento não entendo a atitude.

-Me permite?

-Claro- eu digo sorrindo um pouco sem graça

-Você fica mais linda de perto,sabia?

Pronto, era o suficiente para eu ficar vermelha toda vez que eu lembrar,se tem uma coisa que não sei reagir é a elogios, DEFINITIVAMENTE NÃO. Suavemente ele pega o guardanapo e vai para limpar o meu rosto, por um instante ficamos nos encarando, ambos sorrindo, aquele sorriso bobo de quem não sabe muito bem o que tá sentindo, aquele sorriso bobo de criança depois que dá o primeiro beijo, incrédulos do momento, apenas querendo que ele ficasse para sempre lá, parado e se repetindo. Sabíamos que queríamos algo, mas quem ia tomar o primeiro passo?
Ele percorre sua mão suavemente pelo meu rosto, faz pequenas voltinhas com os dedos no meu cabelo, e aproxima do rosto dele do meu, segurando firmemente minha cabeça com as duas mãos ele me olhava com um tom a admiração e desejo, delicadamente ele passa o guardanapo no canto da minha boca e o repousa na mesa, incapaz de parar de me olhar ou tomar qualquer atitude, apenas me admirou em silêncio enquanto eu o admirava também. Seus olhos castanhos que pareciam que me "sugavam" para dentro dele, seus cabelos pretos ondulados que davam um tom angelical para ele, nunca havia reparado nele e realmente ele era um príncipe.
Aquele dia estava perfeito, ninguém me ligou reclamando ou falando algo, eu tive a companhia dele, será que estou apaixonada por alguém que estou perto á menos de um mês ou estou incrédula com os gestos tão gentis depois de um tempo de turbulência? Essa pergunta só o tempo vai responder

Summer loveOnde histórias criam vida. Descubra agora