Your eyes can't lie

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Mother Mary, can't you help me?
Mãe maria, você pode me ajudar?
Cuz I'm gone astray
Porque eu estou fora do caminho
All the angels that were around me
Todos os anjos que estavam ao meu redor
Have all flown away
Voaram para longe

Harry conseguiu o que ninguém havia conseguido antes: conversar com Louis por mais de meia hora. Na verdade, ele conseguiu duas com o moço pequeno de personalidade difícil e complicada. Tudo bem que ele foi ácido várias vezes, muitas vezes, por sinal, mas Harry apenas achou que era algum tipo de birra infantil que rodeava aquela aura estranha mas ao mesmo tempo convidativa do rapaz. Durante a conversa, Louis não se abriu muito, mas o padre o pegou olhando pro piano algumas vezes. E isso definitivamente era algo a se levar em conta.

Ele voltou à sua a sua paróquia após despedir-se dele e de sua mãe. Talvez Johannah dissesse que era um milagre divino o que aconteceu naquela manhã, porque pode ver a primeira diferença em Louis: em todos aqueles meses, ele voltou a sentar-se à mesa pra comer na hora do almoço, já que tinha largado essa hábito há muito tempo e todas as suas refeições, que não eram muitas, podiam ser contadas por dentro daquele quarto onde ele insistia em ficar.

— Então, o que padre lhe disse? — Johannah iniciou a conversa após servir o filho de um generoso prato de macarrão com molho bolonhesa e bastante queijo ralado, coisa que Louis gostava mas que tinha perdido o apetite em comer depois que se privou tanto de sua vida.

— Não vou comer tudo isso. — Ele encarou o prato um pouco assustado. Sua mãe realmente era quase uma italiana, depois de ter se casado com um.

— Coma o que conseguir. — Ela rebateu sorrindo. Estava feliz de ver a imagem do filho à mesa, isso trazia uma paz enorme ao seu coração de mãe que sempre transbordou esperanças mesmo quando tudo parecia beirar um precipício.

Louis pegou o garfo e, devagar, começou a comer. Ele estava rabugento demais pra dizer que estava realmente bom, mas pelo olhar, sua mãe percebeu que ele tinha gostado, já que era uma de suas comidas preferidas então, ela sentiu que sim, ele comeria tudo aquilo.

— Acredita que ele já leu a Divina Comédia? — Ele retomou o assunto, rindo devagar de canto depois de se lembrar daquele fato curioso.

— Quem? — Johannah estava meio perdida em relação ao assunto, mas só de saber que seu filho estava puxando algum assunto que não fosse em relação a como sua vida tinha se tornado um grande nada, ela ficava extremamente interessada.

— Padre Harry.

— Ah sim! — Ela fez uma pausa, não tinha noção do que isso significava. — E o que ele lhe disse a respeito?

— Que é uma boa obra. — Louis parecia mais empolgado almoçando agora, e aquilo era visível .— Acho engraçado um padre dizer algo assim.

— Mas é uma obra herege?

— Não, mãe. — Ele sorriu. Sim, ele sorriu, tímido, mas Johannah viu um sorriso ali. — Mas pouca gente conseguiu entender do que se trata... Quer dizer, uma obra em cantos e na linguagem de Dante...

— Bom, ele é um padre, Lou... É um homem estudado. — Ela disse e Louis assentiu com a cabeça, se perguntando por que toda a conversa com o padre insistia em permanecer em sua cabeça, e o que diferia aquele homem dos médicos que também conversavam com ele durante as consultas, queria entender porquê sentia seu corpo com mais disposição a alguma coisa no momento.

— Pode ser. — Ele respondeu e limpou a boca com um guardanapo, dando de ombros e deixando de lado aquela infinidade de questões em sua cabeça. — A senhora não vai almoçar?

SodomaOnde histórias criam vida. Descubra agora