"Esqueça, Blaire! Ele não vai aparecer..." Tentava se conformar. Trenton havia deixado o presídio havia três dias, mas ainda não a procurara. Contivera com muito afinco o impulso de correr até Martha's Vineyard, onde ela imaginava que com certeza seria o primeiro lugar onde ele iria, para ficar com sua irmã Michaella.
Mas ele nem ao menos ligara... tinha o número dela. Dera a ele, caso precisasse de alguma coisa. Nunca recebera essa ligação. Mesmo estando em uma maldita prisão, Trenton mantinha a cabeça serena, não reclamava ou pedia nada.
A hipótese de que pudesse ter ido em busca de Erin a tomou e trouxe um aperto ao seu coração. Por que não faria isso? Perguntava-se, passando os dedos pelos cabelos, exasperada. Era sua namorada na época em que fora preso. Ele nunca mais tocara no nome dela. No entanto, sabia que havia a possibilidade de que ainda fosse apaixonado por sua irmã. Mesmo que ela nunca o tenha visitado. Não se podia mandar no coração e a própria Blaire era uma amostra viva disso.
Suspirando, pegou a xícara onde tomava um chá, de cima da mesinha de centro e levou-a para a cozinha. Depositou-a na pia, espalmou suas mãos no mármore gelado e bufou. Devia ligar? Mas para onde ligaria? Com certeza ele não tinha um aparelho celular! Assim sendo, o certo seria ligar para Michaella...
Não! Definitivamente não ligaria! Não podia sair correndo assim atrás dele! Se quisesse encontra-la, não seria complicado. A irmã dele sabia sua direção. E, imagina ligar e descobrir que ele não aparecera, por que correra para Nova Iorque atrás de Erin? Não precisava disso!
Com essa decisão, pegou o aparelho telefônico da parede e ligou para a pizzaria. Não era muito fã de pizza de calabresa, mas se viu pedindo aquela... era o sabor que Trenton mais gostava. A qual sempre pedia quando assistia a jogos na casa dela. Também não era muito fã de footbol americano, Erin menos ainda, mas era um jeito de passar um tempo ao lado dele. E às vezes até rolava um abraço de comemoração... Ok, isso era patético, até para ela: mendigar abraços! Mas era muito bom quando acontecia. Ficava com o cheiro dele em sua roupa por todo o dia.
Abriu uma garrafa de vinho tinto e ergueu a taça num brinde solitário:
— A sua liberdade, Trent! — murmurou.
A grande verdade era que estava muito feliz com a soltura dele. Muito mesmo! Ainda que não a procurasse por hora. E se ele não o fizesse, ela acabaria fazendo. Sempre fora assim, por que mudaria agora?
Estava em seu terceiro e generoso gole quando a campainha soou, fazendo-a quase engasgar com a bebida. Seria já a pizza? Bom, se fosse, estavam entregando em tempo recorde.
Vestia um legging rosa e um blusão de lã marrom e meias brancas. Não ia se calçar só para atender a porta!
Pegou a bolsa no balcão e dela retirou sua carteira. A campainha soou de novo e ela gritou de volta: