O Poder Dos Sorrisos De Verão

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Nem tudo é o que parece.

Quando tudo começou, achei que seria uma merd* mesmo, e logo depois dos primeiros dias, descobri que o Roberto me trouxe à esse acampamento escolar de verão por um motivo mais merd* ainda:

- Cara, você precisa de uma mina, urgente. -ele vivia repetindo de forma insistente.

Eu acredito que a vida não se resume apenas à namorar, transar, pagar pensão e pronto, como alguns babacas fazem.

Eu sinto que tudo chega à seu tempo.

- Os dormitórios masculinos são pra esquerda, mano - disse Beto, me empurrando para o tal lugar.

Eu estava tão animado que mal via a hora de voltar para casa.
Ao chegar ao cômodo pequeno e mal cheiroso, já quase queria me matar.

- Vamos ficar com o quarto mais amplo, então não enche, falou?

- Claro, tudo por você - ironizei. Ele me deu um soco no braço rindo, e fomos até lá.

O quarto pelo menos era menos fedorento e até mais espaçoso. Diga-se de passagem, poderia ser considerado até arrumado se não fossem pelas paredes cobertas sutilmente de mofo.

- Eu fico com a cama de cima, e sem reclamações. - declarei, jogando a mochila no beliche. Meu amigo não falou nada, apenas se jogando no tapete vermelho, levantando uma inacreditável poeira negra do mesmo.

- Seu babaca(tosse)! Mas qual é...(tosse tosse) Qual é o seu problema!?

- (Tosse tosse tosse tosse).

Ambos ficamos assim por um tempo.

*

*

Os primeiros dias passaram lentos e massacrantes, tirando pela parte que íamos à praia e nos entupimos de sorvete.

- Não achou nenhuma mina ainda, mano?

- Não que eu estivesse procurando. - falei bebendo meu suco de laranja.

Ele revirou os olhos e se levantou. Olho para ele sem entender e ele sai correndo para se jogar no mar com os outros alunos.
Suspiro.

- Oi, você que é o Caio da sala E? - alguém apoiou uma mão no meu ombro, me fazendo estremecer.

Me virei lentamente e uma garota com um sorriso simples me fitava.

- Quem quer falar com ele? - perguntei ríspido. Ela deu uma risada.

- Sou a Lúcia da sala C - ela estende a mão para mim. - É um prazer te conhecer.

Aperto por educação e ela logo começa a olhar para os lados, como se procurasse por alguma coisa.
Seus olhos eram muito bonitos, e seu cabelo longo e cacheado de cor escura dava um ar de feminilidade.
Ela pousa os olhos em mim, parecendo confusa.

- Bem... É que o Roberto me pediu para que encontrasse você aqui para batermos um papo, e que quando te achasse, que o avisasse - ela olha ao redor de novo. - Mas não acho ele...

Uma sensação muito ruim de calor e de raiva percorreu meu corpo, e perfurando meu cérebro, como milhões de agulhas.

- Ele pediu que você viesse aqui?

- Ele me disse que você estava solitário - ela dá uma risadinha fechando os olhos. - Achei isso tão fofo...

Senti meu rosto queimar de vergonha. Como o Roberto pôde?
Empurrar uma garota assim pra mim, e ainda dizer que eu estava carente... Nem sei o que é pior; ele dizer isso, ou ela ter acreditado e vindo!

O Poder Dos Sorrisos De Verão[CONTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora