Extravaso quando, no meio daquele remix semi mudo e sonâmbulo - da bebida que o meu corpo já ingeriu -, ouço parte do refrão de Chocolate dos The 1975, uma das minhas bandas preferidas e canto calmamente o duo com a voz do meu Mattzinho.
- OH AND YOU SAID WE GO WHERE NOBODY KNOWS, WITH GUNS HIDDEN UNDER OUR PETTICOATS - oh eu disse calmamente? - NO WE'RE NEVER GUNNA' QUIT IT - talvez tenha querido dizer que estava a gritar em plenos pulmões, mas também estavam-se todos a cagar pra mais uma gaja a gritar no meio da sala a dançar junto de mais 2 milhões de pessoas.
Okay talvez não tantas mas eram MUITAS e o álcool deu me alguma volta ao encéfalo.
ESTÃO A VER? ATÉ DIGO "encéfalo"! MAS QUE PORRA AVALON?!
- Ava? - Louis puxa por mim no meio da multidão. Não o via desde que foi fumar uma passa no quarto do Dillan, o tipo giro que ficou feio por causa da erva. O Tomlinson queria que fosse mas, NÃO OBRIGADA, sou nova de mais para morrer de overdose. - Temos de bazar, um chavalo qualquer que vive na casa da frente ameaçou chamar a policia se a festa não fosse abaixo.
- 'Tás a gozar?! Vieram estragar a festa logo na altura em que os meus meninos ARRASAM? - grito num to agudo e a minha cabeça lateja. A faculdade daqui a (pulso inútil sem relógio...) algumas horas vai ser linda.
- Nop. Vamos, eu levo-te a casa. - tira o meu copo da minha mão, dá um gole e puxa-me uma vez mais, mas nesta oportunidade para a rua.
O ar fresco a entrar nas minhas vias respiratórias ardentes devido à vodka, sabe-me melhor do que alguma saída alguma vez me soube.
Não sei como, quando olho para o lado, o meu namoradinho já está a mascar uma pastilha.
Acho bem, nem pense que o ia beijar com aquele hálito, de erva com bosta de cão, na boca. No fucking way.
Só de pensar nisso, paro de caminhar, arrastando-o até mim e beijo-o intensamente, tão intensamente que a sua falta de jeito - vou culpar o facto de estar mocado e eu bêbeda - me deixa sentir a minha pulsação na porra da entrada da minha vagina.
Sinto me excitada como nunca, com a adrenalina a correr me nas veias devido a bebida, e só me apetece levar o Louis lá pra cima, fodê-lo e cagar para quem quer que tenha ameaçado o Dillan. Se calhar até o chamo para se juntar à festa. Uma cena a três sempre foi um pseudo sonho sexual que tive.
- Uhm, vamos, Avalon.
ELE ACABOU DE PARAR O BEIJO?
A menos que ele tencione foder-me em casa dele no quarto ao lado do dos seus pais, acho melhor que ele não o tenha feito.
Respiro fundo e caminha atrás dele para o carro.
- Foi este puto. - ele diz-me ao passarmos por um gajo que parece ser uns 2 anos mais novo que nós.
Sinto já o ter visto antes, mesmo que de relance, mas já vi e trocei dele, e daquele cabelo cacheado comprido num corpo de "gajo", antes.
- Quem é ele? - pergunto ainda olhando o rapaz de pijama ás riscas brancas e vermelhas.
Beto.
- Um tal de Harry ou Harold ou Henry... Uma porra desse género. Só sei que o gajo anda a tirar advocacia na tua Universidade. -EU DISSE.
Olho uma última vez para o gajo que calou a voz do Matthew, e desta vez cruzo o meu olhar no seu, por meros milissegundos, o que não me permite estrafugá-lo mentalmente, infelizmente.
- Calma, baby, estes saltos matam-me! - grito uma vez mais. Oh espera, estou de ténis. - Deixa, vou tentar só chegar ao carro sem cair.- gargalho e alcanço a porta sem um arranhão.
☒ ☒
Levou-me a casa dele? Não.
Perguntou-me se saiamos outra vez hoje? Não.
Se sequer me tocou depois de entrar no carro? NÃO.
Se me apetece mandá-lo à merda? Apetece-me, mas o meu objetivo é foder aquele gajo, e um Thompson não deixa nada a meio.
Muito menos a faculdade.
Para onde tenho de ir com esta dor de cabeça.
Que monte de merda com uma cobertura de merdice e uma cereja no topo.
Desço as escadas a correr, com umas calças de cagar no pinhal cinzas e uma sweatshirt da University College of London ( ULC que é mais bonito, até tem o logótipo e tudo), perfeitas para uma pessoa de ressaca.
- Bom dia, querida - A minha mãe diz com a porra do seu bom humor matinal. Quem é que ainda tem disso?
- Hey - babulcio e pego numa caneca para o café FORTE que preciso e adoro.
- Desculpa ontem não te ter deixado sair. Sabes bem que a escola é uma prioridade para mim, quero que tenhas um futuro bom e não me culpes pelo contrário. Sinceramente ainda pensei que fosses saltar pela janela, mas não, e fico feliz por isso. No fim de semana se quiseres sais como pediste, mas a meio da semana Avalon... - ela não para de se repetir e repetir e quase me faz sentir culpada por realmente ter fugido, mas nahh..
Termino o café e vou para a garagem.
- MÃE TENHO AULAS DAQUI A 20 MINUTOS, DEMORAS MUITO OU DEVO REGAR AS RAÍZES?
"Boas aulas, A"
- Louis♥️, Wed. 7:58 A.M
"Igualmente"
-Sent, Wed. 8:10 A.M
Como sempre, sinto me a nadar no meio de milhares de pessoas.
O meu grupo de amigos está noutra universidade e alguns deles nem na universidade estão, porque foram logo trabalhar, deixando me completamente ao abandono da miúda chata que se senta atrás de mim em Sociologia que deixei do ano passado.
"Está tudo bem?"
- Louis♥️, Wed. 8:11 A.M
"Perfeito"
-Sent, Wed. 8:15 A.M
- Sabemos, como é óbvio, que em tribunal, nos podemos deparar com qualquer tipo de pessoas. Zangadas, revoltadas, mentirosas ou as piores. As que choram.- A gargalhada toma conta do auditório quando o meu professor de sociologia, Sr. Cowen, lança a sua piada medíocre.
Comigo não resultou.
- Para isso, temos de manter acima de tudo a calma, a frieza, a seriedade, e, a força. Nunca, e repito nunca, voltem atrás ou se deixem intimidar seja por quem for. O vosso dever é proteger o vosso cliente e tirar dele as culpas, ou atirar as culpar para o o outro lado, isto é, aquele que não seja o vosso cliente. Têm de ser credíveis no que dizem e não rir, não gaguejar por mais insólita que seja a situação. E essa é a minha função. Preparar vos para essa situação que temos vindo a discutir nas ultimas aulas e hoje vamos iniciar a aplicação. Menina Thompson será hoje advogada de acusação e terá como cliente a senhorita Doyle. Teremos como testemunhas os senhores sentados no fundo da sala, e na defesa teremos o Dr. Styles e o acusado Sr. Marcus. Comecem a preparar-se para a cena da próxima aula sendo que Marcus é um palhaço mundialmente famoso está acusado de tentativa de homicídio para com a senhorita Doyle, uma vendedora ambulante de enciclopédias em segunda mão. Levem isto a um lado extremo de estranheza, mas acima de tudo não se esqueçam. é a liberdade do Sr. Marcus e a dignidade da Srª. Doyle que estão em causa. Vejo-vos para a semana.
E sai. Tive uma aula de 10 minutos onde o meu trabalho de casa é preparar me para acusar alguém. Fácil.
- Espero que esteja pronta para perder, tal como perdeu a noite passada. - ouço uma voz rouca pronunciar a minha frente.
- Desculpa?
- Está desculpada, estava apenas a relembra-la de como vai ter de fugir a correr uma vez mais para os braços do seu namoradeco. Boa sorte.
What the fuck?!
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