Capítulo 8

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A VIAGEM DESASTROSA

  Abri os olhos. Nem tive tempo de me arrumar direito. Entramos no trem acompanhados de uma tal de Dona Maria, uma velhinha, amiga do meu pai.

  A viagem estava tranquila. E eu, que nunca havia entrado num trem, estava amando tudo, menos a ideia de ficar longe do meu pai.

  Pietro dormia em meu colo, aproveitando a tranquilidade, mas tudo que é bom dura pouco. Entraram cinco homens estranhos. Depois disso o sossego foi embora. Eles começaram a cantar muito alto e não paravam um segundo sequer. Com o barulho, Pietro acordou e começou a chorar. Dona Maria, indignada, puxou-nos em direção aos homens.

  -Licença, cavalheiros! Mas queríamos um pouco de paz!- Disse ela, enquanto eles se levantavam assustadoramente. Gelei.

  -O que disse vovó? Foi um insulto?- Disse um deles.

  -Insulto? Só quero que calem a boca!- Respondeu, todo corajosa.

  -Cale-se a senhora!- Falou um outro.

  -Seus pilantras! Vândalos! Vagabundos!- Disse ela, acabando com minha esperança de vida.

  -Agora me irritei!- Falou um.

Eles nos seguraram e levou-no num canto vazio.

  -Vovó, sua hora chegou!- Disse o terceiro bandido, pegando uma faca.

  -Não!- Gritei.

  -O que foi? você é uma garota de atitude?- Ele me passou a faca.- Mostre sua coragem!

Tremi. Eu não seria capaz. Matar a Dona Maria?!

  -Não posso!- Gaguejei.

  -Ou a vovó ou seu irmãozinho!- Ameaçou-me, apontando um revolver para Pietro.

O desespero me tomou. Dona Maria me olhou e disse:

  -Minha filha! Proteja seu irmão! Mate-me logo!

  Estendi a faca, em forma de ameaça, em direção ao coração da D. Maria. Fui me aproximando devagar, eu tremia e minhas pernas estavam mole. Parei. Aquilo era um absurdo. Olhei para os bandidos, um deles começou a bater em Pietro, que chorava. Quando me virei novamente, senti um impacto. e ouvi um gemido. Dona Maria havia se jogado contra a faca que estava enfiada em seu peito. O sangue jorrava no chão.

  Os bandidos começaram a bater palmas para mim, que estava horrorizada. Mas, não era eu que havia matado ela, a própria cometeu esse ato. Seria culpa minha?

  -Não se preocupe! Agora que mostrou sua bravura, levaremos vocês ao seu destino!

  Não consegui dormir mais. Aquela cena não saia da minha cabeça. Quando finalmente chegamos, os bandidos me deram um saquinho com algum dinheiro e acenaram. Um deles até chorou. Que malucos! Pareciam legais, porém me fizeram matar uma velhinha.

                                                                          ...

  Ao chegar, tia Julia já nos esperava. Ela era bonita, parecia minha mãe, e era muito gentil também. Ela levou-nos ao seu apartamento e mostrou o quarto q eu dividiria com Pietro. Ela tinha um filha, Priscilla, que era alguns meses mais velha que eu.

  Priscilla era metida, chata e desde a primeira vez não me tratou bem, por outro lado, pareceu adorar meu irmão.

  Depois de algumas horas, recebi uma mensagem de Thiago, que dizia:

                                         "Bella, sinto sua falta todo o tempo! 

                                  Já estou aqui, quero te ver ainda hoje! Me 

                                 encontre na rua Olivia Esmeralda, número 473!

                                                                                                                  De Thiago"


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