Capítulo 4 - Sinais

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"Depois
De varar madrugada
Esperando por nada
De arrastar-me no chão
Em vão
Tu viraste-me as costas
Não me deu as respostas
Que eu preciso escutar..."
(Depois- Marisa Monte)

○●○

O som da televisão importunava o meu precioso silêncio.
Mas pouco importa. Eu estava totalmente desconecta deste mundo para levantar e ir em busca do controle remoto e desligar essa bendita "TV".

Apesar de eu não faço a mínima ideia de quanto tempo estou aqui sentada em minha cama a chorar, eu não conseguia ter outra reação a não ser essa: Chorar.
As lágrimas escorrem naturalmente pelo meu rosto e eu não me dou o trabalho de enxuga-las.

Não tem jeito: toda vez que eu olho para o guarda roupa em minha frente, que está do mesmo jeito que Breno deixou ― com as portas abertas e cabides vazios ― meus olhos embaçam mais e mais.

"E lá vamos nós..."

Havia uma espécie de buraco em meu peito, onde não se dava para descobrir seu fim.
E a dor era tão insuportável que me faltava o ar. Credo!
Talvez doesse pela ausência de Breno em meu dia a dia ou a dor maior seria para o que está por vir?

Não sei.

Finalmente saí deste transe que eu me encontrava. Apoio às mãos no colchão para buscar forças para me levantar.

Caminho devagar até o banheiro e lavo o rosto. Olho no espelho e vejo uma imagem devastadora: meus olhos inchados, nariz vermelho e lábios esbranquiçados.
Antes que o choro retornasse, respirei fundo e fui até minha bolsa. Pesquei meu celular e tirei do modo avião. Tinham exatas nove mensagens do Marcelo.
Ele é a última pessoa que eu gostaria de falar neste momento.
Eram quase oito horas e eu preciso ir trabalhar. Folheei rapidamente a minha agenda e só tenho três consultas marcadas para hoje.

― Graças a Deus. ― digo para mim mesma.

Desligo o celular novamente e me arrumo rapidamente. Não posso deixar meus pacientes na mão.

Por ser sábado, o consultório fecha após o horário do almoço. Expediente curtinho e uma ótima oportunidade de um passeio no shopping. Mas hoje eu não estou no clima. Amanhã é domingo, graças a Deus! Sendo assim terei o restinho do fim de semana para pensar e me devolver o eixo e a sanidade para seguir minha vida sem Breno.

Bem, assim espero.

Chego ao consultório pontualmente para a primeira consulta e a paciente já me aguardava na recepção.

― Bom dia. ― direciono minha cordialidade a paciente ― Bom dia Renata, por favor.

Entro em meu consultório e Renata vem logo atrás de mim e fecha a porta.

Sua boca tá entre aberta e se tivesse essa possibilidade poderia se ver interrogações rodeando sua cabeça.

― O que houve Doutora?

― Breno foi embora de casa. ― fui direta.

Renata titubeou e ficou meio sem ação.

― A senhora quer que eu desmarque as outras consultas?

― Não! De forma alguma. Vou atender a todas.

Tiro os óculos escuros e a cara de espanto da Renata só aumenta.

― Eu sei, eu estou péssima. Tentei carregar na maquiagem mais os olhos vermelhos me revelam.

― Posso avisar as pacientes que a senhora está com uma pequena irritação nos olhos...

Sem Você  (DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora