six

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[jimin]

eu não tinha certeza de quando tudo começou a fazer sentido, ou quando as peças começaram a se encaixar. tudo que me lembro era a epifania que eu tive quando estava perto das 3 da manha e eu estava curvado na minha escrivaninha olhando para meu último desenho, olhos ardendo por falta de sono e realização.

e tudo parecia fazer sentido quando jungkook parecia estar prestes a desmoronar, como na primeira vez que ele veio aqui, e eu dei o caderno a ele.

jungkook era mudo.

jungkook, o garoto pequeno que gosta de flores e parques e sorri quando eu elogio suas mãos bonitas, era mudo.

me senti mal por ter feito ele falar todas aquelas vezes. mas agora ele não precisava - embora - eu estaria mentindo se dissesse que não queria escutar ele sussurrar meu nome mais uma vez.

eu tinha muitas perguntas; sera que uma mudança monumental ocorreu na vida dele, por isso ele era mudo? como é que ele consegue ao menos dizer meu nome? deve ser tão difícil pra ele...

eu queria ajudar ele, queria que ele me deixasse ajudar.

talvez ele só precisasse de tempo.

tempo; essa era a quarta vez que jungkook estava no meu apartamento, e sim, eu estava contando. era a quarta vez que ele sentava nesse sofá comigo, e a quarta vez que eu pensava no quão confortável tinha se tornado de repente, quando ele estava sentado perto de mim, com sua perna inocentemente pressionada contra a minha.

jungkook tinha cheiro de maçã verde e delfinos (sua flor favorita, aprendi), quando ele entrou hoje, e eu não pude deixar de me inclinar em sua direção, não muito discreto.

foi quando eu tinha chegado tão longe desenhando o cabelo dele, que decidi quebrar o silêncio.

"como foi seu dia?" perguntei, sem fazer contato visual (quem sabe o que poderia acontecer se eu o fizesse? provavelmente ficar sem palavras - o que definitivamente não era legal).

ele estava segurando o caderno que eu tinha dado a ele; ele o carregava para todo lugar, sempre segurando firme no peito. era muito fofo, e eu queria dizer isso a ele, mas não tinha coragem.

era quase como se ele sempre tivesse uma pequena parte de mim com ele, e o pensamento me fez querer desmaiar.

ele mudou para uma página limpa e começou a escrever antes de segurar o livro pra cima, assim escondendo seu sorriso tímido que eu sabia que ele tinha no rosto.

"esta melhor agora"

eu sorri, querendo dizer o mesmo a ele, mas amarelando como sempre.

ele sorriu contente e deitou a cabeça levemente no sofá, me assistindo com olhos curiosos enquanto eu fazia marcações corajosas no papel.

dezoito, essa era a idade dele, e eu tinha que me lembrar disso enquanto sua camisa ficava caída onde sua clavícula ficava dolorosamente a vista. ele era muito jovem pra mim, dois anos inteiros. não que a idade fosse um problema pra mim, eu não me importava.

mas talvez ele sim.

ele parecia tão confortável e isso me fazia feliz, sabendo que ele se sentia de certa forma seguro comigo. eu estava contente de possivelmente nós termos passado a fase do constrangimento.

ele escreveu rapidamente no caderno, antes de cutucar meu joelho chamando minha atenção.

"eu... gosto da sua expressão concentrada..."

_

"eu vou te levar em casa, esta muito escuro" eu declarei, lutando para colocar meus sapatos com a minha mão tremendo.

jungkook fez um beicinho fofo, apertando seu caderno no seu peito e ficando perto da porta.

a caminhada foi quieta com a exceção pelo meu cantarolar, que jungkook parecia gostar.

ele nunca se atrasava para seu toque de recolher, e eu tive que reprimir uma careta quando finalmente tínhamos chegado a sua casa e as luzes estavam apagadas - como sempre - ele estava me dizendo (rabiscando nervosamente) sobre a comida que ele estava animado para fazer para seu pai naquela noite, e eu me perguntei se ele estava dormindo ou fora.

mas jungkook parecia feliz, parado em minha frente com um sorrisinho, e eu sabia que era o suficiente para dizer que ele estava satisfeito com o dia.

"diga ao seu pai que eu disse oi" eu disse baixinho, esperando que não fosse uma ideia ruim.

talvez eu estivesse imaginando, mas eu podia jurar que eu vi seu sorriso vacilar por um milissegundo, antes de ele se animar a assentir rapidamente, sua franja sedosa balançando em baixo do luar.

"boa noite, jungkook" sussurrei, querendo abraçar ele, mas sabendo que não deveria, com medo de trazer problemas a ele.

eu esperei até ele entrar, o cheiro proeminente do jardim dele me fazendo lembrar da primeira vez em que vim com ele até aqui, antes de virar e ir pra casa.

era muito difícil dormir a noite. os lençóis tinham o cheiro dele, eu não pude resistir em deixar minha mente vaguear.

ele parecia sempre tão inocente, empoleirado no topo da cama e me assistindo enquanto em desenhava ele por horas, suas bochechas corando na luz do quarto, enquanto eu elogiava ele sem parar.

não podia deixar de perguntar como era sentir seus lábios, e se ele era tão doce quanto cheirava. eu me perguntei como seria sentir suas mãos quentes entrelaçadas com a minha.

eu queria saber mais sobre ele; sobre seus pais, o que ele planejava fazer depois de terminar a escola, sobre ele mesmo. ele ainda era um mistério.

um mistério com um rosto fofo que só mostrava duas emoções.

tudo que eu sabia sobre jungkook era uma tela em branco; e eu iria ajudar a traze cor para sua vida.

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© nerdyjimin

oi, eu tava muito nervosa então traduzi outro cap 🌵lou

p.s: ainda n consegui parar de ver aquele mv do astro hELP

colors [jikook]Where stories live. Discover now