Três Vidas e Um Propósito

08- O mal está as portas

  JÚLIA NARRANDO:
Felipe ficou ao meu lado enxugando cada lágrima que escorria em meu rosto.

—Para tudo! - gritou . —Até chorando é mais linda que a Gisele Bündchen. - terminou e eu sorri.

—Besta. - falei.

—Nossa, o sol nasceu ou é impressão minha? - perguntou

Eu o encarei confusa.

—Que pergunta idiota, é claro que não, é apenas seu sorriso que iluminou o mundo. - disse em tom fofo.

—Você é fofura pura, mas meu sorriso não chega nem perto de iluminar o mundo.

—Claro que chega, eu sou o mundo, o seu mundo. - falou e eu franzi a testa.

—Convencido. - falei e mostrei a língua.

—Agora que você está melhor, me conta o que houve? - perguntou e eu mordi os lábios.

Conto ou não conto? E se ele pensar coisas ruins de mim? E se ele achar que eu sou tudo isso que o Victor disse?
E se... E se... E se...

Sempre esse "E se" atrapalhando minha vida.

—Jú?! - disse ele.

Contei tudo que havia ocorrido entre eu e Victor.

—Que moleque. - resmungou. —Deus que me perdoe, mas estou com vontade de meter um murro na cara desse Victor. - terminou.

—Não precisa fazer isso. - falei.

—Mas que dá vontade dá. - respondeu.
[...]

Quando o sinal bateu fui até a sala para pegar meus materiais, mas não achei. Olhei na mesa da professora, e lá também não estava.
Quando me virei, Victor estava parado me olhando.

Apenas o encarei, meus olhos foram parar na sua mão, ele estava com minha mochila.

Me aproximei e puxei a mochila, logo após sai correndo, e ele foi atrás de mim.

—Jú volta aqui! - gritou.

E eu apenas continuei correndo, entrei no banheiro feminino, e fiquei lá para despistar ele.
[...]

Algumas meninas entravam no banheiro, e eu me tranquei em uma das portas.

Olhei pela brecha da porta, e vi Bianca e Camila.

—Então quer dizer que ela chorou? - perguntou Camila.

—Sim, que nem uma idiota, porque Victor preferiu a mim.

—Que pena da Jú. - disse Camila.

—Deu pra ter pena é? Pena quem tem é galinha, e no caso a galinha é ela. - disse Bianca.

—Esse Victor é um safado.

—Safado nada, ele fez a escolha dele, até parece que ele ia querer a Júlia, ele prefere loiras, ou seja, eu. - disse ela

—Como ela foi cair no papo dele?! - disse Camila.

—Ela é uma idiota, sonsa. - riu.—Nunca descobriu que eu beijei o ex dela. - disse Bia.

—Mas não foi só beijo né? - perguntou Camila.

—Claro que não. - disse arrumando a saia.—Foi a melhor noite da minha vida até agora, porque tenho planos com o Victor. - falou e as duas riram.

Eu estava sendo tão humilhada, a minha vontade era chegar e dar uma voadora na cara dela.

Se ela disser mais uma palavra, eu juro que chego na voadora.

—Vamos. - disse Bianca, e as duas sairam.
[...]

Cheguei em casa, e fui tomar um banho.
Coloquei uma roupa casual, e desci para almoçar.
[...]

Depois que almocei, me deitei no sofá e senti algo vibrar. Procurei pelo som ecoado, e achei o celular da minha avó.

Havia uma ligação perdida e uma nova mensagem.
Abri a mensagem e não entendi muito bem.

"Estou no Brasil, me passa o endereço da sua casa?"

Era a única mensagem salva, e o contato estava salvo como "Canadá".

Fiquei confusa e intrigada. Será que minha avó tem amigos virtuais? Ou será que é alguma irmã ou irmão dela?
[...]

Ding dong

A campainha toca, e eu caminho até a porta.

—O que você quer? -perguntei.

—Nada. - falou e entrou.

—Vai embora. - falei e ele se sentou no sofá.

—Me desculpa. - disse ele.

—Victor, você me trata como um nada, e agora vem na maior cara de pau, e diz: desculpa.

—Me perdoa Jú, eu não sei o que deu em mim, não sei onde eu estava com a cabeça.

—Acha que vou acreditar nisso?

—Eu estou com problemas, e acabei sendo grosso com você. - disse ele.

—Eu não sou saco de pancadas para você descontar raiva em mim.

—Me perdoa, eu faço o que você quiser. - falou.

—Bom... Assim eu penso melhor. - falei e ele me encarou. —Que tal você pedir perdão na frente da escola toda?

—Eu peço.

—E tem mais, na frente da Bianca você vai dizer a verdade, se prefere a minha amizade ou a dela. - falei e ele pensou um pouco.

—Aceito. - falou e caminhou para me dar um abraço, mas eu desviei.

—Tchau. - respondi e ele me encarou chateado.

—Me perdoa, eu te amo. - falou e se foi.

Me ama? Como assim mundo? Meu coração até acelerou.

PEDRO NARRANDO:
—Pedro, você pode fazer hora extra? Te pago por fora. - disse meu tio.

Eu trabalho na empresa de administração do meu tio Wilson.

—Posso sim. - respondi.

Fui para a minha sala, e fiquei fazendo as contas do mês.
[...]

Depois voltei para casa, e com certeza eu levarei uma bronca, pois não estudei para o culto de doutrina hoje a noite.

Tomei um banho, comi um lanche e peguei minha bíblia.

—Estudando agora? - perguntou meu pai.

—Sim senhor. - respondi.

—Você teve tempo suficiente pra isso, e só agora resolve ler? Acha que vai saber encontrar as respostas? Eu já disse que não quero que meu filho fique mal falado por aí. Você sabe o que vão dizer né? Que você não serve para nada, que você não é um bom líder, um bom pregador. - disse ele.

—Talvez seja verdade, eu não sirvo para nada, sou conhecido como filho do pastor, nem o meu nome devem lembrar. - respondi e fechei a bíblia.

—Não diga isso. - falou.

—Mas foi o senhor mesmo que disse.

—Eu disse o que eles pensariam.

—E você se importa com o que pensam? Se importa com a opinião alheia? - falei, e a minha paciência estava se esgotando.

—Eu só quero que meu filho seja um exemplo. - disse ele.

—EXEMPLO? VOCÊ QUER QUE EU SEJA ALGO QUE EU NÃO SOU! ACHO MELHOR VOCÊ TROCAR DE FILHO, PORQUE O FILHO DO PASTOR MARCOS É SEMPRE MELHOR QUE EU, NÃO É?

—NÃO GRITA COMIGO. - falou alterando a voz.—QUEM DA AS ORDENS AQUI SOU EU, POIS SOU EU QUE PAGO AS CONTAS.

—Então fica com seu dinheiro, com seu cargo, sua casa, fica com TUDO. Eu cansei de fingir ser alguém que eu não sou, CANSEI. - falei

—Filho eu me importo com você. - disse ele.

—Se você se importasse mesmo, não ficava fazendo pressão em cima de mim. - falei

—Eu só quero o melhor para você.

—Esse não é o melhor pra mim. - falei e sai de casa.

Eu estou cansado dessa vida, cansado de ser o filho do pastor, cansado de ser o exemplo, cansado de ser o coitadinho.

Deus me perdoa, mas não dá mais, eu não aguento tanta pressão.

Chega eu desisto de tudo, desisto da vida, desisto da caminhada.

A minha vida é do Mestre, meu coração é do meu Mestre...♪

Ligação da Isa, não vou atender, não quero falar com ela.

Peguei um táxi, e fui para o centro da cidade.
Parei em frente à um balada, algo dizia para eu não entrar, mas algo também dizia para eu entrar.

Eu não posso, isso é errado.

Dei alguns passos para trás, mas mudei de idéia e entrei.

O lugar estava cheio de mulheres da vida, elas dançavam próximo a uma pilastra de alumínio. Alguns homens jogavam notas em cima delas, e recebiam um beijo, não só um beijo, mas poderiam passar a mão em uma parte do corpo.

Quando eu vi aquilo, o desejo de ficar era grande, mas contra minha vontade eu corri para fora.

Aquele lugar não é para mim, eu não sou assim, não mesmo.

Algo soprava em meu ouvido, para eu entrar e meus problemas iam se acabar.

Você não tem ninguém nessa vida, nem seus pais te amam, entra logo, lá você vai encontrar a verdadeira felicidade.

Num impulso eu entrei novamente. Caminhei até o balcão e pedi uma bebida.

Tomei um copo, dois, três, quatro...sete...dez...quinze.

Quinze copos de vodka, eu ja estava bêbado, eu não aguentava parar em pé.

E quando eu ia cair, uma moça me segurou, ela era uma das dançarinas, e por sinal muito sexy.

Loira, dos olhos azuis, e um corpo de dar inveja a qualquer mulher, ela usava um sutiã preto e uma minissaia que mostrava quase tudo, consegui ver até a cor da sua calcinha que era vermelha, ela estava com um batom vermelho, o que deixava a boca sensual, ela estava sensual.

—Você é novo aqui né? - perguntou ela

—Quem sabe. - falei e ela mordeu os lábios.

—Você é bonito, mas parece ser muito novo. - disse ela

—Tenho dezoito. -falei e ela se insinuou.

—Eu tenho 24, até que não é muita diferença. - disse ela passando a mão no meu rosto.

Onde eu estou? O que estou fazendo aqui? Eu tenho namorada! Ela não merece isso, ela não merece alguém como eu.

—Você namora? - disse ela passando a mão em minha aliança.

Concordei com a cabeça.

—Eu não me importo, se você está aqui é porque ela não deu conta do recado. - disse ela passando a mão em meu peitoral.—Vamos para o quarto? - perguntou e beijou meu pescoço.

Senti meu corpo arrepiar.

Onde eu fui chegar? Sou um lixo. Não posso aceitar esse convite. A Isa não merece o que estou fazendo.

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Continua...

Ai meu core :'(

Por que Pedro?

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Beijos e a Paz do Senhor Jesus