Abri os olhos sentindo gotas de chuva no meu rosto e quando dei por mim estava no cenário dos
meus sonhos. Levantei da grama e vi que meu vestido vermelho estava todo molhado, assim
como meu cabelo e todo o resto. Uma forte dor no coração me acompanhava. Comecei a
caminhar com a esperança de encontrar o fruto da felicidade que sempre me aguardava, não
me importava se precisasse enfrentar um leão para consegui-lo; eu o necessitava mais do que
nunca para preencher aquele enorme vazio. Segui por um bom tempo andando sozinha e a chuva
apertou. Eu me sentia perdida e sem rumo, não havia nada nem ninguém para me guiar.
Finalmente, de longe contemplei a escada. Dirigi-me a ela andando mais rápido e conforme me
aproximava vi que quatro homens estavam de pé à esquerda dela, com suas bandejas como das
outras vezes. Desci lentamente os três primeiros degraus, jogando o corpo meio sem vida. Parei
em frente ao quarto homem e contemplei, furiosa, a bandeja vazia. Meus olhos se encheram de
ódio ao me virar para ele. Com um semblante irritantemente tranquilo ele sorriu levemente para
mim e olhou para a floresta, assim como os outros três abaixo dele. Apreensiva, virei o rosto na
mesma direção para ver se era alguns dos animais voltando para me devorar. Foi então que meu
mundo parou. Pude contemplar à distância a torturante visão de Alderico, saindo da floresta e
caminhando na minha direção, segurando uma inexplicável fita preta. Ele se aproximava
andando lentamente e a chuva molhava seu cabelo. Ele estava todo vestido de preto e seus olhos
brilhavam ao olhar para mim. Só de vê-lo, imediatamente a felicidade me consumiu, eu não
precisava de mais nada, sua presença era tudo que eu desejava, não havia nenhum fruto no
mundo que pudesse substituir aquilo.
Quis correr em sua direção, mas meus pés estavam presos no chão. Ele sorriu e olhou,
balançando negativamente a cabeça quando fiz isso. Começou a subir os degraus lentamente e,
enfim, parou na minha frente. Eu queria pular sobre ele, abraçá-lo, beijá-lo... Havia esperado
tanto tempo! Mas não conseguia me mexer, era como se estivesse congelada. Eu sabia, pelo seu
olhar, que era ele quem estava me detendo. Se me libertasse, eu poderia alcançá-lo, mas agora
não podia. Ele se aproximou de mim, pegou meus punhos com suavidade, levou-os à boca e,
carinhosamente, os beijou. Depois, passou a fita ao redor deles e fez um laço. Não era novidade
que eu era sua prisioneira. Ficamos nos admirando mutuamente durante alguns silenciosos minutos, meus olhos revelavam tudo o que eu queria dele. Eu podia sentir o ar entrando em meus
pulmões novamente, jurei para mim mesma que nunca mais iria deixá-lo, não importava o que
houvesse. Foi então que um enorme barulho estrondou atrás de mim e me virei para trás,
assustada. Ao olhar, pude contemplar um enorme dragão que soltava um intenso fogo pela boca
apesar da chuva forte. Voltei-me para Rico, mas ele não estava mais lá. Tentei desatar minhas