CAPÍTULO VI REVELAÇÃO

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Abri os olhos sentindo gotas de chuva no meu rosto e quando dei por mim estava no cenário dos


meus sonhos. Levantei da grama e vi que meu vestido vermelho estava todo molhado, assim


como meu cabelo e todo o resto. Uma forte dor no coração me acompanhava. Comecei a


caminhar com a esperança de encontrar o fruto da felicidade que sempre me aguardava, não


me importava se precisasse enfrentar um leão para consegui-lo; eu o necessitava mais do que


nunca para preencher aquele enorme vazio. Segui por um bom tempo andando sozinha e a chuva


apertou. Eu me sentia perdida e sem rumo, não havia nada nem ninguém para me guiar.


Finalmente, de longe contemplei a escada. Dirigi-me a ela andando mais rápido e conforme me


aproximava vi que quatro homens estavam de pé à esquerda dela, com suas bandejas como das


outras vezes. Desci lentamente os três primeiros degraus, jogando o corpo meio sem vida. Parei


em frente ao quarto homem e contemplei, furiosa, a bandeja vazia. Meus olhos se encheram de


ódio ao me virar para ele. Com um semblante irritantemente tranquilo ele sorriu levemente para


mim e olhou para a floresta, assim como os outros três abaixo dele. Apreensiva, virei o rosto na


mesma direção para ver se era alguns dos animais voltando para me devorar. Foi então que meu


mundo parou. Pude contemplar à distância a torturante visão de Alderico, saindo da floresta e


caminhando na minha direção, segurando uma inexplicável fita preta. Ele se aproximava


andando lentamente e a chuva molhava seu cabelo. Ele estava todo vestido de preto e seus olhos


brilhavam ao olhar para mim. Só de vê-lo, imediatamente a felicidade me consumiu, eu não


precisava de mais nada, sua presença era tudo que eu desejava, não havia nenhum fruto no


mundo que pudesse substituir aquilo.


Quis correr em sua direção, mas meus pés estavam presos no chão. Ele sorriu e olhou,


balançando negativamente a cabeça quando fiz isso. Começou a subir os degraus lentamente e,


enfim, parou na minha frente. Eu queria pular sobre ele, abraçá-lo, beijá-lo... Havia esperado


tanto tempo! Mas não conseguia me mexer, era como se estivesse congelada. Eu sabia, pelo seu


olhar, que era ele quem estava me detendo. Se me libertasse, eu poderia alcançá-lo, mas agora


não podia. Ele se aproximou de mim, pegou meus punhos com suavidade, levou-os à boca e,


carinhosamente, os beijou. Depois, passou a fita ao redor deles e fez um laço. Não era novidade


que eu era sua prisioneira. Ficamos nos admirando mutuamente durante alguns silenciosos minutos, meus olhos revelavam tudo o que eu queria dele. Eu podia sentir o ar entrando em meus


pulmões novamente, jurei para mim mesma que nunca mais iria deixá-lo, não importava o que


houvesse. Foi então que um enorme barulho estrondou atrás de mim e me virei para trás,


assustada. Ao olhar, pude contemplar um enorme dragão que soltava um intenso fogo pela boca


apesar da chuva forte. Voltei-me para Rico, mas ele não estava mais lá. Tentei desatar minhas

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