Capítulo 2- Separação (parte 1)

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Já havia se passado dois dias desde o sepultamento do meu pai. Foi um pouco conturbado, minha mãe desmaiou, tivemos que levar ela ao hospital, a PA dela teve uma queda muito grande, mas em poucas horas fomos para casa.
Acordei com o celular despertando, era hora de voltar a realidade.
Minha preguiça me puxava a todo momento para a cama quentinha e cheia de travesseiros e cobertas, mas quando eu olhava para a janela, lembrava que minha vida tinha que continuar, apesar dos acontecimentos recentes.

Consegui levantar da cama depois de 3 toques no celular.
Fui ao banheiro e tomei um banho quente. Senti um peso saindo do meu corpo, e uma coragem vindo aos poucos. Não chorava mais, não tinham lágrimas, como dizia minha mãe "o poço secou".
Sai do banho e fui procurar uma roupa. Escolhi um jeans escuro, não muito apertado, uma regata de cor indefinida (Eu amava aquela regata, mas nunca soube se sua cor era creme ou marrom desbotado) e um tênis cor de palha que eu amava.
Estava penteando meu cabelo quando ouvi alguém bater na porta do meu quarto.
- "toc toc" Luna?
- Oi mãe.
- Você não vai sair desse quarto hoje? Vai acabar se atrasando para a universidade.
- Mãe, ainda são 7 horas. Não vou me atrasar. Só tenho aula as 8:30 hrs.
- Eu preciso conversar com você antes de você sair.
Abri a porta e ela se assustou.
- Aconteceu alguma coisa?
- Ainda não, mas precisamos mesmo conversar.
Ela tinha uma feição séria. Imediatamente comecei a passar pela cabeça o que eu teria feito de errado, e cheguei a conclusão que nada que pudesse ter atingido ela.
- OK, eu vou só terminar de me arrumar e já vou tomar café.
Ela não falou mais nada, só desceu as escadas e foi embora.
"O que será que está acontecendo? Eu tenho certeza que não fiz nada errado dessa vez."
Terminei de arrumar minha pequena bucha, tomei um pequeno banho de perfume, joguei a mochila nas costas e desci as escadas correndo.
- Prontinho, estou aqui. O que temos para comer?
- Suco de laranja, panquecas, creme de amendoim e torradas.
- Só suco e torrada mesmo. Então, qual é o assunto? - Falei já com a boca cheia.
- Vamos nos mudar. - engasguei na mesma hora.
- Oi? Ouvi direito? Mudar?
- Sim, ainda esse mês.
- E para onde a senhora acha que nós vamos?
- Paraíba?
- Hahahahahahaha, NUNCA que eu vou sair de São Paulo para morar em um cubículo.
- Não estou pedindo sua opinião, estou dizendo que nós vamos.
- Mãe, eu tenho minha vida aqui, tenho o curso, meus amigos, minha namorada... Eu não posso simplesmente ir embora.
- O curso você pode transferir, seus amigos você pode vir visitar, sua namorada pode muito bem entender a situação e ter um relacionamento a distância.
- Acha que é fácil assim ter um relacionamento a distância? Mãe, eu não vou.
- Sim, você vai.
- Mas mãe...
- Não tem mais, Luna. Você ainda mora em minha casa, sou responsável por você. Você vai para onde eu for, e nós vamos para a Paraíba.
- EU NÃO QUERO IR. - Gritei e bati a porta de casa. Senti os olhos dela seguindo meus passos, mas se bem conheço minha mãe aquilo não teria volta.

***
- Mudar? Para onde?
- Paraíba, amor.
- Mas isso são quilômetros daqui. Por que diabos sua mãe vai para lá?
- Temos uma casa lá, em João pessoa se não me engano. Provavelmente ela quer começar uma vida nova.
- E para isso precisa te tirar de mim?
- Não deve ser por tanto tempo. Alguns meses até ela voltar a se sentir melhor.
- Sair daqui não vai trazer seu pai de volta. - Aquilo doeu, principalmente pela cara que ela fez ao dizer isso. Parecia... desprezo.

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⏰ Última atualização: Feb 24, 2016 ⏰

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