Um choque de realidade.
Eu falhei,sim... eu falhei com a única familia de verdade que me restava. Como eu pude deixar que isso fosse acontecer?
Nesse momento eu não consegui evitar de chorar na frente deles,uma reação normal em uma situação dessas... mas eu? Eu estava a beira de uma crise,mas precisava ser liberado e não podia deixar que me vissem naquele estado.
Por um milagre ou realmente muita sorte,eu consegui sair daquele lugar ,e assim que cheguei na recepção sou surpreendido pela minha "querida" madrasta me dando um abraço apertado,juro que pude sentir alguma coisa estralar no meu corpo.- Oh meu deus! Você está bem... eu estava tão preocupada contigo! - Ela ficava me apertando e as pessoas em volta até ficaram comovidas,é claro que tinha merda ali... e eu só estava esperando ela acertar o ventilador.
- O que deu em você? - Digo baixo sem entender nada,mas entendendo o suficiente pra saber que esse alien bondoso não era ela,meu olhos estavam ardendo por ter chorado e eu estava sem paciencia.
- Cala a boca pirralha,sorria e me abraça pra gente sair daqui - Ela resmunga baixinho enquanto me abraçava com a maior cara de falsidade,então era isso... ela estava fingindo,bom pelo menos não é um alien.
- Oh,ok vamos logo - Dou um sorriso falso que mais parecia o efeito de gases entalados,mas é o que temos - Estou com saudades de casa...
- Oh querido,então vamos para casa... vou pedir pizza para comemorar a sua volta ok?
- Okay - Ok,agora eu sorri sem gases falsos entalados... eu adoro pizza! - Estou morrendo de fome.
Após aquela linda cena de comercial de margarina,nós fomos liberados e tudo estava na maior santa paz... até entrarmos no carro. Como eu disse,a merda acertou o ventilador,e então ela se vira para mim arqueando as sombrancelhas,falando na maior cara de pau possivel:
- Olha eu não sei que merda aconteceu naquele dia,mas a casa ficou destruida e seu pai desapareceu. E se não fosse por você isso não teria acontecido ok? Quero que saiba que você vai pagar aquele estrago.
- Tava demorando... ok pela vigésima vez,o que isso tem haver comigo? Eu ainda tentei ajudar meu pai mas....
- Mas...? - ela me olha como se esperasse uma explicação.
- Aquilo... que nos atacou me jogou pela janela,eu estou mais roxo do que branco por culpa daquela briga e não me lembro de mais nada depois de apagar! Não tem como ser culpa minha ok? Eu não vou pagar nada! Agora faça um favor pra mim e pra você tambem,ligando o carro e me deixando em casa o mais rapido possivel.
Meu tom foi frio e aquilo deixou ela sem reação por alguns segundos,ela apenas ligou o carro e saiu dali em silêncio até a faculdade. Ela só resolveu abrir a boca assim que chegamos na rua em frente a entrada do campus,parecia que ela realmente estava incomodada com alguma coisa.
- Olha,pode parecer que eu não me importo com nada alem do dinheiro mas...
- Parecer? - digo debochado e ela revira os olhos.
- Mas, - ela me encara dando enfase na palavra - eu realmente quero saber o que está acontecendo...
- Eu tambem quero,e não vai ser apontando o dedo e culpando a primeira pessoa você não suporta que vai fazer tudo se ajeitar ok?
A expressão de preocupada se vai e ela volta com a mesma cara de raiva que ela fazia quando falava comigo. E com a maior delicadeza do mundo ela pega a minha mochila no banco de tras e joga em mim.
- De qualquer forma você já esta aqui a tempo demais ok? Cai fora,vamos logo que eu não tenho o dia todo - Ela praticamente me empurra pra fora quando eu abro a porta,fechando rapidamente.
- Hey! E a pizza? - Pergunto sentindo meu estomago roncar.
A única resposta que obtive foi ela saindo cantando pneu em arrancada para longe dali,filha da mãe! Ela me deve uma pizza... e um analgésico tambem,poxa eu to todo quebrado e ser empurrado não ajuda muito.
Ando pelo campus ate o meu quarto praticamente arrastando minha mochila,eu já poderia ser figurante de The Walking Dead com essa aparencia e meu jeito incrivelmente sexy de caminhar,sem ser vulgar,é claro.
Jogo a mochila em um canto perto do guarda roupas,e assim que me sento na cama ouço batidas na porta,eu estava dolorido e não queria levantar,então apenas respondo sentado com a maior voz de grogue pelos remédios:- A porta ta aberta...
Nesse momento o diretor entra fechando a porta logo em seguida. Ele me olha de um jeito compreensivo mas mantendo a postura de diretor da escola.
- Alexia,sabemos o que aconteceu e eu sinto muito pelo desaparecimento do seu pai... bom,você está dispensada por uma semana das aulas até se recuperar.
Puxa saco é fogo... meu pai é uma espécie de patrocinador da faculdade,já era de se esperar que o diretor tivesse uma reação dessas... mas mesmo quase lambendo os meus sapatos e os do meu pai pra conseguir dinheiro,ele insiste em me chamar de Alexia.
- Han...
- Alguma pergunta?
Nesse momento eu apenas bocejei e olhei pra ele arqueando as sombrancelhas,eu estava dopado e cansado. Sem prolongar muito o assunto
- Poderia me chamar de Alex? Me sinto incomodado em ser chamado dessa forma...
- Oh,desculpe sr. Stwart... não irá se repetir - Ele me olha envergonhado - Bom,eu só vim dar esse aviso. Tenha um bom descanso.
Assim que o diretor sai,me deito na cama jogando os tênis para longe no quarto. Uma semana olhando para o teto sem poder fazer nada,que coisa mais divertida de se fazer quando seu pai desaparece não é? Droga,eu preciso fazer algo a respeito.
Preciso encontrar meu pai,e descobrir o que foi aquela coisa que supostamente me mordeu.Sinto meu braço formigar,eu não deveria tirar o curativo mas eu estava realmente ficando incomodado com essa historia de mordida e queria ver se era verdade. Ao tirar o curativo vejo minha ferida aberta como uma mordida,mas não era uma mordida humana. A ferida começou a formigar mais ainda e eu senti uma dor no meu braço,ao olhar para as marcas... vi elas se fecharem na minha frente.
Olha eu posso estar dopado mas não ao ponto de ter uma alucinação dessas certo? Eu não sei,tentei tocar na ferida para ver se sentia alguma coisa... eu iria sentir pois era coisa da minha mente,mas nada aconteceu e eu sentia como se a pele estivesse normal ali,por exceção da marca que cicatriz fechada causava.
De repente minha visao fica turva e eu me encosto na parede,olho para os lados e ouço algumas vozes seguidas de algumas sombras na janela.- Q...quem está ai? - gaguejo um pouco ao tentar falar encostado na parede sentindo tontura - Quem está ai?!
Eu já estava ficando com medo disso,olho para todos os lados e as vozes continuam ficando cada vez mais fortes mesmo sendo sussurros falando algo que eu não conseguia entender. Eu precisava sair dali,eu precisava fazer isso parar!
Caio de joelhos no chão com as maos na cabeça agarrando forte em meus cabelos,minha respiração era ofegante e eu estava suando frio. Eu estava ao ponto de gritar,sinto como se meu sangue tivesse começado a ferver e minhas mãos ficam trêmulas,eu estava ficando vermelho olhando para o chão com os olhos arregalados.- PARA COM ISSO!
Grito com toda a raiva e medo contidas em mim naquela situação e de repente tudo some,parecia apenas uma ilusão e minha visão havia voltado ao normal. Tiro minhas maos da minha cabeça e olho rapidamente para todos os lados,estava tudo no lugar.
Me sento encostado na parede abraçando os meus joelhos,encosto minha testa neles e começo a chorar,o que estava acontecendo comigo? O que eram aquelas vozes? Aquelas sombras?
Eu acho que estou ficando louco...

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Midnight Eyes
Random"Será que ainda existe sanidade? Minha mente esta me traindo... Ao menos foi o que me disseram Eu sinto que ele me observa Os olhos cor de sangue me cercam Ele vai voltar... Posso sentir isso. Eu preciso escapar vivo Eu preciso provar que não es...