AMNÉSIA

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Sábado, dia 14 de Novembro, 19:40, baile.

Thomas:

- Rosemberg! - Pedro gritou do fundo do salão, apontando diretamente para mim. Todos os olhares, que antes estavam voltados para ele, agora estavam na minha nuca. Eu ouvi a risada sincera de Marjorie ao meu lado e relaxei um pouco, mas ainda não tinha perdido a vontade de matá-los lenta e dolorosamente. - Olha só, tá no estilo!

- Será que vocês poderiam abaixar um pouco a voz? - eu sussurrei, e ele foi esperto o suficiente para ler os meus lábios e concordar com a cabeça, mas não rápido o suficiente para impedir Diego de gritar a pleno pulmões:

- Marjorie, caralho, você tá muito gostosa!

Eu fechei os olhos, amaldiçoando até a décima quinta geração dos meus amigos.

Era o fim. A mãe de Marjorie nunca mais iria querer me ver pela frente, nem pintado de ouro.

- Pessoal, que bom que vocês vieram! - Marjorie soltou a minha mão e correu em direção aos amigos.

As pessoas ao nosso redor recomeçaram a conversar, perdendo o interesse na cena, e Adriana só deu de ombros e foi se sentar junto ao marido.

Eu fiquei observando com cara de idiota enquanto Marjorie abraçava um por um os meus amigos e as suas amigas - uma ótima visão panorâmica da sua bunda, toda vez que ela tinha que se curvar. Os seis ainda estavam sóbrios. Pelo menos não era uma catástrofe total.

- Tom! A Universo Paralelo está livre! - Marcelo gritou, caminhando em minha direção e me abraçando. Diego e Pedro vieram logo em seguida, formando um abraço grupal.

- Qualquer dia desses eu mato todos vocês - eu murmurei debaixo da muralha de homens de terno que me abraçavam.

- Para de ser pau no cu, Tom, vamos bebemorar!

Eu olhei em volta e reparei que ninguém mais parecia prestar atenção em nós. Depois, virei-me para Marjorie, que sorria de um jeito lindo.

Bom, o que nós tínhamos a perder?

- É isso aí! - eu concordei, animado. - Vamos bebemorar!


O QUE REALMENTE ACONTECEU:


Sábado, dia 14 de Novembro, 19:40, baile.

Thomas:

- Rosemberg! - Pedro gritou do fundo do salão, apontando diretamente para mim. Todos os olhares, que antes estavam voltados para ele, agora estavam na minha nuca. Eu ouvi a risada sincera de Marjorie ao meu lado e relaxei um pouco, mas ainda não tinha perdido a vontade de matá-los lenta e dolorosamente. - Olha só, tá no estilo!

- Será que vocês poderiam abaixar um pouco a voz? - eu sussurrei, e ele foi esperto o suficiente para ler os meus lábios e concordar com a cabeça, mas não rápido o suficiente para impedir Diego de gritar a pleno pulmões:

- Marjorie, caralho, você tá muito gostosa!

Eu fechei os olhos, amaldiçoando até a décima quinta geração dos meus amigos.

Era o fim. A mãe de Marjorie nunca mais iria querer me ver pela frente, nem pintado de ouro.

- Pessoal, que bom que vocês vieram! - Marjorie soltou a minha mão e correu em direção aos amigos, mas a sua mãe a parou no meio do caminho.

Eu fui atrás delas, e pude ouvi-la dizendo "eu não quero esses seus amigos aqui, Marjorie! Eles vão estragar a festa!"

Eu passei o dedo pela garganta discretamente, em um sinal de que estávamos perdidos. Os seis então pareceram perceber a cena que rolava entre Marjorie e a sua mãe; a mais nova estava mais vermelha que um pimentão, enquanto Adriana soltava fumaça pelas orelhas.

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