Capítulo Três: Ódio

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Thessy Allieroth e a Ordem das Sombras

Capítulo Três:
Ódio

Como todas as noites muito frias, após o jantar meu pai vai dormir cedo e minha mãe fica sentada à mesa extremamente quieta, como estou empolgada demais para fazer qualquer coisa sento-me a sua frente e a encaro calada.

- Conheço essa expressão. - diz ela sem nem mesmo me encarar.

- Eu não consigo parar de pensar no que já sei fazer, mal posso me conter. Mãe me ensina mais alguma coisa.

- Não. - responde ela friamente.

- Porque não. - exige saber Mandye.

- Você mesma disse que não consegue se conter, se alguém descobre...

- Ninguém vai descobrir, eu prometo. - responde rapidamente para sua mãe não mudar de idéia.

- Cadê seu irmão?

- Ele está brincando, nem vai perceber nosso sumiço.

- Nem quero saber o que seu pai faz se descobrir. - completa ela se levantando para mais uma aula escondida, onde ela ensinava desde o idioma dos conjuradores, á invocações. Em pouco tempo elas chegaram ao local de sempre, o antigo quartel, há muito abandonado, o local perfeito, onde elas acreditavam estar seguras. Dessa vez sua mãe lhe ensinava a criar fogo do nada, apesar de a Mandye aprender rapidamente as coisas, não era uma tarefa fácil e o máximo que conseguia era criar uma minúscula chama, tanto quanto a chama de uma vela. A sua mãe pelo contrario se pôs a demonstrar como faz,criando uma enorme labareda, maior que as duas, uma labareda que sem controle incendiaria todo o local. Antes de atingir seu auge a concentração dela sumiu e a magia cessou, aos poucos o fogo se dispersou sumindo, deixando tudo na semi-escuridão novamente.

- Quem está ai?! - perguntou a mãe de Mandye pouco antes dela também notar o intruso bisbilhotando detrás das antigas pilhas de caixas. Mandye viu seu amigo Irian que viera procurá-la, postado as suas frentes, completamente abismado com a descoberta. Assustado recuou alguns passos antes de virar e correr para a saída. A mãe de Mandyea encarou com uma expressão que ela nunca vira antes e então se voltou para seu amigo, elevou a mão à altura dos ombros e quando voltou a movê-la a porta bateu estrondosamente e se trancou antes de Irian a alcançar. Ele arriscou inutilmente abri-la e sem sucesso tentou voltar a correr, mas com apenas a conjuração de uma palavra ele nem conseguiu sair do lugar, não sentia dor ou a agonia da pré-morte, apenas o corpo amolecer e um filete de sangue começou a escorrer de seu nariz, seus olhos se revirarem e as pupilas dilatarem-se.

Desde muito pequena Mandye tinha a habilidade de pressentir os sentimentos dos outros e nesse momento o que mais sentia era um pânico vindo do amigo, tinha de ajudá-lo ou sua mãe o mataria, mataria seu amigo, o garoto que cresceu com ela e sempre estivera a seu lado. então ela colocou-se entre a mãe e Irian, de frente para sua mãe.

- Para mãe! Deixa-o ir, por favor... Para... Ele não é perigoso... - ela viu em sua filha algo que jamais esperaria e com isso fez o pedido de Mandye, parou de olhar para o garoto quase morto e quando se voltou ela, Irian despencou no chão respirando avidamente para recuperar o fôlego que sentia ter perdido a uma eternidade.

- Obrigado mãe, por tê-lo poupado.

- Sua bondade condenará a todos. - diz ela antes de caminhar para a saída, e assim que sumiu Mandye correu para socorrer seu amigo. - Deixe-me te ajudar... - digo me abaixando e pego na mão de Irian para levantá-lo.

- Afaste-se de mim sua bruxa!!! - grita ele me empurrando, ao cair esfolo meu braço no piso deteriorado e quando volto minha atenção para ele,apenas o vejo atravessando a porta correndo.

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⏰ Última atualização: Mar 28, 2021 ⏰

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