Mais um dia se inica no orfanato Belos Dias. Estiver, que não dormiu bem à noite passada, forçou os olhos que ainda não se acostumaram com a claridade.
- Vamos, crianças - disse uma voz conhecida. -, não tenho o dia inteiro.
Uma mulher, que aparentava ter uns vinte e cinco anos, puxou o cobertor de alguns garotos das camas ao lado. Um deles resmunga:
- Hoje é sabado!
- Claro que não! - exclamou em protesto. - levanta logo que ainda precisam tomar café.
Outra mulher, um pouco mais jovem, puxou o cobertor de Estiver, que não gostou nem um pouco da atitude.
Levantou-se e procurou as sandálias com os pés. Depois de calça-las, cambaleando de sono, foi para o banheiro masculino.
Já na mesa, comendo seu sanduíche, avistou uma garota. Toda sua atenção se voltou para ele. Ele admirou seus cabelos cacheados, seu corpo magro e definido que tanto deseja. Ela, por sua vez, não se contentou tanto ao vê-lo. Saiu com uma careta que não saiu nem quando ela entrou no corredor que dava aos dormitórios.
- Não fica triste, cara. - disse um garoto ao lado de Estiver.
- Não. Não, tudo bem.
Terminou seu sanduíche e saiu, decidido, para o corredor que dava aos dormitórios. Subiu as escadas e passou pelo corredor, chegando lentamente até a porta.
Um frio se iniciou na sua barriga e subiu até o seu peito.
Abriu a porta do dormitório das meninas lentamente...
- Você não pode entrar aqui. - disse a garota, antes que ele pusesse abrir a porta completamente. - É contra as regras.
- Fazer brincadeiras comigo também.
Abriu a porta completamente.
- Ah, qual é. O que você quer?
Seu coração palpitou e sua respiração dificultou.
- Eu... eu... - não conseguiu pronunciar as malditas palavras. Nunca conseguia. - Você quer...
Ela fitou ele por um momento. Ele corou e sentiu uma queimação nas maças do rosto.
- Eu quero?
- Esquece. - suspirou. Um alívio entrou nele, como se viesse com o ar. Seus batimentos voltaram ao normal.
Ela saiu pela porta, esbarrando nele, entrou no banheiro feminino.
Uma garotinha saiu de dentro do dormitório logo em seguida. Ele ficou muito envergonhado por ela ter ouvido a conversa.
- Oi. - sua voz era fina e infantil.
- Oi, Maria. - ainda envergonhado, entrou em uma porta em frente os dormitório feminino.
Andou até um espelho e encarou seu reflexo. São apenas palavras. Pensou. Malditas palavras!
Repaprou detalhadamente o seu reflexo: sua pele estava pálida; uma gota de suor desceu da sua testa e parou em sua sobrancelha. Seu cabelo loiro estava quase nos seus olhos negros.
- Estiver? - maria parou ao lado da porta, interrompamdo seu transe. - Helena quer que nos preparemos para ir na escola.
- Já vou indo.
Seu olhar voltou para o próprio reflexo.
Estiver colou seu uniforme da escola e foi para o ônibus. Sentou-se na mesmo banco e ouviu as mesmas piadinhas. Estava cansado daquilo, mas suportaria tudo ao lado da Hemily. Seria capaz de suportar qualquer dor ao lado dela. Aquele vontade imensa de beija-la não saia da sua mente. Um desejo imenso de te-la ao seu lado.
Apoiou a cabeça no vidro do ônibus e esperou ele ao destino.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Esperanças De Uma Vida
RandomEstiver, um garoto órfão que vive no orfanato Belos Dias. Sonhos e angústias entopem seus pensamentos que tanto o confunde. Amor, sonhos, desilusões. Um destino cruel para uma mente tão jovem