Arrogante Solidão

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   Depois da última aula, não teve ânimo algum para entrar no ônibus. Apenas andou, no automático, rastejando sua mochila no chão. Sentou-se no mesmo lugar e repetiu aquela mesma rotina. Os mesmos apelidos. Solidão era sua pior amiga, porque conhecia seus defeitos e usava contra ele. A arrogante solidão. Olhou para trás, sem nenhum objetivo, e avistou Hemily. Gosta do seu jeito de arrumar o cabelo; da sua maneira de sorrir; do seu jeito de caminhar; da sua forma de falar e agir. Talvez um dia possa toca-la a vontade. Talvez...
    - Posso me sentar aqui? - pergunto a Gabriele.
   - Pode. - sua voz saiu como gelo.
   - Um.. você vai lá em casa, hoje?
   Ele não respondeu, apenas ficou ali. Apoiou a cabeça no vidro de ônibus e suspirou.
   - Claro... - respondeu depois de alguns segundos.
   - Ótimo. Meus pais sairam e só minha irmã está lá... - fitou-o por alguns segundos.
- Você está bem?
   - Claro. Pode continuar.
   Gabriele falou por toda a viagem; Falava da sua irmã e da sua casa; sobre seus sonhos e algo sobre adoção. Estiver só ficou ali, parado. Acenou com a cabeça algumas vezes, mas sem o mínimo interesse.
   - Um... é aqui que você desce...
   Ele não disse nada, apenas desceu. Deixou-a ali, parada.
   Jogou-se na cama e dormiu um sono profundo. Não ouve pesadelos, para o seu prazer.
   Acordou, quase dormindo, depois de algumas horas: seu celular estava tocando. Resmungou alguma coisa, mas rendeu-se e foi atender.
   - Um... - sua voz estava fraca.
   - Você não veio! Você disse que ia vir! - uma voz feminina saiu como um rugido eufórico.
    - Um... desculpe... é... Gabi?
   - Vem agora. Agora?! - passou a mão pelo rosto, quase caindo de sono. Suspirou
   - Claro... bom, eu vou. Bom, eu não sei aonde é sua casa.
   - Como não sabe?! Eu te disse no ônibus.
   - Poderia repetir?
Ela repetiu o endereço.
Depois que terminou a ligação, ele olhou para o celular.
   - Ah, meu deus! - eram oito horas da noite. - O.K, vamos lá.
   Saiu pela porta do dormitório e desceu pelas escada
   - São oito horas Estiver, não pode sair essa hora. - fala Maria que um sorriso no rosto.
   - Cuide da sua vida. - Não era sua intenção ser grosso. Mas acabou sendo.
   - Claro que vou. E umas das coisas que tenho que fazer é monitorar os corredores...
   - Droga. Tinha esquecido que era você essa noite. Olha foi mal, mas eu preciso sair.
   - Onde vai? -
   - Não é da sua conta...
   - Por quê? Vai fazer merda?
   - NÃO, garota eu preciso...
   - Não vai dar - interrompe ele -, Helena esta no portão conversando com o Sr. White.
   - Droga.
   Seu celular vibra e ele vê mais uma mensagem da Gabriele:

Você não vem? 20:12

   - Posso te ajuda, se quiser é claro?
   Ele não sabia se podia confia nela, mas Maria sempre foi a mais calada e quieta do orfanato, se lembra de um dia ter ouvindo uma conversa entre dois garotas do orfanato que diziam que ela era que sabia de tudo, mas que não contava nada.
    - Então, como vai me ajudar?
   A menina sorrir tão gentilmente, como se poder ajuda-lo fosse, de alguma forma, a tarefa da sua vida.Faz sinal para que ele a siga. Ele a segui para dentro da sala de dispensa e passam por uma portinha. Ela dá nos fundos do orfanato.
   - Nunca tinha visto fala desse caminho antes, como você descobriu? - pergunta curioso para a menina sorridente a sua frente.
   - Secreto de estado! - fala ela como se realmente acreditasse naquilo. - Agora vá! Não chegue muito tarde, talvez eu espere você até umas meia noite. - e então fechou a pequena porta.Estiver pensou que ela com certeza era louca, mas Gabriela o esperava então isso logo saiu da sua mente e foi correndo até a casa dela, que era algumas quadras de distância.
   Depois de meia hora chegou na casa da garota. Droga! Pensou. Nem mesmo me pensei em fazer ou usar algo antes de sair.
   Afastou seus pensamentos e tocou a campainha. O que Helena faria com ele se descobrisse isso? Estaria ferrado! Sorte não ter castigos severos lá. A porta se abre a uma garota ruiva aparece. Pensou por um momento ser a Gabriele, mas descartou a idéia quando reparou que era muito alta para ser ela e um ser humano não consegue crescer tanto em poucas horas. Talvez ela não seja um. Riu quando percebeu o que pensou.
   - Você vai ficar rindo a toa ou vai dizer o que quer? - agora tem certeza que não é ela: a voz da Gabriele é muito mais fina que a dessa menina.
   - É... - sua voz sai rouca. - Gabriele está?
   - Gabi? Sim.
   - Quem está ai? - uma voz animada sai de trás da porta. Quando a porta se abre novamente, Gabriele sai e um sorriso se materializa em seu rosto quase que imediatamente ao vê-lo. - Estiver! - puxou-o pela gola da camisa. - Entre.
   Entrou na casa e visualizou uma sala grande. Vários retratos, ele percebeu, de três garotas ruivas: Gabriele, a garota ruiva e mais uma mulher que, provavelmente (mais parecia ser outra irmã) a mãe das garotas.
   - Então esse é o Estiver. -disse a garota ruiva. - Prazer. - estendeu a mão. - sou a Bianca, irmã da Gabriele. - Estiver apertou as mãos macias da garota.
   - Prazer. - olhou ela de cima para baixo. É muito parecida com a Gabriele, só que a Bianca não tem sardas.
   - Estiver, estamos vendo um filme. Quer ver também?
   Todos se sentam em um sofá grande, posto no meio da sala. Uma televisão, também bastante grande, está posta na parede. Nunca viu aquele filme, mas achou magnífico:

Perfume- a história de um assassino

Conta a história de um rapaz que nasce com um dom que mais ninguém tinha: ele conseguia reconhecer cheiros a muita distância. Ele sentia o cheiro das pessoas e se encantava com o cheiro das mulheres. Então, usou esse dom para fabricar perfumes. Numa vez em que passava na rua encontrou uma moça no qual se encantou por seu cheiro, na tentativa de guardar o cheiro acabou que a matando. Assim aconteceu com muitas das suas vítimas, todas mulheres, no qual as matava, e na forma de destilação captava seu cheiro, e transformava em perfume. Mas todas as mulheres foram para dar essência a um só perfume no qual sua essência era suficiente para dominar uma nação inteira. Mas ele não as matava porque gostava e era mal, ele tinha um problema, a incapacidade de amar e também ser amado.

Depois que terminaram o filme, notou umas certa mudança no comportamento das garotas, porém decidiu não ligar muito.
   - Vamos para o meu quarto, Estiver. - pediu Gabriele. Antes de responder, olhou seu celular e sentiu seu coração parar por um minuto.
   - Droga! Droga! Droga! Preciso ir! - foi até a porta quase correndo, mas foi interrompido pela Bianca.
   - O que foi, garoto?
   - São quase meia-noite. Tenho que ir! - não podia imaginar o quanto estava encrencado. Não podia demorar tanto.
   - Não pode sair agora. É muito tarde. - Bianca puxa ele mais parar dentro da sala. - Vai ter que dormir aqui, ou então chamar alguém para vir te buscar.
   Vasculhou seu cérebro procurando o número de alguém do orfanato, mas não lembrou nenhum e sabia que não gravou no celular.
   - Eu... eu não tenho.
   - Azar. Não vai sair sozinho e eu também não vou me arriscar lá fora.
   - Mas...
   - Sério, cara. - se mostrava séria e decidida.
   Gabriele, por sua vez, estava parada entre os dois, sem saber muito bem o que dizer.
   - Ah... ele pode dormir comigo. - diz, finalmente.
   - Vocês são namorados ou o quê? - Bianca pergunta aos dois.
   Gabriele fica vermelha como um tomate. Abre e fecha a boca, mas nada sai. Estiver, que não se afetou tanto com a pergunta, apenas acenar a cabeça com uma não. Bianca levanta as sobrancelhas.
   - Vou banhar. Qualquer coisa você fala com a Gabi. - aponta o dedo para ele. - não tente sair.
   Começou a pensar em uma maneira de ligar para Helena. A Bianca tem toda a razão, sair por ai na noite é muito perigoso. Mas é a única alternativa.
   - Vamos para o meu quarto. - puxou ela pela mão e eles subiram as escadas. Passaram por um corredor longo com quatro portas. Ela o conduziu até a última porta e à abriu. O quarto dela era pequeno, mas confortável. Um computador ocupada uma parte da parede ao lado da porta; uma cama ficava na parede oposta a da porta, um pequeno armário e uma mesa-de-cabeceira ficava ao seu lado. Um tapete rosa no chão decorava o ambiente.
   Eles sentaram na cama e ficaram fitando um ao outro. As maças do rosto dela ficaram vermelha e ela abaixou a cabeça. Não entendeu muito bem. Ficou apenas ali parado sem saber o que dizer, até que ela puxou ele pela gola da camisa e o beijou. Aquilo o pegou de surpresa. Seu primeiro beijo, que tanto sonhou ser com a Hemily, se passa na sua frente e ele não faz nada. Ela parou, olhou-o com o rosto mais vermelho do que antes e voltou a beija-lo. Mas diferente de antes, mesmo que demostrando pouca experiência, ele devolve o beijo.
   Alguém bate na porta e ambos se assustam.
   - Querem comer algo? - Bianca pergunta. Ela abre a porta. - vem.
   Sairam do quarto, ainda vermelhos, e seguiram a Bianca. Eu to encrencado. Pensou ao lembrar que só voltaria ao orfanato amanhã.

Esperanças De Uma VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora