VII
O delegado olhou para o sujeito que estava diante dele, algemado e imóvel.
Maicon de Alguma Coisa... um nome comum. Um bandidinho comum. Uma ficha longa, de pequenos delitos, e várias situações mais sérias que não podiam ser provadas... e agora isso.
Mudo. Incomunicável. Catatônico.
Sentado diante dele sem dizer uma palavra.
Os vizinhos haviam chamado a polícia ao ouvirem os tiros. Maicon havia sido retirado de dentro da casa sem a menor resistência. Diante dele, três cadáveres, em sua mão, uma arma de fogo que disparara apenas uma vez. A bala não fora encontrada até agora. A vítima mais recente tinha sido estrangulada. As outras duas... bem, violação de túmulos não era um crime tão grave quanto assassinato, mas mesmo assim, atestava claramente a insanidade do meliante.
Claro, havia o detalhe perturbador dos corpos estarem crivados de balas disparadas pela arma da vítima... mas provavelmente isso se devia a algum tipo de ritual macabro que o psicopata obrigara a vítima a executar antes do estrangulamento.
Mas... era estranho.
Porque, apesar de perigoso, Maicon sempre parecera comum. Ganancioso, dissimulado, sem respeito pela vida ou por qualquer coisa que não fosse a força, astuto o suficiente para permanecer vivo, mas sem a inteligência necessária para prosperar como criminoso. A cidade estava cheia deles.
Mas agora, ele era único. Um louco assassino, requintado e incompreensível. Um monstro muito menos prosaico do que era considerado antes.
A opinião do psiquiatra era essa, expressa em colorido jargão próprio.
A pergunta era... por quê?
O delegado o conhecia de longa data... simplesmente não fazia sentido. Ele não tinha nem inteligência, nem imaginação, nem coragem para cometer uma maldade dessas. Não pelo aspecto da brutalidade, mas pela completa falta de caráter lucrativo do ato. Não fazia sentido... era um bandido comum.
E, quando olhava naqueles olhos, o veterano policial não via nenhum monstro humano perdido em delírios sádicos distantes. Via um homenzinho apavorado, que se fechara dentro de si mesmo porque tinha medo de....
De quê?
De nada. Aquelas conjecturas eram inúteis. Maicon fora o autor... era óbvio!
Não havia outra explicação.
Exceto as risadas. As risadas que só ele, sentado e mudo, ouvia, e que não parariam nunca mais.
FIM
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A NECROMANTE
HorreurInconformado pela morte súbita de sua amada, um jovem empresário, aconselhado pelo irmão, busca se comunicar com ela através de uma suposta médium. Mas nem tudo é o que parece.