Seus lábios tinham gosto de um azul profundo, contradizendo seus olhos verdes chamativos. Mas eu acho que é apenas um efeito da droga.
Camila POV
Eu não fazia ideia do que estava fazendo pelos corredores da escola a procura de um maldito chapéu, no momento eu me encontrava no chão, me arrastando pelos lugares por que, segundo Lauren, seria mais fácil de acha-lo se eu estivesse me escorando pelos lugares.
- Isso é divertido - Segui o olhar até a menina a minha frente, ela estava com uma enorme cartola em sua cabeça e sorria largo para mim - Eu achei essa belezura dentro de um armário qualquer a uns cinco minutos atrás - Dizia.
- Por que... - dizia com dificuldade ao tentar me levantar, Lauren estendeu sua mão afim de me ajudar - Seu maldito chapéu estaria dentro de um armário? - Ela deu de ombros e se virou, me deixando ligeiramente irritada - E por que não me avisou?!
- A paisagem era bela - respondeu simples
- A paisagem era bela? - repeti incrédula sua colocação. - Se isso for algum tipo de brincadeira, por favor, eu não tenho tempo - Digo, lembrando de todas as vezes em que fui falsamente elogiada.
- Venha, eu preciso te mostrar um lugar - Ela apenas ignorou oque eu disse, segurou minha mão e começou a me arrastar escola a fora.
Ela me guiava com certa pressa para o estacionamento reservado que tinha atrás da escola, e mesmo não entendendo muito bem oque estava acontecendo, era uma sensação boa ter uma companhia mesmo que lhe falte uns parafusos na cabeça.
- Chegamos - Ela disse. Eu olhei ao redor, não tinha nada de interessante ali, apenas carros e mais carros sem cores, o chão todo asfaltado, e nenhuma pessoa por perto.
- Você está brincando, certo? - Ela olhou pra mim, sorrindo, oque me trouxe uma tranquilidade quase imediata. O que essa garota tem?
Devagar, ela se aproximou. Cobriu meus olhos com suas mãos, curiosa me deixei seguir seus atos. Um beijo foi depositado em meus lábios, e por reflexo tentei me afastar.
- Que gosto tem? - Sua voz rouca dizia controlando o riso.
- Azul - Respondi ainda com os olhos cobertos
- Você está triste? - Suas mãos escorregaram do meu rosto, e foram postas em cima da sua cabeça, ajeitando seu chapéu
Eu não a respondi, estava perplexa demais com oque estava ao meu redor.
- Lauren, onde estamos? - Onde antes estavam carros de cores sem vidas se encontrava canteiros de lindas flores vermelhas, o chão não mais preto pelo asfalto, e sim uma extensão de grama verde e brilhante se tinha no local. O lugar se tornará belo, só perdia para o brilho nos olhos de Lauren.
- Nós estamos onde você quer estar - Respondeu distraída - Vem - Pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Me arrastando do seu lado caminhamos para lugar algum. Mesmo que com pressa e passos largos, a paisagem não parecia se mover. - Tem que estar aqui em algum lugar - dizia
A muito tempo eu desisti de tentar entender oque se passava na cabeça dessa mulher, desisti também de entender os últimos acontecimentos, eu estava segura - ao menos acreditava que sim -, não estava na escola, onde era meu segundo inferno na terra e sim em um lugar maravilhoso, e principalmente estava com uma pessoa que até agora não me machucou - ainda, lembrou meu subconsciente -. Afinal, era sempre assim que acabava quando alguém se aproximava de mim.
- Camila, feche os olhos de novo - Pediu, e assim o fiz - Pense no porquê de você estar aqui - ia dizendo. Eu esperava que ela selasse seus lábios nos meus novamente, isso era estranho? A sensação foi tão boa. - Okay, pode olhar agora.
Obedeci novamente, e la estava: Uma mesa cheias de guloseimas expostas, e diversos chás amostra.
- Eu definitivamente não pensei nisso - Indaguei
- Não, mas eu sim. Seria de um grande pecado perdermos a hora do chá.
- Então por que me mandou fechar os olhos? - Perguntei curiosa
- Sente-se - Disse ignorando completamente minha pergunta, eu apenas dei de ombros e a segui. Magestosamente puxou uma das cadeiras para mim. Sua textura era tão delicada que tive medo do objeto quebrar-se ao sentar.
- Experimente alguns doces- Mandava Lauren, sua postura agora mais relaxada do que antes. Ela sentou a minha frente e serviu-se das guloseimas carregadas de açúcar de confeiteiro, deixando rastros por toda sua boca - Está uma delicia - Dizia de boca cheia
Eu ria da situação, era fofo como Lauren se deixava levar com o momento dela. Com cuidado analisei a mesa, poucas coisas ali não levavam açúcar. Optei apenas por comer um cupcake, a aparência dele estava boa, a cobertura de chocolate me chamava atenção.
- Prove com este chá - Me estendia uma xícara com um líquido vermelho. Peguei de sua mão e o provei
- Morango - Respondi mesmo sem uma pergunta- Você gosta de coisas doces - a vi devorando um último pedaço de seu donut
- Me ajuda a manter a boa energia - Respondeu lambendo os dedos. - Coma mais, vai te ajudar.
Olhei pra metade que sobrará do cupcake e me senti satisfeita, não estava com fome
- Não, obrigado.
- Você quem sabe - Ela deu de ombros. Ela me encarava e ao mesmo tempo não, parecia estar olhando além de mim, talvez estivesse pensativa. Esperei que dissesse algo, ela nunca se calava.
- Você percebeu que as flores estão vermelhas? - Perguntou, analisando onde estávamos
- Sim, você só prestou atenção na comida? - Devolvi, achando graça de sua expressão em resposta.
- Não eram pra estar dessa cor, por que não me disse antes? - Perguntou brava.
- Você não me deu tempo nem de raciocinar de onde estamos, ou como essas coisas apareceram aqui - Me exaltei ao nível em que via sua inquietude na cadeira
- Vou te levar embora - Pegou sua cartola, que antes a tinha deixado em seu lado na cadeira enquanto comia.
Eu nada falei, seu comportamento era instável, agitado e sem sentido. Eu só queria ir embora dali.
- Aparentemente o açúcar não ajudou muito com a boa energia. - Murmurei antes de levantar, e esperar a boa vontade da garota a minha frente me levar embora. A olhei, em busca de alguma resposta. Seu rosto se suavizou, e a vi pigarrear pra limpar a garganta, sua cartola foi ajeitada e sua postura robusta estava ali presente novamente.
- Tem razão - Disse caminhando até mim. Suas mãos foram postas em minha cintura, e sem tempo para pensar no que estava prestes a acontecer, seus lábios selaram os meus. Era a segunda vez aquele dia, a diferença era que agora eu estava brava e não a queria perto de mim
- Oque você esta fazendo, estranha? - Lauren ainda estava perto, muito perto de mim.
- Acho que estamos em perigo - Sussurrou - Está na hora.
- Hora do que? - Perguntei não entendendo a urgência em sua voz. Sua mão buscou a minha, e nela deixou um relógio de bolso
- Se quiser me ver, estarei aqui. Na mesma hora de sempre. - Desviei o olhar de seu rosto por um instante e observei o objeto em mãos, era a figura de um coelho segurando um relógio prata nas costas, seria uma metáfora a ser pensada?
- Lauren? - A chamei a fim de me explicar o por que do presente repentino, mas ela ja não estava lá, e eu já não estava naquele paraíso temporário. Eu tinha voltado ao estacionamento atrás da escola, e bem a tempo de ouvir o sinal da primeira troca de aula.
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INSANE › camren
RandomHá uma linha fina entre a fantasia e realidade. Camila Cabello desde muito cedo sofria grandes pressões psicológicas. A pequena menina nunca de fato conseguia se sentir segura, seja a luz do dia em sua escola e em sua casa onde não tinha uma famíli...